Lagisquet sobre o teste contra a África do Sul: «Oportunidade excecional»

• Foto: STEPHANIE LECOCQ/Reuters

Uma oportunidade "excecional". Foi assim que o ex-selecionador de râguebii, Patrice Lagisquet, classificou o convite aos Lobos para disputarem um teste frente aos Springbooks, em julho. "O mais interessante é que na África do Sul há jogadores com antepassados portugueses e isso encaixa bem nas necessidades de Portugal, que precisa de se fortalecer na frente. Mas é realmente um grande reconhecimento", comentou o francês, nesta quarta-feira, em entrevista ao site do Campeonato do Mundo.

Numa retrospetiva aos quatro anos passados com Portugal, o técnico admitiu ainda que, logo após o apuramento, os Lobos colocaram como objetivo… vencer o País de Gales! "Era o nosso primeiro jogo e pensámos que os galeses iriam alinhar uma equipa secundária, que iriam rodar jogadores porque enfrentavam as Fiji no primeiro jogo e a Austrália no terceiro. E pelo meio jogavam connosco, seis dias após defrontarem Fiji. E como para nós era o primeiro jogo, sabíamos que íamos estar muito frescos. Por isso colocámos o objetivo neste jogo", explicou. Mas o objetivo era assumido apenas em privado: "Falámos muito sobre esse jogo, mas entre nós. Não estávamos autorizados a falar sobre isso par fora. Era só entre nós", admitiu.

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Portugal acabou por perder por 28-8, mas Lagisquet insiste que o segundo ensaio dos britânicos, à beira do intervalo (14-3) foi decisivo. "Podíamos ter terminado a primeira parte com 7-3 e garanto que 7-3 é bem diferente de 14-3. Tem a ver com força mental ao intervalo, especialmente quando marcas no último segundo da primeira parte. Acho que teríamos sido mais fortes na segunda parte", analisou Lagisquet.

Depois, contra a Geórgia (18-18), "os jogadores ficaram um pouco deslumbrados durante o hino" e com "o ambiente" do encontro, onde os adeptos portugueses estavam em larga maioria, e "desperdiçaram a primeira parte". Já contra a Austrália (derrota por 34-14), a disciplina deitou tudo a perder. "Levámos um cartão amarelo e não fomos capazes de adaptar a nossa estratégia. A Austrália marcou três e não conseguimos aplicar o que preparámos nos treinos", recordou.

Por isso, o encontro com as Fiji era a derradeira oportunidade para os Lobos fazerem história e a equipa rapidamente percebeu que isso estava ao seu alcance. "Fomos competitivos nas disputas, defendemos com segurança e conseguimos contrariar o sistema de jogo das Fiji. Rapidamente percebemos que a nossa estratégia estava a resultar e dissemos a nós mesmos que tínhamos algo para disputar", recordou.

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 Lagisquet coloca Lobos no trilho… das Fiji

Ex-selecionador defende profissionalização dos Lusitanos XV e presença em competições europeias para continuar a subir o nível do râguebi português.

Numa extensa entrevista ao site do Campeonato do Mundo, o ex-selecionador de râguebi, Patrice Lagisquet, fez esta quarta-feira uma retrospetiva sobre os quatro anos passados aos comandos dos Lobos e o triunfo sobre as Fiji (24-23), no França’2023, acabou por servir de pretexto para abordar o futuro da seleção portuguesa. Questionado sobre se essa vitória pode ser comparada à que o Japão conseguiu frente à África do Sul, no Mundial’2015, antes de se qualificar para os quartos de final, quatro anos depois, o técnico preferiu encaminhar os Lobos para o mesmo ‘trilho’… que as Fiji.

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"O problema do râguebi português é que é amador. E a única forma de fazê-lo evoluir e assegurar que o seu nível continua a crescer será ter uma equipa profissional em Portugal. Isso significa profissionalizar os Lusitanos XV. Se olhamos para a evolução das Fiji, por exemplo, é exatamente isso que quero dizer. Têm jogadores a jogar profissionalmente em França e têm os Fijian Drua (franquia que disputa o Super Rugby), o que lhes permite competir a um nível elevado. E isso permitiu-lhes construir uma equipa melhor e mais consistente", comparou.

Por isso, segundo o técnico "Portugal precisa do mesmo". "Os Lusitanos têm de tornar-se profissionais para jogar a Super Cup e até mesmo tentar disputar uma competição europeia, para conseguirem ter jogadores suficientemente preparados para o nível internacional. E deve continuar a desenvolver as capacidades dos seus melhores jogadores, colocando-os a jogar profissionalmente em França para ter uma base profissional suficiente para continuar a evoluir", apontou Lagisquet.

A preparar a reforma do seu negócio de seguros, que deverá acontecer "dentro de 15 meses", o técnico descartou ainda a possibilidade de voltar a assumir, para já, uma equipa ao mais alto nível. "Vou dar alguns treinos em clubes, aqui e ali, só por divertimento. Não mais do que isso. Sei o compromisso que é necessário numa equipa nacional e isso ocupa muito tempo, mesmo mentalmente. Temos de estar muito disponíveis. Além disso também preciso de recuperar, pois praticamente não tive férias nos últimos quatro anos. Preciso de fazer uma pausa", reforçou

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Por Sérgio Lopes
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