Alvalade prepara-se para celebrar a liderança isolada da Liga, momento solene de uma alegria que faz todo o sentido e recupera a superação como um dos grandes segredos do futebol para atingir patamares de excelência. Num ano em que foi obrigado a retificar as loucuras de tempos mais ou menos recentes, racionalizando hoje para ter viabilidade amanhã, o Sporting formou uma equipa mais modesta no papel mas muito maior na ambição, nos elos de ligação ao passado e no sentido de representação que a orienta e enquadra na história; destruindo qualquer mania de grandeza mas sem perder de vista a esperança de um presente brilhante e de um futuro ainda melhor.
O processo de levitação coletiva, que salvou o clube de cair no abismo e empurrou a equipa para o topo da tabela, está em curso. Hoje, frente ao Belenenses, o leão vai voar outra vez nas asas de um sonho lindo, que empolga a família verde e branca, cria empatia com os adeptos neutros e não deixa indiferentes os próprios adversários. A dúvida agora é semelhante à do peso que a camisola amarela tem nos ciclistas: uns sentem-se empurrados e invencíveis; outros acusam o peso excessivo da responsabilidade e atrofiam.
Papel azul
O adversário é o Belenenses, que está na parte baixa da tabela mas que nem por isso tem deixado de revelar organização, talento, força e motivação para travar grandes potências como Benfica (1-1 na Luz) e FC Porto (1-1 no Restelo). Se quisermos prever o papel que os azuis vão desempenhar na visita a Alvalade, devemos ter mais em conta os pontos roubados a águias e dragões do que as dificuldades sentidas nos outros jogos – não podemos esquecer que a equipa de Mitchell van der Gaag perdeu os quatro primeiros jogos, pelo que fez 11 pontos nos oito jogos seguintes.
Fora de casa, o Belenenses apresenta uma das defesas menos batidas da Liga – o mesmo número de golos sofridos (seis) que o FC Porto, por exemplo –, sinal de que o melhor ataque em casa (e do campeonato) não terá vida fácil se quiser confirmar a excelência do seu futebol ofensivo. Uma excelência tão grande que, em 12 jornadas, conseguiu marcar em todos os jogos efetuados.
Sem vitórias em Alvalade
Inaugurado em 1956, oEstádio José Alvalade – tanto o antigo como o novo – nunca assistiu a uma vitória do Belenenses. A última vez que a formação do Restelo bateu o Sporting no seu reduto remonta a 1954/55 (1-2), altura em que o jogo foi disputado no Estádio Nacional. Aliás, os azuis só venceram os leões por cinco vezes ao longo da história de embates entre os dois históricos de Lisboa. Desde então, nove empates em 60 jogos foi o melhor que o Belenenses conseguiu fazer em Alvalade.
MUITO PROVÁVEL
Que o jogo defina a relação que o Sporting vai manter com a liderança isolada da Liga
Que Alvalade registe uma das maiores assistências da temporada
Que o Belenenses, sem Miguel Rosa, discuta o jogo como frente a Benfica e FCPorto
POUCO PROVÁVEL
Que o melhor ataque em casa e uma das melhores defesas fora permitam embate com muitos golos
Que os azuis joguem só na expectativa
Que os leões fiquem em branco – nunca tal sucedeu na Liga de 2013/14