Carlos Seixas: «Esperei pelo Benfica até ao limite do possível»

CARLOS Seixas protagonizou a transferência do actual defeso, ao trocar o Benfica pela emergente Oliveirense, vice-campeã da Liga. O internacional luso comenta com desassombro a sua saída do grémio da águia, mas não guarda rancores a ninguém.

“Não saio da Luz amargurado, mas é claro que custa sempre abandonar assim um clube que representei durante oito temporadas. É preciso sublinhar que esperei pelo Benfica até ao limite do possível. Sou profissional e tinha de tratar da minha vida. Não podia ficar a aguardar eternamente que terminasse o impasse quanto ao futuro do basquetebol do Benfica”, frisa o cotado base-extremo que “cresceu” para a ribalta num dos “grandes” da capital, apesar de ser transmontano de gema (é natural de Vila Real).

PUB

“Não houve má vontade da minha parte. Apesar dos treinadores sempre terem manifestado o desejo que eu continuasse, nunca houve da parte dos responsáveis do clube, nomeadamente do vice-presidente José Santos, qualquer contacto nesse sentido. Repito que não saio magoado com ninguém, mas considero que merecia uma palavra directa dos responsáveis, nem que fosse para me dizerem que já não contavam comigo. Assim não aconteceu.”

Seixas viaja para Oliveira de Azeméis preocupado com o futuro do basquetebol profissional do Benfica. Com a legitimidade que lhe dão as oito épocas que passou na Luz, Seixas lança pistas para o futuro.

“Sempre me fez confusão o facto de um clube como o Benfica nunca ter conseguido arranjar bons patrocinadores e avançar para a real autonomia financeira. A secção necessita de ser liderada por um responsável que viva apenas os problemas do basquetebol, que não tenha de se dispersar pelas outras modalidades. Caso contrário, o Benfica não sairá da actual situação.”

PUB

Oliveirense: “Abordagem correcta”

Entre a diversas propostas que recebeu, Carlos Seixas acabou por optar pela Oliveirense, abdicando dos convites do Aveiro Basket e de duas formações italianas. Mas porquê a opção pela Oliveirense?

“Gostei da forma como inicialmente falaram comigo. O técnico Henrique Vieira teve uma abordagem correcta. Ele sabia que eu estava à espera de uma proposta do Benfica e nunca me pressionou. Por outro lado, a Oliveirense apresentou-me um projecto aliciante, tanto em termos financeiros como desportivos. Sinto que em Oliveira de Azeméis terei condições para voltar a ser campeão nacional”, frisa.

PUB

Aos 29 anos, Carlos Seixas inicia uma nova etapa na sua vida e não manifesta qualquer enfado ou saturação devido à prática do basquetebol. “Podem não acreditar, mas ainda sinto o mesmo entusiasmo em jogar do que quando tinha 18 anos”, conclui.

«Não existe qualidade na formação»

Carlos Seixas integrou uma geração de basquetebolistas que cedo alcançou o sucesso nas equipas principais. Na altura ainda não se sentiam os efeitos do acórdão Bosman e os jogadores portugueses tinham mais oportunidades de singrarem nos plantéis seniores. Aos 18 anos, Seixas já “deambulava” pela equipa principal do FC Porto. Dois anos depois transferiu-se para o Benfica, clube onde atingiu, como se sabe, a consagração.

PUB

“Tenho observado alguns jogos dos escalões jovens e é bem evidente que não existe qualidade ao nível da formação de jogadores. Por exemplo, actualmente não vejo nas equipas da Liga nenhum basquetebolista com 18 ou 19 anos de quem se possa dizer: está aqui um futuro craque... Este jogador tem condições para se impor na Liga profissional...”, sustenta o último reforço luso da Oliveirense.

O problema, na óptica de Carlos Seixas, passa essencialmente pela (má) qualidade dos treinadores que “vegetam” no sensível sector da formação de atletas. “Grande parte dos treinadores são mal pagos e parece-me que muitos não têm sensibilidade para formarem jovens e basquetebolistas. Tudo passa por aí”, refere.

O ex-benfiquista concorda com a aplicação de medidas proteccionistas que possibilitem a defesa do jogador nacional, mas adianta: “Qualquer medida para sirva defender o jogador português é positiva. Mas não basta ter três jogadores inscritos no boletim de jogo. Tudo dependerá do espírito dos treinadores e da qualidade que esses atletas possam ostentar. Caso contrário, iremos apenas ver três ‘coitadinhos’ sentados no banco.

PUB

«Como o Mário Palma não encontrei ninguém»

No percurso de Carlos Seixas já se atravessaram vários treinadores. Sem esquecer o papel de Manuel António, na sua iniciação no CDUP, há um técnico que o marcou de forma indelével. “Como o Mário Palma ainda não encontrei ninguém. Tinha uma maneira de ser muito peculiar, mas conseguia sempre os seus objectivos.”

«Estarei sempre disponível para a selecção nacional»

PUB

Na altura em que esta entrevista foi feita, Carlos Seixas ainda não sabia que tinha sido de novo convocado pelo seleccionador Valentyn Melnychuk. Relativamente à turma das quinas, a sua posição é bem clara: “Estarei sempre disponível para a selecção nacional. Sempre me pautei pela honestidade quando fui convocado e espero o mesmo dos responsáveis.”

Quem é quem

Nome: Carlos Manuel Azevedo Seixas

PUB

Naturalidade: Vila Real

Idade: 29 anos

Altura: 1,90

PUB

Posição: Base-extremo

Internacionalizações “A”: 67

Referências: Carlos Lisboa e Michael Jordan

PUB

Médias em 2000/2001: pontos (19,8), ressaltos (2,9), assistências (4,1), bolas recuperadas (1,7), minutos (37,0).

Deixe o seu comentário
PUB
PUB
PUB
PUB
Ultimas de Basquetebol Notícias
Notícias Mais Vistas
PUB