A caminho da porta principal de Goodison Park, um funcionário do Everton com estilo fleumático saiu-nos ao caminho. Deu os bons-dias, parou e sorriu. Digo quem sou, ao que venho e apresento Vicente Lucas, o mais lento dos Magriços presentes em Liverpool, que ficara para trás na deslocação entre o carro e o local onde nos aguardavam. "Eu sei quem é: seja bem-vindo Vicente, é uma honra recebê-lo 50 anos depois; esta é a sua casa", assim falou Paul Wharton, presidente da sociedade que gere o património histórico do clube e que acompanhou a visita ao estádio. Foi apenas a introdução de quatro horas inesquecíveis, ao longo das quais os quatro Magriços puderam sentir o reconhecimento, o respeito, a admiração e o afeto de um clube estrangeiro pelos excepcionais futebolistas que foram e pelos heróis em que se transformaram depois das proezas conseguidas ao longo de brilhantes carreiras.
O Everton recebeu-os como príncipes do reino sagrado que é o futebol em Inglaterra. Foi comovente o orgulho, a delicadeza e a reverência com que os dirigentes do clube de Liverpool abriram as portas do estádio onde a Seleção conseguiu dois dos mais extraordinários resultados de sempre – vitórias sobre Brasil e Coreia do Norte. Em troca, solicitaram que a visita das quatro estrelas fosse registada pela televisão do clube.
Fotos para começar
Mo Maghazachi, adido de imprensa e diretor das relações-públicas do Everton, fez as honras da casa. Foi ele quem organizou o programa e preparou todos os pormenores. Como ponto de partida sugeriu um camarote com vista para o estádio. "No fim, faremos uma refeição e veremos um filme sobre todos os jogos do Mundial de 1966 efetuados aqui, e no qual os senhores são, como devem calcular, as principais figuras", antecipou. Mas as surpresas não se esgotaram aí. Paul Wharton fez--se acompanhar por dois quadros com fotos de vários jogos, acompanhadas pelo cartaz oficial da competição e que fizeram as delícias das estrelas portuguesas.
A baliza de ouro
Apesar de todas as atualizações e melhoramentos nas suas estruturas, Goodison Park mantém os traços de sempre. "Mesmo que não nos dissessem onde estamos, eu não teria dúvidas", afirma José Augusto. A bancada atrás dos bancos de suplentes foi alterada em 1969 e todo o recinto foi mexido por segurança desde o desastre de Hillsborough, em abril de 1989. A bancada oposta aos balneários mantém os traços de 1966. É a única.
À medida que são guiados para o relvado, a emoção apoderou-se dos quatro. A relva estava a ser tratada com químicos, o que alterou os planos de quem se preparava para reviver, de preferência com alguma ação futebolística, os jogos de há meio século. O cheiro era intenso e desagradável mas a emoção do momento superava esse odor incomodativo. Simões deriva da linha para dentro, na direção da baliza "onde marquei o golo ao Brasil", um lance inesquecível "por ter sido ao bicampeão do Mundo e ter lançado a vitória", para lá do sortilégio de desfeitear Manga, o guarda-redes do escrete que tinha, bem à vontade, mais dois palmos de altura.
O 5.º golo à Coreia do Norte
Vicente Lucas, o mais velho do grupo (80 anos) e aquele em cujo corpo o tempo deixou marcas mais profundas, aproveitou para sentar-se numa cadeira junto ao túnel de acesso às cabinas. Mo Maghazachi esclareceu ser aquele o lugar de Roberto Martínez, o treinador espanhol que lidera o Everton desde 2013, quando David Moyes quebrou o vínculo de onze anos, tentado pela proposta de substituir Alex Ferguson no Manchester United.
Junto à baliza oposta à do golo de Simões ao Brasil, José Augusto salta e gesticula um cabeceamento vigoroso, registado pelas câmaras de Record e Everton TV. Sendo a bola imaginária, verdadeira não podia ser a festa que se seguia. José Augusto, 78 anos, cabeceava como jogador em atividade e festejava como um miúdo. "O que é aquilo?", perguntou Hilário intrigado, temendo sorridente pela saúde do velho parceiro . Simões respondeu: "Aquilo? É o Zé a marcar o quinto golo à Coreia do Norte." Podia não parecer aos olhos dos mais distraídos e até dos mais realistas. Mas era mesmo. *
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