Dizia quem sabe disto que ele a esta idade alinharia como ponta-de-lança. A jogar talvez na China, como antes se acabava nos Estados Unidos. Que aqueles joelhos e pernas correriam já mais tempo atrás dos outros do que atrás da bola. Que sairia dos jogos a meio da segunda parte. Seria respeitado como um veterano o é, fascinando com um ou dois lances de magia por jogo, vivendo já à luz que a glória projeta no que agora já seria futuro. 32 anos? E com tanta quilometragem? Já estaria entradote.
Mas alguém fez de Cristiano Ronaldo um sempiterno jovem, que marca como um ponta-de-lança, mata mas não morre em Espanha, que corre atrás e à frente da bola, termina os 90 minutos, é amado por muitos e despeitado por outros, fascinando de novo com o regresso à grande forma, vivendo na luz da glória de cada jogo. 32 anos? E com tanta quilometragem? Quando ele entra, entra o dote. Quem sabia disto não podia saber que alguém fez e faz dele o que ele ainda é. Esse alguém é ele próprio.
O desfile de recordes - golos, jogos, prémios, títulos – é só a base da estátua em que assenta o jogador. E no inevitável mas absurdo campeonato dos fãs entre quem é melhor, se Ronaldo ou se Messi, não pode esbater-se o maravilhamento que é podermos ver dois jogadores destes coexistirem nas nossas vidas de amantes do desporto. Nem deixar de admirar a perseverança, resistência, capacidade de trabalho e autoconfiança descomunal de Cristiano, o maior alimento do seu gigante talento. Que não cessa de nos surpreender, como de novo esta terça-feira na Champions. Até para a semana, Ronaldo.
Por Pedro Santos Guerreiro