As exigências de Pedro Proença, João Simões "às portas da Seleção" e as épocas de Quenda e Mora: o que disse Roberto Martínez

O selecionador nacional Roberto Martínez
• Foto: Fernando Ferreira

O selecionador nacional Roberto Martínez concedeu uma entrevista à RTP3 onde abordou os mais diversos assuntos. O treinador, de 51 anos, voltou assumir o objetivo de conquistar a Liga das Nações, falou sobre a mudança de presidente na Federação Portuguesa de Futebol, analisou o potencial de jogadores como João Simões e Rodrigo Mora e, no fim, ainda teve tempo de revelar que tem... um novo prato preferido.

Muito pouco tempo para preparar as meias-finais da Liga das Nações...

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"É o mesmo para o adversário. É o que acontece no futebol de seleções. O importante é estar aqui. A final four é o que precisamos".

Falou da preparação para o Mundial. Não dá tanta importância à Liga das Nações?

"É uma competição importante, para ganhar. Precisamos de mostrar responsabilidade. Para Portugal, chegar às fases finais de Mundiais e Europeus é uma exigência. Queremos tentar ganhar a Liga das Nações, não há muitas hipóteses no futebol de seleções para ganhar. Não há nada melhor do que ganhar".

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Nunca tinha falado em ganhar a Liga das Nações com tanta vontade...

"No futebol de seleções há um caminho, um percurso. Precisamos de demonstrar o compromisso certo, e posso garantir aos adeptos que o nosso é exemplar. Estamos a trabalhar, a tentar criar aspetos que possam ajudar em situações contra adversários como Alemanha, Espanha ou França".

Quais as exigências que Pedro Proença lhe colocou?

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"Não foi uma exigência, foi uma continuação. O acreditar. Mostrou muito apoio. A nova direção e o presidente estão a apoiar muito o que começámos a fazer durante o Europeu. Vamos trabalhar, certamente, para criar o melhor nível no balneário para o Mundial. O presidente foi muito claro, disse que o seu apoio e confiança estavam lá".

O apoio é igual ao que sentia com Fernando Gomes?

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"Faz parte, tentar acompanhar o projeto da Seleção".

Como tem lidado com as notícias que apontam para a necessidade de ganhar a Liga das Nações para não ter o seu lugar em risco?

"Preciso de ser honesto. Desligo totalmente do barulho e do ruído que surge fora do trabalho de todos os dias. Tenho uma responsabilidade, a de trabalhar todos os dias para criar o melhor balneário para a Seleção".

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Não sente nenhum fantasma sobre a sua cabeça para os próximos tempos?

"O meu foco é trabalhar sempre. Opiniões e críticas fazem parte, acontecem. Neste torneio, acho que fazer 10 jogos é positivo. Só há quatro seleções que estão entre as melhores da Europa. O sucesso é ganhar. O resto faz parte do percurso de preparar a equipa para o Mundial".

Os seus números de vitórias são muito positivos e o Cristiano também tem mais golos consigo... O Ronaldo é indispensável nesta Seleção?

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"Não há outro jogador que tenha mais de 200 internacionalizações. É uma experiência única. Mas todos os jogadores têm uma exigência constante. É um acompanhamento meticuloso. Se falarmos do Cristiano jogador, estamos a falar de um ponta-de-lança com 18 golos em 23 jogos ao nível de seleções. Como pessoa, que é o mais importante, é o compromisso total. Exemplar. Está sempre preparado para ajudar os jogadores novos, está a desfrutar todos os dias. E esse é o papel muito importante do capitão. É uma ajuda para toda a equipa. Quando o seu compromisso é exemplar, o capitão é muito importante. E durante estes dois anos e meio, nos jogos em que tivemos, a sua solidariedade, responsabilidade e ajuda com os companheiros foi de um capitão exemplar".

O Cristiano aceitaria não ser titular nesta Seleção?

"O Cristiano já ajudou a nossa Seleção a partir do banco, já aconteceu. Faz parte. Estamos a falar de um 11 inicial que tem mais cinco substituições. O jogo mudou muito".

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Se tiver de o sentar, senta?

"Como selecionador, tenho de tomar as melhores decisões para a equipa. Acho que mostrei que vou fazer sempre isso, num trabalho muito profissional e honesto. Temos de tomar decisões constantemente".

Já disse que seria 'preso por ter cão e não ter'. Mora corre o risco de ser o novo Quenda?

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"Acho que precisamos de valorizar o que temos. Temos jogadores jovens, com alto potencial. Uma coisa é o talento. Temos a responsabilidade de ajudar o talento a chegar ao máximo nível. O Quenda está a crescer muito, fez uma época muito boa, e a experiência na Seleção ajudou muito à sua evolução. Mora merece estar no espaço da Seleção. O que fez no seu clube, o jogador que ele é, com a capacidade de marcar 9 golos e de decidir dentro da área aos 17 anos...".

Vê no Mora um galático?

"Tem um potencial acima da média. Estamos a falar de um jogador de 18 anos que decide jogos. Precisamos de valorizar o papel do treinador do clube. Dar confiança a um jogador assim é porque há muito trabalho no dia-a-dia. Quenda, Mora, João Simões estão já a ser importantes".

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João Simões também está às portas da Seleção?

"Está. Um jogador que consegue ser homem do jogo na Liga dos Campeões...".

Chamou Pote agora...

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"Foi muito importante a forma como o Pedro voltou e ajudou a sua equipa. Mostrou maturidade e acho que, agora, pode ajudar muito numa fase final, onde precisamos de experiência. Dentro da dinâmica da Seleção, há jogadores que mudaram. Há um ano, Bernardo Silva e Vitinha eram mais '10', agora estão mais na construção. Isso abre espaço noutras posições".

Roberto Martínez prefere Klopp ou Guardiola?

"É um misto dos dois. Da minha experiência. A minha influência como treinador foi o Cruyff, porque cria uma flexibilidade tática. Criar superioridades numéricas... Mas a minha experiência é o futebol britânico, mais físico. Sou uma mistura. Gosto do jogo rápido, mas também inteligente. Para utilizar o talento, precisamos de um equilíbrio coletivo. Já mostrámos que, começámos com uma ideia de três centrais, e depois mudámos para dois. Mas nunca mudámos as posições com bola, as dinâmicas. O futebol de seleções é muito diferente do futebol de clubes".

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Alemanha é mais ao estilo Vitinha ou Palhinha?

"A Alemanha joga em casa".

E por isso joga Palhinha?

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"Não sei... Falámos das melhores ligações quando já treinámos com o jogador. Precisamos de uma presença psicológica e capacidade de resiliência antes da qualidade futebolística".

O Roberto fala português quase fluentemente. Sente-se em casa?

"Sinto. Posso falar da minha família. Tenho duas filhas e elas adoram Portugal. A minha mulher também. Acho que é um país incrível. Uma família [de fora] poder sentir-se em casa... Mas a paixão que senti durante o Europeu fica comigo para sempre. Agora quero ganhar o Mundial".

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Já come bacalhau e tudo?

"Sim. Já mudei de ideias. Primeiro gostei muito de bacalhau à brás, mas agora gosto muito de bacalhau com gambas...".

Por André Santos
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