A direção da Chapecoense ficou reduzida a dois elementos, pois os restantes viajaram com a equipa para a Colômbia e acabaram por morrer na sequência do acidente que ocorreu perto de Medellín. E Ivan Tozzo, o vice-presidente e agora líder em exercício do clube, e Gelson Dalla Costa, 'vice' do conselho deliberativo, não esconderam a emoção numa conferência de imprensa realizada na Arena Condá, em Chapecó.
"É com muita tristeza que estamos aqui neste momento. Acompanho os acontecimentos desde as 4 horas da manhã. Estou com a cabeça em outro lugar, é muita tristeza. O que estamos a fazer é dar o maior apoio às famílias. Os nossos médicos e advogados foram para a São Paulo, para depois seguirem para a Colômbia. Para montar um quartel-general. É difícil a libertação dos corpos. Falei com o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, e ele colocou um avião à disposição, que vai chegar ainda hoje. Parece que a identificação dos corpos será feita em São Paulo, por isso, as famílias têm de ir para lá", começou por dizer Ivan Tozzo, antes de prosseguir: "Depois, a nossa ideia é fazer o velório coletivo aqui no estádio. Trazer todos os mortos para cá. Todas as pessoas querem dar apoio, dar um abraço. Depois disso, irá definir-se a logística para cada um ir para a cada uma das cidades."
Tozzo revelou ainda que também estava previsto que ele próprio iria com a equipa para a Colômbia. "A direção está aqui. Eu e o Gelson. O resto dos nossos companheiros foi. Eu estava na lista, mas não quis ir. Tive um pressentimento e não quis ir. As pessoas ligaram-me... que era para ficar na história, mas eu não fui. E aconteceu tudo isto. É difícil. Quando recebi a notícia não acreditei, pensei que estava sonhando", adiantou o dirigente da Chapecoense, que está no clube desde 2008: "Vivi de tudo aqui dentro, sem dinheiro, um clube pequeno. E com a luta de todos chegamos à Série A há três anos. Hoje temos um clube fantástico, uma alegria de Chapecó. Uma alegria do Brasil, pois a maioria das pessoas tinha isso com a Chapecoense."
Continuar fortes
Já Gelson Dalla Costa, prometeu que o clube vai continuar forte apesar da tragédia. "Além do apoio de todos os clubes brasileiros, temos recebido mensagens e ofertas de jogadores. Tivemos também clubes internacionais que ofereceram jogadores para atuar aqui. Tenho a certeza que a força dos nossos adeptos, do povo brasileiro, do povo de Chapecó, do povo da região... tenho certeza de que a Chapecoense vai continuar. Vai continuar forte. Sendo observada por aqueles lá de cima", sublinhou, acrescentando que a expectativa dos responsáveis da Chapecoense é que "os corpos começarão a ser libertados na quinta-feira à tarde".
Já sobre a situação dos feridos, Gelson Dalla Costa também adiantou alguns pormenores: "Há uma informação de que o Follman necessitou amputar uma perna. O Neto sofreu traumatismo craniano, mas está a fazer uma cirurgia. Um acidente de avião provoca mais lesões. O Alan também foi operado e depois foi transferido para realizar mais exames em outro hospital. Assim como o jornalista Rafael, que em princípio está bem. Esperamos que essas pessoas se salvem."
Quanto ao futuro, Gelson não tem dúvidas. "Em princípio, devemos ficar de plantão a noite toda para tentar ajudar a resolver tudo. Tenho certeza de que vamos contar com ajuda do povo brasileiro. Nós ficamos aqui com a missão de continuar, de reerguer a Chapecoense. De continuar a fazer bonito, de dar um bom exemplo ao Brasil", concluiu o dirigente.