Mais de 100.000 manifestantes pró-palestinianos concentraram-se hoje em Madrid, obrigando os organizadores a cancelar a última etapa da Volta a Espanha, que se realizava em Madrid, disse o Governo espanhol.
"Havia mais de 100. 000 pessoas", disse uma porta-voz da representação do governo central da região de Madrid, acrescentando que dois manifestantes foram detidos, na sequência de incidentes que obrigaram a cancelar a 21.ª etapa da Volta a Espanha em bicicleta, que terminava em Madrid.
A capital espanhola foi invadida por manifestantes pró-Palestina, num protesto em que ficaram feridos 22 polícias atingidos com objetos e com o derrube das baias de proteção do recinto desportivo.
A etapa, que chegaria à praça Cibeles, foi interrompida a 56 quilómetros da meta devido à invasão das ruas por manifestantes solidários com a causa palestiniana, a denunciar "o genocídio" de Israel na Faixa de Gaza e manifestando-se contra a participação da Israel-Premier Tech na corrida.
Embora o dispositivo de segurança na capital espanhola, composto por 1.100 agentes e 400 guardas civis, fosse o maior de sempre num evento desportivo e o maior desde a cimeira da NATO, em 2022, não foi possível travar os manifestantes.
Ficou sem pódio o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike), campeão da Vuelta, assim como o segundo classificado, o português João Almeida (UAE Emirates), no melhor resultado da carreira em grandes Voltas.
O Governo espanhol e a organização da prova sugeriram à equipa israelita que se retirasse da Vuelta, mas esta recusou por considerar que ia abrir um "precedente perigoso".
A União Ciclista Internacional (UCI), que em 2021 baniu equipas russas e 'retirou' a bandeira dos ciclistas daquela nacionalidade, condenou os incidentes, sem tomar qualquer decisão.
A Vuelta ficou, assim, marcada por constantes alterações ao percurso, uma etapa cancelada, outra sem vencedor, e uma outra com uma meta improvisada, culminando nos incidentes de hoje.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes de 07 de outubro 2023 do Hamas no sul do Israel, no qual foram mortas 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.
As autoridades israelitas estimam que 48 reféns, dos quais 20 ainda vivos, estão detidos na Faixa de Gaza.
A operação israelita no enclave governado pelo Hamas desde 2007 já causou mais de 64 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais, e um desastre humanitário sem precedentes na região.
A ONU declarou a região da Cidade de Gaza como em situação de fome, quando Israel tem em marcha um plano militar para ocupar a capital do território e expulsar centenas de milhares de habitantes, além de prever o desarmamento do Hamas e a recuperação dos reféns, antes de entregar o enclave a uma gestão civil não hostil a Telavive.