Tendo já falado sobre as regras e a terminologia das MMA (artes marciais mistas), e em preparação para o UFC 96 no dia 7 de Março, o Record Online aborda agora as organizações produtoras de eventos. À semelhança do que acontece no boxe, nas MMA não existe uma FIFA que cubra o planeta inteiro, mas sim várias organizações que competem entre si para dar ao público os maiores eventos possíveis, com os melhores lutadores. Ainda assim, entre as muitas organizações existentes na actualidade (das quais iremos falar apenas das quatro principais), destaca-se claramente o gigante americano UFC.
À semelhança do contexto geopolítico, onde durante vários anos a NATO e o Pacto de Varsóvia disputaram a supremacia do globo, também nas MMA o poder esteve dividido entre uma superpotência americana e uma de leste, neste caso japonesa. Esta última organização tinha por nome Pride FC, e funcionou entre 1997 e 2007, ano em que abriu falência. Desde então a UFC tem sido para muitos um sinónimo de MMA, embora tenham recentemente surgido novas organizações que tentam morder os calcanhares da superpotência restante.
A UFC (Ultimate Fighting Championship), dirigida desde 2001 pelo polémico Dana White, foi fundada em 1993 com o propósito de juntar praticantes de diversas artes marciais para decidir qual era a mais eficaz. No primeiro evento, chamado UFC 1, oito participantes enfrentaram-se num torneio onde as regras eram praticamente inexistentes. Para surpresa geral, o vencedor foi o atleta mais leve, um brasileiro praticante de jiu-jitsu chamado Royce Gracie. O domínio absoluto que Royce exerceu sobre os seus oponentes mostrou ao mundo a importância das técnicas de combate no chão e mudou para sempre a forma de ver as artes marciais mistas.
Desde então a UFC foi crescendo e é actualmente um verdadeiro colosso financeiro. Os seus pay-per-views ultrapassam com regularidade a barreira de 1 milhão de telespectadores. As regras foram-se desenvolvendo de modo a proteger os atletas e a satisfazer as exigências das comissões reguladoras americanas, e a máquina da UFC inclui de presente um reality show de sucesso, jogos de vídeo e action figures, entre outros produtos. A UFC produziu já mais de uma centena de eventos (alguns não contam para a numeração, daí ir-se agora para o UFC 96) e é hoje um autêntico fenómeno de marketing, e sobretudo uma história de sucesso.
No Japão, a terra do bushido, o Pride FC foi rei e senhor por uma década. Esta organização encheu estádios com os seus eventos e deu a conhecer ao mundo alguns dos melhores lutadores de todos os tempos, como Fedor Emelianenko, António Rodrigo Nogueira, Mirko “Cro Cop” e Kazushi Sakuraba. Durante alguns anos foi mesmo considerada por muitos como superior à UFC. Todavia, e por entre rumores de problemas com o fisco e de ligações à Yakuza, a organização acabou por declarar falência em 2007, tendo sido comprada justamente pela UFC.
Em Fevereiro de 2008, grande parte dos elementos envolvidos no Pride acabou por fundar uma nova organização de eventos de MMA, a qual recebeu o nome de Dream. Esta organização realizou já alguns torneios, tendo sagrado Joachim Hansen e Gegard Mousasi campeões respectivamente das divisões de pesos leves e pesos médios. A 31 de Dezembro de 2008 a Dream e a K-1 organizaram também o evento Dynamite!! 2008, mantendo assim a tradição do Pride de produzir eventos na passagem de ano.
Resta só falar da Affliction, uma empresa de vestuário (sobretudo t-shirts) americana que recentemente se expandiu para a organização de eventos de MMA. Em ligação com o magnata Donald Trump a Affliction já criou dois pay-per-views, contando com a participação de lutadores de renome como Fedor Emelianenko, Josh Barnett, Andrei Arlovski e Tim Sylvia. Os eventos foram sucessos moderados, e só o futuro dirá se esta esta nova organização consegue resistir ao monopólio quase completo que a UFC detém na América.
Nos próximos artigos o Record Online irá falar dos principais lutadores que estarão envolvidos dia 7 de Março no UFC 96. Lembrem-se também que podem enviar perguntas, críticas e sugestões para mmanorecord@gmail.com. Até breve!