CARLOS Manuel é uma das interrogações do plantel portista. Fernando Santos disse-lhe que contava com ele para a próxima temporada, mas o presidente Pinto da Costa, após a primeira reunião com o técnico depois do regresso de Angola, referiu que existe a possibilidade de o ex-setubalense ser emprestado por uma época. O próprio garante que é sua intenção ficar nas Antas... mas na equipa principal. A equipa B não entra nos planos, embora lembre que a vida de profissional pode sempre reservar algumas surpresas. Mas uma coisa é certa. Carlos Manuel pretende que a última temporada do milénio seja completamente diferente da época transacta.
Chegou às Antas como uma das grandes esperanças da equipa de Fernando Santos. Internacional sub-21, o jovem médio de Sesimbra concretizava um sonho de miúdo: jogar com a camisola do FC Porto, de quem é sócio.
Desde o princípio tinha a plena consciência que não seria fácil ganhar um lugar na equipa. Mas nem por isso deixou de trabalhar com o maior empenho para convencer o técnico de que tinha valor para vencer na formação portista.
Um ano depois, Carlos Manuel diz-se mais experiente e assegura que tem todas as condições para se impor na equipa azul-branca. No entanto, não coloca de parte procurar outro rumo. Uma temporada parado serviu de lição. Situação que pretende não se repita, até porque o técnico disse-lhe que contava com ele. A possibilidade de alinhar na recém-criada equipa B não entra para já nos seus planos.
"Em Angola o 'mister' falou comigo e disse-me que fazia parte do plantel de 25 jogadores que tinha pensado para a próxima temporada. Disse-me até que ia ser inscrito na Liga dos Campeões. No entanto, referiu ainda que havia a possibilidade de poder vir a ser incluído na equipa B, sempre que não fosse convocado para os jogos da equipa principal. A intenção seria evitar que eu não perdesse o ritmo competitivo. Os treinos continuariam ser feitos juntamente com a equipa principal. A única diferença é que teria a hipótese de jogar com mais frequência", explicou o jovem médio portista.
"MISTER CONTA COMIGO"
Carlos Manuel esteve posteriormente reunido com alguns administradores da SAD portista, que também lhe transmitiram a intenção de o manter nos quadros da equipa. Por isso mesmo ficou um pouco surpreendido quando constatou que Pinto da Costa, dias depois em declarações à Comunicação Social, tenha referido que poderia ser emprestado. "Quando estive reunido na SAD garantiram-me que contavam comigo para a próxima época. Fiquei surpreendido por dizerem que poderei ser cedido. Daí para cá não falei com mais ninguém. Seria bom que dissessem alguma coisa, até porque gostava de ser o primeiro a saber do meu futuro."
Mesmo confrontado com a hipótese de treinar com a equipa principal, Carlos Manuel não se mostra muito convencido em alinhar na formação secundária. No entanto, com a humildade que lhe é apanágio, diz-se preparado para trabalhar na condição de servir os dragões, até porque primeiro está a condição profissional.
"Estou no FC Porto para jogar na equipa principal e não na B. Se o 'mister' disse que contava comigo é porque tem confiança no meu trabalho e no meu valor. Acho que isso é condição essencial para alguém ficar no plantel. Se ele não contasse comigo tinha-me dispensado. As coisas mudam muito de um dia para o outro. Ninguém gosta quando não joga. O meu objectivo é fixar-me na equipa principal. Embora sejamos profissionais, como tal, temos de estar sempre preparados para alguma situações. São coisas do futebol", referiu o jovem médio.
"FIQUEI A CONHECER UM MUNDO NOVO"
A primeira temporada de Carlos Manuel no FC Porto não foi particularmente feliz. Mesmo tendo-se sagrado campeão, o ex-setubalense fez apenas dois encontros oficiais durante toda a época. Muito aquém daquilo que esperava quando chegou às Antas. Apesar de não ter sido utilizado com a regularidade que pretendia, o jogador garante que se tratou de uma experiência bastante importante na sua carreira. Foi colocado perante uma situação nova. De titular indiscutível dos sadinos passou a não utilizado na formação de Fernando Santos. Conheceu assim uma realidade distinta daquela que tinha em Setúbal. Encontrou no FC Porto um lote de jogadores de grande nível, mas lembra que assinou para jogar e não para estar na bancada. Se tudo continuar como está, terá de ponderar o futuro.
"Não foi uma época boa, uma vez que esperava jogar mais vezes. No entanto, mesmo nos momentos maus temos de saber tirar as melhores ilações. Nessas alturas há sempre coisas boas. Foi uma época importante na minha carreira. Fiquei a conhecer um mundo novo, completamente diferente daquele que tinha em Setúbal. Jogar ao lado de jogadores como os do FC Porto é sempre prestigiante. Todos gostam de ser titulares e eu não fujo à regra. O que eu pretendo é que não se repita o que aconteceu na época anterior. Tenho de jogar", referiu.
DO JOGO DA CONSAGRAÇÃO À DERROTA COM O TORRENSE
Apesar de só ter alinhado por duas vezes esta temporada, Carlos Manuel surgiu em dois momentos significativos na carreira dos dragões. Primeiro no jogo da Taça de Portugal contra o Torreense e depois na festa do penta com o Estrela da Amadora. Dois momentos que o jogador guarda na memória de forma particular porque marcaram os únicos jogos que fez com a camisola que sempre sonhou envergar. Duas emoções distintas que assinalaram uma época bastante apagada.
"O momento mais triste foi, sem dúvida, o jogo da Taça com o Torreense. Poderia ter sido o ponto de viragem na minha carreira, mas as coisas não correram bem nem a mim nem ao resto da equipa. O momento mais feliz foi o último jogo do campeonato contra o Estrela da Amadora. Senti uma alegria enorme quando entrei no relvado e vi o estádio cheio, com os adeptos todos a aplaudirem. Foi o concretizar de um sonho que tinha desde pequeno, ser campeão pelo FC Porto", sublinhou.
RUI SOUSA