Nuno Gomes: «Souness acusava os portugueses de não serem tão agressivos»

Nuno Gomes foi contemporâneo de Graeme Souness no Benfica, um treinador que chegava para suceder a Mário Wilson no cargo. O treinador escocês havia ganhou três campeonatos no país-natal ao serviço do Rangers, aventurou-se no Liverpool durante três épocas e meia e aterra na Luz a meio de 1997/98 para impôr o seu estilo.

"Tal como o foi enquanto jogador, o Souness preparava as equipas de uma forma agressiva e motivava psicologicamente para que todos os lances fossem de vida ou de morte. Houve alguns problemas nessa altura devido ao facto de se terem contratado muitos ingleses. Houve essa crítica ao trabalho do treinador por causa disso. Publicamente, ele chegou a tecer alguns comentários comparando os jogadores ingleses aos portugueses, acusando os portugueses de não serem tão agressivos como os ingleses", contou o antigo avançado do Benfica a Record, deixando claro o estilo do futebol do antigo campeão europeu pelo Liverpool na Luz, bem diferente do que hoje se vê na Premier League.

"Não houve qualquer problema. A relação acabou por ser sempre cordial e de respeito entre treinador e jogadores. As coisas em campo não correram tão bem quanto queríamos. Acabou por sair o treinador passado algum tempo. Em relação aquilo que ele queria, as ideias estavam lá. Era um estilo de futebol que naquela altura era mais comparável ao futebol inglês do que é hoje em dia, porque hoje deixou de ser o futebol de chuveirinho, de passes longos e transições rápidas. Está muito diferente", explicou ainda ex-futebolista, de 43 anos.

Já Juup Heynckes chega ao Benfica após sagrar-se campeão europeu pelo Real Madrid semanas antes, mas Nuno Gomes garantiu que não foi fácil impôr o seu cunho face aos problemas emergentes no clube, no virar do milénio.

"Era um treinador que tinha já ganho muita coisa. Era um treinador diferente, um senhor a falar para os jogadores, sempre com muito respeito, muito calmo e que procurou introduzir as suas ideias. Naquela altura era sempre muito difícil fazer um trabalho 100 por cento eficaz. Tudo que girava à volta da equipa ia sempre atrapalhar aquilo que era o mais importante: a obtenção dos resultados. Portanto, era sempre muito difícil fazer um bom trabalho", reiterou o antigo camisola 21 que cumpriu 12 épocas de águias ao peito.

Por Flávio Miguel Silva
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