Eusébio: O domador de dragões

Pantera Negra apontou 18 golos em 16 jogos disputados na Luz diante do rival...

Eusébio: O domador de dragões
Eusébio: O domador de dragões

Eusébio perdeu o seu último clássico frente ao FC Porto, na Luz, da mesma forma que havia perdido o primeiro, nas Antas, mas a verdade é que ao longo das 13 temporadas em que defrontou o rival da cidade Invicta com a camisola do Benfica transformou-se num verdadeiro domador do dragão.

Se o início e o fim da história particular de Eusébio frente ao FC Porto não foi positiva, pelo meio tornou-se no melhor marcador de sempre do Benfica diante dos azuis e brancos. Foram, entre jogos do campeonato e da Taça de Portugal, nada menos do que 33 clássicos disputados pelo Rei, que se resumiram em 15 vitórias, 10 empates e 8 derrotas, com o registo de 25 golos marcados – o melhor de sempre de qualquer encarnado frente aos dragões.

Numa época em que a rivalidade entre Benfica e FC Porto não tinha a dimensão que tem hoje, muito por culpa da diferença de palmarés entre os dois emblemas (até ao primeiro clássico de Eusébio, o Benfica já tinha 11 títulos nacionais, contra 5 do FC Porto), o desempenho do Pantera Negra ajudou a aumentar as distâncias. De tal forma que, quando Eusébio deixou a Luz, o clube somara mais 11 títulos de campeão nacional, ao passo que o FC Porto não vencera mais nenhum.

Talvez por isso, mas também pela sua forma de estar e de se relacionar com os adversários, Eusébio conseguiu conciliar o papel de “caçador de dragões” com o de amigo e companheiro de Seleção Nacional dos seus rivais das Antas, a começar pelo guarda-redes Américo, afinal a grande vítima dos remates do Rei.

Melhor que os grandes

Eusébio pode não ter sido o jogador do Benfica que mais vezes defrontou o grande rival do Porto (os seus 33 clássicos ficam atrás dos 44 de Nené, dos 37 de Bento ou dos 35 de Mário Coluna, por exemplo), mas ganhou o seu lugar na história pelo número de golos marcados.

Foi no antigo Estádio da Luz que se revelou grande parte do espírito goleador do moçambicano diante dos dragões: 16 golos marcados em 16 jogos. Somando os 9 conseguidos nas Antas, chegou aos 25, bem mais que outros grandes goleadores da história do Benfica, como José Águas (18 golos em 26 jogos) ou Tamagnini Nené (17 golos em 44 jogos). Num passado mais distante, Alfredo Valadas conseguiu 15 golos em 27 jogos diante do FC Porto, enquanto Arsério e Julinho se ficaram pelos 12.

No Estádio da Luz, Eusébio ajudou o Benfica a vencer o FC Porto em 10 jogos, perdendo apenas 2. Também sem surpresa, foi nas Antas que perdeu mais vezes, por seis vezes, em 16 jogos ali disputados. No único jogo em campo neutro, na final da Taça de Portugal de 1964, no Jamor, fez um golo na goleada imposta pelo Benfica (6-2).

Nas 13 temporadas em que defrontou o FC Porto com a camisola do Benfica, só numa, em 1970/71, não conseguiu apontar qualquer golo ao rival, mas isso não impediu o Benfica e vencer esse campeonato.

33 jogos; 15 vitórias; 25 golos

Durante as 13 temporadas em que defrontou o FC Porto ao serviço do Benfica (curiosamente, a última vez que jogou com os dragões foi ao serviço do Beira-Mar, a 13 de fevereiro de 1977, emAveiro), Eusébio marcou golos a todos os guarda-redes contrários que encontrou pela frente. A sua grande vítima foi Américo, com quem tinha uma relação de amizade, cimentada quando ambos conviveram na Seleção Nacional, especialmente durante o Mundial de 1996, onde o guardião portista acabou por não ser utilizado.

Nos 33 clássicos disputados, Eusébio ganhou 15, empatou 8 e perdeu 10, marcando 25 golos. Américo sofreu 17, Rui consentiu 4, Tibi 3 e Vaz apenas um, mas este foi também o guarda-redes que menos vezes defrontou o avançado benfiquista – apenas uma vez.

O duelo entre Eusébio e Américo aconteceu em 19 jogos, com 9 vitórias, 6 empates e 4 derrotas, para o benfiquista. Rui, que na década de 1960 foi o substituto de Américo e na de 1970 de Tibi, acabou por disputar 9 jogos com o Pantera Negra, mas só lhe ganhou uma vez, perdendo 4 e empatando outros 4. Tibi conseguiu duas vitórias e duas derrotas nos quatro encontros entre ambos.

Primeiro golo

O primeiro golo de Eusébio ao FC Porto (e a Américo) aconteceu a 22 de abril de 1962, praticamente na véspera da final da Taça dos Campeões Europeus em Amesterdão, onde o avançado se revelaria ao Mundo. Foi na segunda mão dos oitavos-de-final da Taça de Portugal, na Luz, com o Benfica a vencer por 3-1 e Eusébio a fazer o 2-1, tendo ainda feito as assistências para os outros 2 golos, apontados por Simões.

O último golo, em jogos oficiais, de Eusébio ao FC Porto aconteceu a 2 de junho de 1974, numa meia-final da Taça de Portugal, nas Antas. O Benfica venceu por 3-0, com o Pantera Negra a fechar a contagem ao minuto 66, após 2 golos de Nené.

Curiosamente, o último jogo e último golo marcado ao FC Porto pelo Benfica foi num encontro particular disputado em Paris, no velho estádio Colombes, que os encarnados venceram por 5-1. Eusébio, que se despedia do Benfica naquele jogo, marcou de livre, como tantas vezes no passado, diante de Tibi, que assim ficou com a duvidosa honra de ter sido o último guarda-redes a sofrer um golo de Eusébio enquanto jogador do Benfica.

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