Ao contrário do que vinha sendo mais habitual, e que vem bem expresso no registo que revela que há mais de duas décadas que o Benfica não chegava a esta fase com menos de 15 golos sofridos na Liga, não foi uma equipa segura defensivamente no jogo do passado fim de semana.
Ao contrário do habitual, mesmo depois de estar em vantagem, o jogo continuou em aberto, e o Moreirense beneficiou de vários lances em que concluindo de forma diferente, poderia ter conseguido um resultado diferente.
Tudo isto, especialmente relevante, se pensarmos não somente no facto de termos assistido na presente época a um Benfica 'cínico', que fecha o jogo sempre que se encontra em vantagem (a partida com o FC Porto terá sido a única vez em que começando a vencer, o Benfica não triunfou), como ter marcado a partida de Moreira de Cónegos o regresso de Fejsa.
O sérvio é, bem possivelmente, o jogador mais importante de todo o jogo defensivo encarnado, e está habitualmente associado a uma transição defensiva muito mais segura.
No domingo, mais do que em qualquer outra partida, somou o Benfica perdas de bolas pouco habituais. E até em jogadores que normalmente não entregam a posse sem critério. Não é por norma uma equipa que perca a bola sem jogadores próximos, e enquanto está demasiado aberta (entenda-se por demasiado aberta, o posicionamento profundo e largo de ambos o laterais, e profundo de extremos, avançados e um dos médios). Porém, ao contrário do habitual somou muitas perdas, com menos gente atrás da linha da bola e com os jogadores mais afastados, o que desde logo dificulta a transição defensiva. Muito mais, se recordarmos a forma veloz como os avançados do Moreirense saíam rapidamente à procura da baliza encarnada. Algumas das quais, com passes errados a seguirem para fora da zona de intervenção de Fejsa, impossibilitando-o de ser mais útil onde tem maior notoriedade.
Em cima de maior número de perdas, e da velocidade e simplicidade com que Moreirense procurava atacar de forma rápida, algumas indefinições e alguns duelos perdidos pelos seus defesas possibilitaram sucessivos lances de potencial perigoso.
Muito mais do que uma possível falta de ritmo de Fejsa ou de uma incapacidade para resolver situações sem bola, é crescendo com bola que o Benfica se tornará mais seguro e mais capaz de controlar a sua transição defensiva.
Porque o jogo se liga, não se parte. Perder a bola não tem de ser uma catástrofe se ofensivamente se procura um tipo de jogo com mais ligações, mais proximidade, e que permite reagir rápido na zona da perda.
Crescer na sua ideia com bola é tudo o que o Benfica necessita para ser melhor sem ela.
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Por Pedro Bouças