Há um ditado em inglês que diz que "os ricos ficam mais ricos e os pobres têm mais bebés". Ganhar um campeonato nacional não significa apenas receber mais dinheiro no ano que se segue, mas também alimentar um círculo virtuoso que ajuda a reforçar a distância nos meios disponíveis face aos demais clubes.
É o que acontece hoje ao Benfica, como no passado aconteceu com o FC Porto. Com a diferença de que o Benfica é uma marca mais valiosa, porque tem mais adeptos e mais audiências televisivas. O Benfica já teve uma situação financeira calamitosa, hoje continua a ter uma dívida demasiado grande mas já não está descontrolada. E ganhar quatro campeonatos de seguida ajuda a que a SAD da Luz esteja a melhorar não apenas em relação ao passado mas também em relação ao Sporting e ao FC Porto.
Ser campeão traz mais adeptos aos estádios, aumenta as vendas de camisolas, promove melhor os jogadores para transações, dá melhor acesso à Champions, dá mais poder negocial na negociação de patrocínios e nos direitos de televisão. Ou seja, dá dinheiro. E estando o Sporting com custos salariais tão elevados sem semelhantes receitas, e o FC Porto numa situação financeira muito debilitada, quem parte melhor para a próxima época é… o Benfica.
Criar este círculo vicioso é obra do Benfica, da sua equipa e, sobretudo, de Luís Filipe Vieira. É ele quem, hoje, mais poder tem no futebol português. Não é pois por acaso que o FC Porto e Sporting fizeram agora as pazes: uniram-se por haver um "inimigo comum". Uniram-se contra o poder do Benfica, o tetracampeão candidato ao penta.
Por Pedro Santos Guerreiro