Sérgio Conceição fez esta quarta-feira a antevisão à receção à Lazio, na quinta-feira pelas 20H00, válida pela Liga Europa.
Este jogo pode ser um dos mais especiais da carreira como treinador?
"Toda a gente sabe aquilo que foi a minha passagem na Lazio, o que o clube e os adeptos me deram, os momentos que sentimos até pelos títulos conquistados. Não nos podemos esquecer de uma parte importante da nossa vivência, e foi o que aconteceu em Roma. Tenho um carinho muito grande por eles, mas isso conta muito pouco para o que é o jogo de amanhã. Estou a representar o FC Porto, o meu clube, o clube que me paga e também o do coração. Isso não é tão relevante como o nosso profissionalismo, tudo o que damos diariamente, e sabemos que vai ser um jogo difícil, equilibrado. Será também para eles, porque somos uma equipa competitiva, que sabe o que quer do jogo e vamos fazer de tudo para ganhar".
Já eliminou a Roma, a Juventus... sente-se mais à vontade a defrontar equipas italianas ou é coincidência?
"Não é coincidência, é trabalho. Mérito dos jogadores, da equipa técnica. Conheço o futebol italiano como conheço as outras ligas. Nós enquanto apaixonados do futebol vamos olhando para as equipas. Para a Lazio, olho com algum carinho e vou acompanhando, mas não são só eles. Não é mais do que isso. Amanhã temos um jogo diferente, nada parecido com o que já foi ou o que já passou, e temos novamente de trazer cá para fora o melhor FC Porto a nível europeu para conseguir o nosso objetivo, com um treinador que nem é preciso estar a falar dele: muito experiente e com muito conhecimento".
Que ferramentas usou para evitar o 'ruído' do clássico na preparação para este jogo, sente desilusão de já não estar na Champions?
"A frustração de não estar na Liga dos Campeões continua na mesma, mas temos de dignificar o FC Porto. O clássico foi importante, passou, e nós no balneário tentamos isolá-lo para que essa mudança de chip se verifique. O importante é pensar no próximo jogo e não há tempo para falar do futebol, mas sim de futebol. Temos de analisar a equipa da Lazio e preparar algumas situações em termos estratégicos, não há tempo para pensar noutras coisas. Olhamos para todos os parâmetros importantes para nós, capacidade física e técnica dos atletas, tática, emocional. Fazemos o nosso trabalho que também passa por esquecer o jogo que passou, analisando-o, para ver o que correu menos bem e bem, e preparar o próximo".
Mantém o objetivo de conquistar a Liga Europa, mesmo depois das movimentações no mercado?
"Obviamente que as pessoas estão atentas e vão buscar as minhas declarações pós-mercado. Temos de dar prioridade ao campeonato. Quando entrámos no campo para treinar, eles [os jogadores] viram só duas câmaras e ficaram espantados, até disseram que uma era do Porto Canal na brincadeira. Quando estamos no FC Porto, contra um clube da 3.ª divisão, é estar sempre na Liga dos Campeões. Temos de encarar sempre como se fosse o jogo mais mediático da vida deles. Obviamente que entramos para uma competição com provas dadas, como a Champions, a querer chegar o mais longe possível. Mas volto a dizer que a prioridade é o campeonato, trabalhamos muito, sempre no máximo para todas as competições".
Liga Europa não será, a partir das rondas a eliminar, o patamar mais adequado às equipas portuguesas?
"Não sei, não vi a Champions ontem, estava a ver o Milan-Lazio...".
Os maiores perigos que espera da Lazio... têm o melhor marcador da Serie A
"Os perigos são de uma equipa bem trabalhada, que faz muitos golos, que tem individualidades muito interessantes. Há jogadores no meio-campo com uma grande capacidade de chegada e poder de finalização. Têm alas que são interessantes, é uma equipa que procura jogar dentro do que é a sua dinâmica de posse, não só na boa utilização da profundidade como em ligações interessantes no jogo nos corredores laterais. Os perigos que podem chegar têm a ver com a nossa capacidade. Dançamos conforme o par que temos, e pelo que pude analisar a Lazio, gostei dos princípios ofensivos deles. Estão muito juntos na zona intermédia do campo, com os alas a cobrirem aquilo que é o plano defensivo. Há pessoas que não conhecem a fundo as equipas, e muitas vezes olhamos para os resumos e os golos marcados. Mas mais ao pormenor, gostei muito".
Com a regra dos golos fora a não contar, tem algum peso? Que riscos a equipa pode assumir?
"O mais importante é quando se está em clubes de menor dimensão, já passei por eles. Aí dá-se maior importância a isso. Há jogadores que a jogar fora não correspondem tanto. É normal. Num clube como o FC Porto, e pelos anos que tenho, já não se verifica muito. A responsabilidade e vontade de ganhar são as mesmas. Claro que jogar em casa dá força, mas a nossa postura e estratégia tem de ser sempre a mesma".
Por Record