A esmagadora vitória por 9-1 frente à Arménia devolveu brilho à Seleção, mas, sobretudo, devolveu a seriedade competitiva que tinha ficado esquecida na viagem a Dublin. Porque a diferença entre o desastre na Irlanda e o festival de golos no Estádio da Luz não está na qualidade — essa Portugal tem de sobra — mas sim na atitude. Portugal é incomparavelmente superior à Arménia, tal como o era em relação à Irlanda. A diferença esteve, e continua a estar, na humildade e no querer.
E é aqui que entra o exemplo irlandês. Ontem, depois de estar duas vezes a perder, a Irlanda, uma equipa renovada, sem egos, venceu em casa da Hungria por 2-3, com um hat-trick de Troy Parrott decidido na última jogada, já para lá dos cinco minutos de compensação. Uma vitória arrancada a ferros com alma, crença e sofrimento. Foi exatamente este espírito que derrubou Portugal em Dublin: não foi a superioridade técnica/tática/física; foi paixão, intensidade, compromisso absoluto.
Contra a Arménia, os nossos jogadores entraram comprometidos em limpar a má imagem, jogaram simples, pressionaram alto a começar no ponta de lança, aceleraram o jogo e mostraram respeito pelos portugueses que os aplaudiram no Dragão. A resposta foi exemplar. Mas a lição mantém-se: talento sem alma não chega.
Se Portugal juntar ao seu enorme talento a paixão, humildade, solidariedade e capacidade de sofrimento e paixão que a Irlanda mostrou nos dois últimos jogos da fase de qualificação , então não haverá limites. Jogando cada partida como se fosse a última, Portugal tem tudo para ser campeão do mundo!
Por Nuno Félix