Hugo Vieira sem dúvidas: «Sp. Braga é o segundo clube em Portugal na formação»

• Foto: Sp. Braga

Hugo Vieira, antigo defesa-central, agora com 43 anos, esteve esta tarde à conversa com os jornalistas por videoconferência na qualidade de Diretor-Executivo da formação do Sp. Braga, cargo que acumula há cinco anos. Uma conversa bastante interessante em que o responsável destaca que o Sp. Braga "é o segundo clube em Portugal" na formação, reconhecendo que o Benfica está em primeiro e é "quem tem melhores condições".

Impressões muito interessantes de quem, como jogador, começou a carreira em Braga, passou três anos na Sampdoria de Itália, regressando a Portugal para mais seis anos no Sporting, três em Setúbal e quatro no Beira-Mar.

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- Quais são os números que suportam a formação do Sp. Braga neste momento?

- Só de funcionários, nas mais variadas áreas e que são parte fundamental, temos 116 pessoas, já a contar com o pessoal mesmo todo. Em termos de equipas de competição, temos 15 equipas e isso envolve 230 atletas. Se falarmos em escolinhas, e temos vários polos, além de Braga, há em Fão, Paredes e Penafiel, aí são cerca de mais 800 atletas.

- Já são números de grande clube…

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- É um número considerável, o que prova que o Sp. Braga, e isso está aos olhos de toda a gente, tem vindo a crescer muito enquanto clube, como estrutura e claro com uma grande base. Mas não queremos uma base por ser grande, mas com critério de seleção que começa cada vez mais cedo, sabendo que quanto maior for essa base, maior é a base de escolha e é menos difícil encontrar os Pedro Netos, Xadas, Trincões e por aí fora, só para citar só alguns dos que foram mas notórios nos últimos tempos.

- Que opinião tem sobre a decisão da FPF de suspender todos os campeonatos da formação em Portugal?

- A nossa vontade, obviamente, é que não tivesse acontecido isso, mas temos de ser realistas, porque vivemos um momento muito complicado e temos de acatar esta decisão. Estamos a falar de miúdos, que andam em escolas, muitos dos atletas andam também de transportes. Dado este panorama, acredito que tenha sido a decisão mais sensata. Posto isto, a nossa estrutura é organizada, temos vários departamentos e fazemos questão de os seguir diariamente, é mais fácil controlar os atletas e isso é importante nesta fase. Havendo a possibilidade de voltar a treinar, sem colocar em causa a saúde de quem quer que seja, estamos preparados para podermos reatar os treinos a qualquer momento, mas isso agora também não é o mais importante.

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- Como é que tem sido feita a gestão emocional dos atletas mais jovens, em função do momento que vivemos que pode ter consequências no futuro deles?

- Não é fácil e podíamos pegar numa série de situações, como a de estar fechados em casa. Mas temos um departamento que trata da otimização da parte física e vamos dando exercícios e jogos aos atletas para ocupar parte do seu dia, porque a outra parte será naturalmente ocupada com a escola. E depois temos um gabinete de psicologia, com um responsável para cada escalão, que está constantemente em contacto com os nossos atletas. Damos algumas opções para que os pais façam deste momento um pouco menos difícil, algumas dicas para ajudar os miúdos e os pais, sabendo que estamos sempre à disposição de todos eles para resolver qualquer problema que apareça.

- Como viu esta milionária transferência do Trincão para o Barcelona. Já falou com ele e deu conselhos?

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- É claramente um orgulho para mim e para todos os bracarenses. É tremendo vermos casos como o do Trincão como o resultado de um trabalho de muitos anos. Vermos os ‘Trincões’ desta vida a seguir o seu caminho. Estas são as grandes vitórias e é por isso que lutamos. Falei com ele, obviamente, para lhe dar os parabéns, reforçando o que dizemos sempre aos jovens, que o trabalho compensa e ele é claramente um exemplo dentro de portas, para todos os nossos atletas, que sabem que com empenho e dedicação o resultado está à vista. Os nossos ensinamentos vão no sentido de os preparar para este tipo de desafios e não tenho dúvidas que ele está preparado para outros voos. 

- Acha que a atual crise pode mudar o paradigma do futebol e obrigar os clubes a olhar mais para a formação?

- Toda esta situação vai trazer-nos um novo futebol, disso não tenho dúvidas. Naquilo que é a nossa maneira de estar no Sp. Braga, de apostar na formação, nada vai mudar. Tem sido esse o nosso percurso, mas acredito que o que estamos a passar vá abrir portas noutros clubes.

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- Está no cargo de responsável pela formação do Sp. Braga há cinco anos. Em que plano coloca o clube no panorama nacional?

- Com toda a honestidade, e porque conheço a realidade nacional e não vendo banha da cobra, pelo que temos à disposição, em recursos humanos, projeto bem sustentado e instalações, o Sp. Braga é neste momento o segundo clube em Portugal em termos de formação. Basta ver pelas chamadas dos nossos jogadores às várias seleções joven. Há mais jogadores que fazem parte do clube que acredito que vão dar cartas num futuro próximo. Temos uma base maior e mais forte, porque investimos bem na parte fundamental do scouting e acreditamos nos nossos jogadores. Claro que erramos, obviamente, mas a estratégia é ter uma grande base com qualidade.

- Já agora, quem é o primeiro clube em Portugal na formação?

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É o Benfica. Vivemos com objetividade e o Benfica é o clube com melhores condições em Portugal neste momento.

- Pode revelar quem serão os próximos ‘Trincões’ que neste momento já despontam na formação do Sp. Braga?

- Não vou revelar porque isso faz parte de um documento interno. Estão muito bem referenciados e sabemos que têm potencial para chegar à equipa principal. Muitas vezes acreditamos mais em A e depois é o B que singra, mas há estes miúdos todos que estão nas seleções – não só estes – e o presidente sabe daquilo que se vai fazendo e sabe quem nós pensamos que podem chegar à equipa principal, mas isso faz parte do nosso trabalho interno.

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- Uma das críticas apontadas pelo próprio António Salvador durante a vigência de Sá Pinto no comando técnico da equipa principal era que não havia uma aposta nos produtos da formação do clube. Acha que esse alinhamento é fundamental?

- Claro que o treinador da equipa principal deve estar dentro desse pensamento. Podemos fazer um ótimo trabalho desde os petizes até aos B, mas se as portas não estiverem abertas lá em cima… Mas isso não tem acontecido em Braga, pois temos muitos e variados exemplos e o presidente sabe perfeitamente disso e tem sempre isso em conta, como é natural.

Por António Mendes
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