O chamado 'Barçagate' - que esta manhã levou a polícia a fazer buscas nas instalações do Barcelona e à detenção de quatro pessoas, incluindo o ex-presidente Josep Maria Bartomeu -, foi um dos responsáveis pela crise institucional no Barcelona, que levou à demissão da direção e à convocação de eleições para o próximo dia 7 de março. Uma crise que se agudizou pela pesada derrota na Liga dos Campeões em Lisboa, frente ao Bayern Munique, e à tentativa de saída de Lionel Messi no verão...
Tudo começou quando o programa 'Què t'hi jugues', da Cadena SER, revelou em fevereiro do ano passado que o Barcelona tinha contrato uma empresa, a 'I3 Ventures', com o intuito de atacar, a partir de várias contas nas redes sociais, personalidades e entidades relacionadas com o clube. Incluindo jogadores. A versão oficial do Barcelona é que a empresa foi contratada para criar opinião nas redes sociais, com o intuito de proteger a reputação de Josep Maria Bartomeu, da direção e do clube, mas a polícia discorda. E há também a questão do valor pago.
A 'I3Ventures' terá sido responsável por minar a reputação de jogadores da equipa, como Messi e Piqué, de ex-treinadores, como Xavi Hernández, Carles Puyol e Josep Guardiola, de personalidades ligadas ao clube, como Joan Laporta, Víctor Font, Agustí Benedito e Jaume Roures, bem como opositores da direção.
O 'El Mundo' teve acesso ao relatório elaborado pela Divisão de Investigação dos Mossos, que revela que a empresa terá sido contratada por um milhão de euros, valor "seis vezes superior às práticas normais" nestes casos.
"Com estes pagamentos, próximos de um milhão de euros, um preço bem longe do que se paga no mercado, terá beneficiado diferentes pessoas, fracionando fradulentamente os contratos e as faturas, para evitar a supervisão por parte do órgão que controla o clube", diz o mesmo relatório.
Ao fracionar os pagamentos à 'I3 Ventures', com verbas não superiores a 200 mil euros, estes montantes não precisavam de ser aprovados pela comissão liderada pelo vice-presidente Emili Rosaud, que pediu a demissão e abriu uma crise institucional no clube.
A polícia investiga não só a questão da tentativa de fuga ao controlo, como também "delitos de administração desleal e de corrupção entre particulares". Pode haver também espaço, segundo o mesmo relatório, para "a chamada corrupção nos negócios". Explica o mesmo documento que devem ser aprofundadas as relações profissionais e contratuais para "encontrar um possível benefício económico por parte de algum dos dirigentes ou colaboradores das entidades relacionadas com a empresa."
Recorde-se que a 'I3 Ventures' já veio a público classificar como "absolutamente falsa" a suspeição de a empresa ser responsável pela criação de contas e conteúdos em diferentes redes sociais, com o intuito de denegrir a imagem de algumas pessoas ligadas ao clube.
Por Record