Port Said volta a tremer

Forte componente política na origem dos tumultos de 1 de fevereiro de 2012...

Port Said volta a tremer
Port Said volta a tremer • Foto: GETTY IMAGES

Um dia que viverá na infâmia. Foi assim que Franklin D. Roosevelt descreveu o ataque japonês a Pearl Harbor, mas a mesma expressão poderia aplicar-se ao massacre de Port Said que teve lugar a 1 de fevereiro de 2012. Contudo, neste caso, quase um ano depois as réplicas ainda se fazem sentir de forma intensa.

A seis dias do primeiro aniversário dos confrontos que fizeram 74 mortos durante o encontro entre o anfitrião Al Masry e o Al-Ahly, orientado na altura por Manuel José, novos desacatos fizeram 30 mortos e mais de 300 feridos. Um situação originada pela sentença que condenou 21 adeptos do Al-Masry à morte, pelo envolvimento no massacre de 2012.

Um cenário comemorado pelos adeptos do Al-Ahly, como confidenciou Manuel José a Record, num sinal das marcas que os violentos confrontos deixaram entre os adeptos das duas equipas.

Batalha política

Este novo foco de violência acontece um dia depois de nove pessoas terem morrido e 584 terem ficado feridas quando se assinalava o segundo aniversário da revolução popular que afastou Hosni Mubarak do poder.

Com efeito, desde a queda do ditador, há dois anos, que os tumultos de raíz política em território egípcio são uma constante. O massacre de de 1 de fevereiro de 2012 é um forte exemplo, na medida em que os confrontos entre ultras das duas formações - que, alegadamente, assumiram um papel importante na primavera árabe, contribuindo para a queda de Mubarak - terão sido instigados pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, à época no poder numa fase de transição.

Foi ainda colocada em cima da mesa a hipótese de simpatizantes do anterior regime terem contribuído para o massacre, aproveitando a conivência das forças de segurança presentes no estádio de Port Said.

Os resultados da Comissão de investigação concluíram ainda que, na altura do massacre, a polícia adoptou uma posição passiva perante os confrontos e que os responsáveis pela segurança do estádio terão fechado as portas para evitar a fuga dos adeptos, contribuindo para a carnificina.

Consequências

Com o anúncio da condenação, sentimentos opostos surgiram à flor da pele. Por um lado as celebrações de adeptos do Al-Ahly e, por outro, a ira dos seguidores do Al-Masry, descontentes com a sentença. Muitos dos manifestantes eram mesmo familiares dos condenados e, insatisfeitos com o veredicto, tentaram invadir uma prisão local, obrigando a polícia a intervir mas sem evitar novo banho de sangue...

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