A ENTRADA na década de 60 é inevitavelmente marcada pela afirmação do futebol como assunto privilegiado de primeira página, devido aos feitos da selecção e do Benfica e Sporting. Surge assim uma nova preocupação em tudo o que diz respeito ao desporto-rei. As crónicas dos jogos de futebol já são acompanhadas de fichas de jogo mais cuidadas, já com descrições dos golos.
É também à volta do futebol que prosseguem as iniciativas de interactividade com os leitores. "Seja você o árbitro!..." é uma secção que surge em Março de 1964, na qual, a partir de um desenho de um lance de jogo, se pede ao leitor que indique a falta existente se entender que ela existe.
Entretanto, o cartoon assume uma importância cada vez maior na imagem gráfico do produto-Record. Em 30 de Maio de 1964, quando a selecção nacional disputava a Taça das Nações em futebol, no Brasil, e se preparava para defrontar a Argentina -- "Poderemos derrotar amanhã o adversário que nunca vencemos!" --, Natalino apresenta um boneco a tocar guitarra portuguesa e a cantar: "Em Zurique com a Suíça,/foi por poucos não fez mal,/podiam ser sete e picos!.../oito e coisa nove e tal!///Com a Bélgica, em Bruxelas,/a selecção foi genial!/Jogámos para sete e picos/oito e coisa, nove e tal!/Se a selecção continua/com genica assim igual/no Brasil é sete e picos/oito e coisa nove e tal!".
Dois anos depois, porém, Record tem um novo cartoonista: no estilo de Natalino, Quim assina bonecos de uma dimensão crítica indiscutível. Esta é ainda a década da BD em Record: primeiro com a história de Di Stefano, "La Saeta Rubia", mais tarde com a história de Puskas, depois "Zezinho Desportista", numa última página que continua de perfil magazinesco.
Surgem, entretanto, novas secções, mantendo o perfil crítico e analítico que vem desde os primeiros tempos de Record: "Roteiro da Semana", "Conta Corrente", "Uma vez aconteceu...", "Estrelas dos estádios" e "Talvez não saiba". Em 1965, Mendonça Ferreira assegura a secção "Desportistas famosos contam a sua história".
TEXTOS DEIXAM PRIMEIRA PÁGINA
Assinalada pela mudança de director -- sai Fernando Ferreira, entra Artur Agostinho --, a década de 60 confirma a afirmação de Record no mercado. O número 1000 sai a 28 de Janeiro de 1961, com um editorial assinalando o feito, e em Dezembro de 1964 o jornal passa para 20 páginas.
Continua bissemanário, saindo para as bancas às terças e sábados. Por esta altura, já as reportagens no estrangeiro estão institucionalizadas, mas a seguir ao nome do enviado especial vem escrito "Por telefone", ou então há uma secção chamada "Telefonema de...". Era o tempo em que se mandava o serviço pelo telefone, e sem gravador do outro lado.
Mas, quando termina a década, já há toda uma nova visão gráfica do jornal, em especial da primeira página, de onde desaparecem os textos e passam a dominar apenas os títulos. Quanto à predominância do futebol, é já inevitável: em 25 de Novembro de 1969, quando Record comemora vinte anos de vida, as taças da UEFA ocupam toda a primeira página.
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