Anos 80: De Rosa Mota a Carlos Queiroz na década de todos as vitórias

DE MUITOS sucessos e alguns escândalos e dramas foi feita a década de 80, cheiinha de acontecimentos, riquíssima e decisiva para a história de Record. O jornal soube acompanhar uma conjuntura invulgar para consolidar-se como produto e embalar para a liderança do mercado.

Se 60 fora a década do futebol e 70 a do atletismo, 80 foi a década em que as duas modalidades se equilibraram, disputando uma à outra o privilégio da maior conquista.

A década não começa, porém, com uma vitória. Em Dezembro de 1980, a morte do primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro impõe uma primeira página de luto: "Morte trágica do primeiro-ministro."

Depois, em 1982, veio Rosa Mota. A "menina da Foz" vence a Maratona de Atenas e confirma o poder crescente do fundo português. Record chama-lhe "A maratona de ouro".

O futebol não demora a responder ao atletismo. Em 1983, o Benfica regressa aos tempos áureos, qualificando-se para a final da Taça UEFA, mas a segunda mão, no Estádio da Luz, acaba em frustração, explícita na manchete de Record: "Levaram a Taça ao Benfica." Paul Vam Himst, o treinador do Anderlecht, lá aparece nos braços dos seus jogadores, levando a Taça UEFA.

Antes do regresso dos dias dourados do atletismo, Record apresenta Acácio Silva, "o sucessor de Joaquim Agostinho", diz-se na primeira página de 24 de Junho de 1983. Acácio, um emigrante de 22 anos, é então o Rei da Montanha na Volta à Suíça. É o ciclismo português tentando regressar à ribalta, mas no ano seguinte sofre o seu maior e mais rude golpe: morre Joaquim Agostinho, na sequência de uma queda na Volta ao Algarve. Record apresenta, em 11 de Maio de 1984, uma das suas mais dolorosas e dramáticas primeiras páginas: "Com a camisola amarela da saudade: Agostinho na Volta à Eternidade."

Em Fevereiro de 1984, Fernando Mamede batera o recorde mundial dos 10 mil metros, mas a maior proeza do atletismo português está guardada para o Verão, nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Moura Diniz é o enviado especial, e a medalha de ouro de Lopes nos 10 mil metros merece quase toda a primeira página de 14 de Agosto de 1984, com a palavra "Ouro" repetida várias vezes e uma fotografia do atleta português no pódio. Como António Leitão e Rosa Mota também conquistam medalhas, Record regista "a página mais brilhante do desporto português".

É uma proeza tão grande, a de Lopes, que até ofusca a surpreendente participação da selecção portuguesa no Europeu de futebol, em França. Numa campanha empolgante, que o nosso jornal acompanha pelas reportagens dos enviados especiais João Marcelino e Fernando Guerra, Portugal chega às meias-finais e só quebra, no prolongamento de um jogo épico, frente à França. "Inglório", titula Record.

Mas, vindo este brilharete dos "Patrícios" na sequência da final da Taça das Taças do FC Porto (que perdeu frente à Juventus), avizinhava-se qualquer coisa ainda mais significativa para o futebol português.

Efectivamente, a selecção qualifica-se para o Mundial de 1986, no México, e retoma-se o sonho de 1966. David Borges é o enviado especial de Record, e é ele que vai contar toda a complicada trama de Saltillo.

"Escândalo sem precedentes/Presidente da República apela à serenidade/Está em causa o prestígio de Portugal", diz-se na primeira página de 27 de Maio de 1987, explicando-se lá dentro com mais pormenores: "Jogadores encostam Federação à parede.../Vamos lá abrir os cordões à bolsa".

Depois, Portugal joga, até vence a Inglaterra, mas acaba ingloriamente afastado e marcado por Saltillo. Só em 1987 o futebol português recupera ânimo e prestígio, quando o FC Porto vence, sensacionalmente, a Taça dos Campeões Europeus. "Classe!", titula Record na primeira página de 29 de Maio de 1987, com uma foto de Pinto da Costa, a toda a altura da página, erguendo a taça. João Marcelino, o enviado especial a Viena, presenciará um ano depois, mas em Seul, novo momento dourado do desporto português, a medalha de ouro de Rosa Mota na maratona dos Jogos Olímpicos. "Rosa: rainha no Oriente", escreve-se no início do destacável de oito páginas que o jornal publica em cada edição.

Tantos sucessos -- em 1988 ainda o Benfica foi à final da Taça dos Campeões, perdendo com o PSV Eindhoven -- traziam o País estupefacto. A findar a festa, só faltava mesmo um título mundial. Em 1989, em Riade, na Arábia Saudita, a selecção de sub-19 sagra-se, surpreendentemente, campeã mundial. Santos Costa acompanha a proeza de Carlos Queiroz e dos seus jogadores. "'Espinha dorsal' aguenta impacte/Amaral e Jorge Couto 'partem a loiça'" é o título da crónica, sob um antetítulo significativo: "Portugal -- ano I da era de campeão."

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