Depois de ter testado positivo à Covid-19 no segundo dia do estágio, Francisco Neto voltou esta terça-feira a comandar os treinos da Seleção Nacional feminina, que continua a preparar, na Cidade do Futebol, a participação no Europeu do mês de julho. Após a sessão desta manhã, o selecionador nacional falou aos jornalistas e admitiu que "regressar ao terreno é sempre ótimo". O treinador abordou ainda o particular com a Grécia, que se realiza amanhã no Estádio do Restelo (18 horas).
"Estamos mais próximos delas, mas estava muito tranquilo. Mas com as condições que temos, fui um privilegiado, estive sempre muito perto. Também tenho confiança total na equipa técnica e na estrutura que temos. Jogadoras estavam sempre muito acompanhadas. Claro que gostamos de estar no terreno e é uma alegria muito grande. Mas com total confiança naquilo que foi feito, na equipa técnica e nas jogadoras. É um grupo cada vez mais maduro, que cresceu muito nestes dois anos e não é a primeira vez para elas. Nos clubes já tiveram estas situações. Sabem que têm de se adaptar, é tudo mais lento, as palestras são por videoconferência. Mas jogadoras querem muito aqui estar e ajustaram-se", começou por referir o técnico, de 44 anos.
Evolução da equipa no estágio: "Temos planeado as três semanas de forma diferente. A primeira foi de passagem de muitos conteúdos, muito focado em nós e nas nossas ideias. Esta segunda é o período competitivo, vamos procurar dar muitos minutos às jogadoras, para que retomem os níveis competitivos. Estão sem jogar nos clubes há algum tempo e por isso temos estes três jogos. Depois o ultimo será de competição, mais estratégico, onde olharemos mais para o adversário. Tivemos coisas muito positivas na 1ª semana. Notou-se grande evolução nas ideias e naquilo que queremos que acontece em campo. Também alguma fadiga acumulada pelos treinos e pela intensidade que colocaram. A partir de amanhã vamos começar a aferir e começar a perceber o que temos de melhorar, pois sabemos que ainda temos de crescer."
Jogo com a Grécia: "Sabemos que Grécia não vai colocar um padrão de problemas que dê um diagnóstico de todos os momentos do jogo. Mas será importante, sobretudo para a nossa organização ofensiva, também a transição defensiva, o momento de perda e capacidade de reagir e ganhar a bola. E também fazer crescer."
O que significará ter sucesso no Europeu: "Temos de ser melhores do que no último. Foi isso que dissemos desde o início e temos passado às jogadoras. Sabemos que é tarefa árdua e difícil. Para sermos melhores temos de marcar mais golos marcados, menos sofridos e mais pontos conquistados. Procurar lutar até ao último dia para estar o mais tempo possível no Europeu. Vamos trabalhar e este grupo faz-nos acreditar. Temos provado que quando estamos coletivamente fortes e muito focados, crescemos imenso e conseguimos bater-nos contra as grandes equipas. Sabemos que adversários do grupo, sobretudo a Holanda e a Suécia, são fortíssimos. Mas a Suíça tem grupo de jogadoras tecnicamente muito evoluídas e sabemos que temos de estar ao mais alto nível para termos sucesso."
Saída de Mariana Azevedo (lesão) e entrada de Lúcia Alves: "Foi um momento muito triste. A Mariana é uma menina muito especial, que o grupo acarinha muito. Tem história de vida que não é fácil, e a nossa solidariedade esta com ela. Este grupo acolhe bem e sente, foram dias muito difíceis, As colegas estiveram muito tristes com a situação, não gostamos de perder ninguém. Mas a vida tem de continuar e recebemos a Lúcia com um sorriso nos lábios. Também fez o apuramento quase todo, esteve sempre connosco, chega aqui como se estivesse em casa."
Portugal mais respeitado lá fora: "Conquistámos esse espaço. Pelo número de convites que vamos recebendo ao longo do ano para fazer jogos. Antigamente, há 8 anos, quase tínhamos de pedinchar. Hoje, muita gente felizmente quer jogar contra nós. Os convites que tivemos para ir aos Estados Unidos, mais do que uma vez, são sinal de que temos vindo a crescer e dentro de campo e as equipas notam que somos competitivos. Recebemos os elogios com agrado, mas o trabalho e o foco são os mesmos. Não abdicávamos de ser competitivos quando éramos do Pote 4 no apuramento para o último Europeu, agora somos do Pote 2 no apuramento para o Mundial, conquistado por mérito nosso. Somos os mesmos, é o mesmo grupo. Temos vindo a crescer e dentro de campo temos conseguido esse reconhecimento. Ainda não estamos ao nível da França, mas é para la que queremos ir. Temos um grande percurso e acredito que vamos chegar a esse espaço."