O criador dos dragões

O criador dos dragões
• Foto: LUÍS VIEIRA

No seu programa eleitoral, em 1982, sob o lema “se queres um FC Porto mais forte em Portugal e na Europa vota Jorge Nuno Pinto da Costa”, o atual presidente portista revelava a intenção de substituir o jornal “Porto” por uma revista. Iria consegui-lo três anos depois, no dia 25 de abril de 1985, quando saiu o primeiro número da revista “Dragões”. Um título que serviu de mote também para batizar os adeptos do FC Porto, até aí conhecidas apenas por “portistas”, “azuis e brancos” ou mesmo “Andrades”. Pode, por isso, dizer-se que Pinto da Costa foi também o criador dos dragões, quiçá o encantador de dragões.

Tenho o privilégio de ter o n.º 1 da revista “Dragões” assinado por Pinto da Costa. É uma das minhas relíquias e está devidamente encadernado, tal como outros números da revista. Confesso que foi o próprio presidente portista que, sabendo do meu interesse em colecionar a revista, fez questão de me oferecer cinco volumes encadernados, que ia colocando na mala do seu carro e me ia entregando quando nos cruzávamos já no centro de treinos de Olival/Crestuma. É um dos meus prémios de carreira e simboliza um momento do meu percurso em que tive também a sorte de acompanhar muito de perto o percurso do presidente do FC Porto.

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É esse número um que hoje vamos desfolhar. Na capa, uma fotografia de festa, com Jaime Magalhães, Futre e André perfeitamente identificados e os títulos; Pedroto – documentos inéditos; Pinto da Costa – FC Porto ano 2000; e Cidade Desportiva. No editorial, lê-se que o número inaugural é dedicado a José Maria Pedroto. O diretor da revista era então Monteiro Pinho e os diretores adjuntos Manuel Saraiva e José João Pinheiro, sendo coordenadores da redação Artur Miranda e Artur Queirós, com uma redação composta ainda por Artur Gabriel, Dinis Sottomayor, Manuel Luís Mendes e Manuel Tavares (atual diretor do “Jornal de Notícias”). Esta revista teve duas tiragens, cada uma de dez mil exemplares.

O grande artigo deste número é dedicado a Pedroto e assinado por Álvaro Braga Júnior, o hoje presidente da SAD do Boavista. O título “Largos dias têm 100 anos e Pedroto voltou ao FC Porto” seria mais tarde repescado para a autobiografia de Pinto da Costa, lançada em 2004 e um trabalho conjunto de Antero Henrique e Pinto da Costa.

Segue-se um artigo dedicado à natação, secção então com 130 atletas, e outro ao hóquei em patins. “O sonho azul e uma geração” é o título dedicado a um artigo sobre a futura cidade desportiva do FC Porto. O projeto englobava a construção de uma piscina olímpica, de uma nova sede para o clube numa torre a construir nas Antas e um complexo cultural. A piscina olímpica chegou a ser escavada mas só a torre seria uma realidade. Rebaixar o relvado das Antas em 7,5 metros, de forma a conquistar mais 25 mil lugares (aumentando a capacidade do estádio para 90 mil espectadores), era outro objetivo e foi concretizado. Óscar Cruz seria o diretor que levou as obras para a frente.

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Álvaro Braga Júnior assina ainda um artigo sob o título “A força do Norte”, onde assume uma posição muito crítica relativamente às contratações pelo Sporting de Sousa e Jaime Pacheco. Curiosamente, Braga Júnior viria mais tarde a trabalhar no Sporting e também no Benfica. “Mesmo aqui perto há quem tema que os dragões sejam a força do norte”, concluiu Braga Júnior agora a propósito de um jantar entre os presidentes do Sporting (João Rocha), Valentim Loureiro (Boavista) e José Maria Pinho (Rio Ave). Pois.

As páginas centrais são ocupadas com um poster de um onze portista onde se incluem Eurico, Lima Pereira, Inácio, Gomes, João Pinto, Zé Beto, Vermelhinho, Frasco, Jaime Magalhães, Quim e Futre.

José Neto, o homem das estatísticas, teve direito a uma página e o departamento juvenil de futebol a outro. Segue-se outro dos pontos fortes da revista com uma entrevista a Pinto da Costa, onde o presidente diz estar a preparar o FC Porto do ano 2000. Foi modesto na sua meta. “Jogar para a Europa só pode ser meta para clubes de cidades com menor dimensão ou para clubes dos bairros das grandes cidades”, referiu PC, numa direta, mais uma, ao Boavista, clube que já nessa altura, pelo visto, fazia mossa.

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A alta competição como dinâmica de vitória – num momento em que o FC Porto ainda tinha secção de ciclismo -, retalhos da história e o desenvolvimento das delegações e filiais foram outros temas tratados. A título apenas de curiosidade, recorde-se a lista de anunciantes: Tintas Dyrup, Casa das Lâmpadas, Safina (alcatifas), Lusotufo (relvados), Proalimentar, Mundauto e Mafril.

Foi um número em cheio de uma revista que nunca mais deixou de se publicar.

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