Para quem estivesse mais distraído, poderá ter parecido surpreendente a inclusão de Raúl Jiménez no onze da equipa de Rui Vitória. Na verdade, a sua presença acabou por surgir de forma bastante natural, por duas grandes razões:
a) O rendimento de Mitroglou. Em quebra desde há muito. Não somente deixou de ser feliz onde faz por merecer ir a jogo, isto é, na finalização, como tem denotado mais dificuldades do que nunca na forma como (não) liga os ataques encarnados. Demasiadas perdas, pouca mobilidade. Pouca disponibilidade defensiva.
b) Dificuldade, importância e contexto dos últimos jogos da Liga, propícias às características de Raúl.
Porque de dificuldade imensa e com um contexto pós-tropeção do FC Porto, que permitia manter a liderança mesmo que empatasse, Benfica a poder jogar estrategicamente com mais variáveis. Rui Vitória a poder pensar numa estratégia que assegurasse primeiramente a organização defensiva, e partindo desse princípio para um jogo de menor risco, esperando o momento para que uma das suas grandes individualidades fizessem a diferença.
E Raúl é incomensuravelmente superior a Mitroglou nos momentos defensivos. Mais disponível consegue impedir que intenções de jogar apoiado quer do Rio Ave, quer do V. Guimarães sintam maiores dificuldades logo na primeira fase defensiva encarnada.
Com o mexicano, ganha o Benfica capacidade para pressionar, ou simplesmente controlar o espaço entre avançados e médios, que Raúl tão bem ocupa.
E é sobretudo a pensar como garantir maiores possibilidades de ser bem sucedido nas suas fases defensivas que Rui Vitória tem abordado os jogos de maior dificuldade.
Ofensivamente o mexicano denota dificuldades quer na sua tomada de decisão quer na relação com bola. Apesar de mais hábil do ponto de vista motor que Mitroglou, e mais apto a dar mobilidade e oferecer opções aos colegas para ligar ofensivamente o jogo encarnado, várias são as vezes em que não demonstra capacidade para definir assertivamente os lances. Porém, e tal como Mitroglou, é um jogador temível dentro da grande área. É na finalização que o mexicano faz valer, do ponto de vista ofensivo, o seu rendimento. Muito forte a atacar as zonas de finalização e sobretudo muito eficaz no gesto final. No ar ou no chão, ter Jiménez na área poderá ser tão eficaz quanto ter o grego Mitroglou.
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Por Pedro Bouças