EUSÉBIO chegou a Lisboa em Dezembro de 1960, e Record registou o acontecimento. A primeira notícia da chegada do jogador moçambicano é discreta, empurrada para a página 14 da edição de 17 de Dezembro de 1960: "Vindo do ultramar, desembarcou anteontem no Aeroporto da Portela mais um futebolista precedido de grande fama. Trata-se do interior-esquerdo do Sporting de Lourenço Marques, Eusébio Silva Ferreira, há muito pretendido pelo Benfica e Sporting e que acaba agora, um tanto sensacionalmente, de fazer o seu ingresso no clube da Luz."
A história de Eusébio é depois seguida com atenção, durante cinco meses polémicos -- o jornal toma a iniciativa de perguntar a dois moçambicanos, Custódio (Belenenses) e José Júlio (Académica), quem é o jogador -- , com títulos contrastantes, que dizem que afinal o jogador vai para o Sporting e mais tarde noticiam a decisão do Conselho Jurisdicional da FPF a favor do Benfica, até à estreia do jogador. Na edição de 27 de Maio de 1961 já se dá conta do primeiro jogo, mas apenas numa fotolegenda, surgindo, na imagem, Eusébio ao lado do guarda-redes Bastos, a quem acabara de marcar três golos...
Na verdade, a chegada do "Pantera Negra" parece ser o primeiro sinal de uma década dourada do futebol em Portugal. Com os sucessos da selecção de juniores, que vence o Torneio Internacional, e do Benfica na Taça dos Campeões Europeus, o futebol começa a dominar as primeiras páginas, ocupando o espaço que na década anterior fôra do hóquei em patins e do ciclismo.
Em 11 de Abril de 1961, a vitória dos juniores ocupa toda a metade superior da primeira página. "Campeões com inteira justiça", diz-se na manchete, acompanhada de fotografia da equipa portuguesa, a toda a largura da página; na metade inferior da primeira página, diz-se que "Vai começar o jogo do ano..." e publicam-se duas fotografias do Sporting e do Benfica entrando em campo.
Com tantos sucessos, é difícil resistir ao domínio do futebol. Um mês depois, a 30 de Maio, é o Benfica que ocupa toda a primeira página, com os rostos recortados, entre estrelas, dos onze jogadores. "Amanhã em Berna o Benfica lutará por uma vitória sensacional", diz-se em manchete, enquanto lá dentro Artur Agostinho preconiza: "A maior proeza do futebol português está ao alcance do Benfica". Publicam-se um texto sobre Bela Guttmann e entrevistas com as mulheres dos jogadores.
Em 1962, o Benfica, já com Eusébio, volta a vencer a Taça dos Campeões Europeus, e dois anos depois é a vez do rival de Alvalade. "O Sporting conquistou com indiscutível mérito a Taça dos Vencedoras das Taças", titula-se no jornal de 12 de Maio de 1964. O jornal descreve o feito em três páginas cheias de reportagem.
Mas o melhor da década está ainda para vir: o Mundial de 1966. Portugal qualifica-se e Artur Agostinho, então director do nosso jornal, é presenteado com uma camisola da selecção, pelas "tantas presenças ao lado da selecção". Atempadamente, em Janeiro desse ano, já Record publica, por capítulos, a História do Campeonato do Mundo, por Mendonça Ferreira. Antes do início do Mundial, o jornal apresenta uma série de depoimentos das grandes figuras do futebol, numa rubrica intitulada "Assim vejo o Mundial de futebol". Amadeu José de Freitas acompanha a preparação da equipa das "quinas" em Vale de Lobo, e em 9 de Julho de 1966 o título da primeira página é explícito "Vai começar a grande aventura do futebol português". Artur Agostinho, Baptista Rosa e Amadeu José de Freitas, este em serviço especial do Rádio Clube Português e do Totobola, cobrem a prova, e o regresso é apoteótico: "Lisboa abriu os braços à selecção nacional".
Mas nem tudo é festa. Em Dezembro deste ano, morre tragicamente Luciano, futebolista do Benfica, electrocutado quando tomava um banho de imersão. Record traz a primeira página toda a negro e cheia de depoimentos de mágoa.
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