Magriços voltam a casa 50 anos depois

No Stanneylands Hotel e em Goodison Park viveram-se momentos arrepiantes...

Magriços voltam a casa 50 anos depois
Magriços voltam a casa 50 anos depois • Foto: vítor chi

Foi uma viagem ao coração da maior epopeia da história do futebol português. Record visitou, nos arredores de Manchester, o hotel onde, durante três semanas, a Seleção Nacional preparou o Mundial de 1966. Visitou, também, em Liverpool, o santuário de Goodison Park, palco onde Portugal, guiado pelo génio de Eusébio, cometeu duas das maiores proezas de sempre: as vitórias sobre Brasil (3-1), então bicampeão mundial, e Coreia do Norte (5-3), num jogo em que aos 23 minutos perdia por 0-3.

Símbolos vivos

Connosco viajaram quatro digníssimos representantes desse fenómeno coletivo a que chamaram Magriços e que aceitaram o desafio de recordarem, cinquenta anos depois, alguns dos momentos mais felizes das suas vidas. No dia em que Record completa 66 anos, esta é a reportagem de cerca de 48 horas ao lado de dois dos maiores símbolos do Benfica (José Augusto e Simões), da maior glória viva do Sporting (Hilário da Conceição) e do mito mais eloquente do Belenenses (Vicente Lucas), que puderam confirmar, meio século depois, a relevância de proezas passadas e que fazem deles, nos dias de hoje, verdadeiras lendas de carne e osso. Em Inglaterra, pelo menos lá, na pátria do futebol, o mundo remoto e quase inverosímil da grande aventura continua vivo e bem vivo.

Sedução eterna

Foi emocionante, chegou mesmo a ser comovente, o modo como as quatro lendas foram recebidas nos mais diversos locais que visitámos, sinal de que permanecem no coração daqueles que se deixaram seduzir por Portugal e seu futebol desde o verão longínquo de há 50 anos. Nos arredores do Stanneylands Hotel, e porque as duas viaturas em que viajávamos se afastaram, José Augusto saiu do carro para perguntar o caminho e, pouco depois, já dava autógrafos a um escocês que o reconheceu e havia de conduzi-lo ao destino.

Arrepiante receção

Se na unidade hoteleira em Wilmslow, chave-mestra de inspiração, talento e superação em 1966, toda a gente se esmerou para que voltassem a sentir-se em casa, arrepiante é a melhor forma de expressar a receção em Goodison Park. O Everton FC fez absoluta questão de manifestar o orgulho pela visita de tão ilustres figuras da história do futebol e criou-lhes um vendaval de felicidade, reconhecimento, veneração e afeto que em Portugal tem sido mais difícil de alcançar. Mo Maghazachi, relações-públicas do clube e máximo responsável pelo contacto com a imprensa, fez as honras da casa e desbravou o caminho que conduziu a todos os cantos do estádio. Mas Paul Wharton, presidente da sociedade que gere o património histórico do clube, não lhe ficou atrás na reverência e carinho depositados no contacto de quatro horas. "A fama cresceu-
-lhes em vida como só costumam crescer as glórias póstumas", escreveu um dia García Márquez sobre outros protagonistas. Mas até parecia que estava a pensar em Inglaterra e nos Magriços.

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