No dia em que meu clube do coração (o Belenenses) ficou condenado à descida de divisão, o clube em que eu apostava nesta época (o Benfica) sagrou-se quase campeão.
Este triunfo anunciado do Benfica prova a importância que pode ter um só homem numa grande instituição. O Benfica é o mesmo de outras épocas - o presidente é o mesmo, os sócios são os mesmos, as estruturas são as mesmas, os jogadores não variam muito - mas a mudança do treinador provocou uma revolução no clube.
E essa revolução significa estádios cheios, mais merchandising, valorização dos jogadores. Quanto valia Di María no tempo de Quique e quanto vale hoje?
Eu insisto muito no tema do treinador, porque é decisivo. O mais importante numa equipa é a dinâmica de jogo - e esta depende do treinador. Pensemos no Barcelona: é a equipa do Mundo com uma dinâmica de jogo mais forte, não tendo os melhores jogadores. O Real Madrid galáctico estava nos antípodas: tinha os melhores jogadores mas a dinâmica de jogo era débil.
E esta importância do treinador contraria as opiniões dos "intelectuais" da bola. Recentemente vi uma entrevista de Carlos Queiroz que me deixou estupefacto. Ele falava na Seleção Nacional daqui a 14 anos! Ora, o trabalho de base é importante - e o Sporting, a nível de clubes, é um bom exemplo disso. Mas um selecionador nacional tem de ser capaz de formar hoje uma boa equipa. É um absurdo pensar na Seleção daqui a 14 anos e não ser capaz de fazer boas exibições com os jogadores hoje disponíveis.
Jesus não fala no Benfica daqui a 14 ou daqui a um ano: na sua primeira época no clube pôs a equipa a jogar e está à beira de ganhar o campeonato.