A dimensão de "grande artista" de Marco Paulo é elemento comum nas reações à morte do cantor expressas hoje nas redes sociais, por personalidades que vão da música à política, das universidades ao entretenimento televisivo.
Marco Paulo, nome artístico de João Simão da Silva, morreu hoje, aos 79 anos.
O músico Pedro Abrunhosa, o cantor Tony Carreira, o investigador João Carlos Callixto, a fotógrafa Rita Carmo, o curador Tiago Bartolomeu, a jurista Carmo Afonso, a economista Susana Peralta confluem para a ideia de "grande Marco Paulo", na música portuguesa, tal como o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, o ministro da Defesa, Nuno Melo, e o líder do PS, Pedro Nuno Santos.
O comediante Herman José, que criou Serafim Saudade, "o verdadeiro artista", recorda um Marco Paulo "imprevisível, talentoso, lutador, brincalhão, único", na sua página no Instagram, a par de uma fotografia lado a lado com o cantor.
A fadista Aldina Duarte partilhou um texto que tinha escrito para a coletânea "Ouro e Platina (1978-2003)" de Marco Paulo, dizendo que a sua voz "pertence indiscutivelmente ao grupo restrito das vozes sobredotadas, o seu timbre é inconfundível e clarividente, a sua extensão rara, a sua consistência melódica impecável".
Pedro Abrunhosa, no Facebook, recorda com maiúscula "a Voz da música popular e romântica [que] percorreu a vida de todos nós, intelectuais ou calceteiros, com a leveza de quem não quer incomodar mas apenas cumprir-se".
O criador de "Não posso mais" acrescenta que "um país é o somatório de todos" e espera que "a viagem tenha tido um pouco de todas as cores", para o cantor. E conclui: "Obrigado, Marco Paulo, também pelo teu contributo para a dignificação do nosso mister de saltimbancos do reino triste".
Tony Carreira, no Facebook, lembra "um grande artista que sempre amou a vida e tanto lutou por ela", deixando "a eterna admiração, não só pelo artista, mas também pela pessoa incrível que foi e pela obra que deixa."
Os músicos Samuel Úria e Rui Bandeira partilharam fotografias e canções de Marco Paulo, e o fadista José Gonçalez revelou que o próximo programa televisivo "Em Casa d'Amália", na RTP, será de homenagem ao artista.
João Carlos Callixto, que soma anos de investigação da 'música ligeira' em Portugal, escreve no Facebook: "Morreu hoje um dos mais populares cantores portugueses das últimas seis décadas". E publica a imagem de capa de um dos primeiros 'singles' de Marco Paulo, "Oh! Lady Mary".
A investigadora Ana Leorne, autora de "This Is the Strangest Life I've Ever Known -- A Psychological Portrait of Jim Morrison", recorda um aspeto pioneiro de Marco Paulo: "Não esquecer nunca que a primeira utilização do [sintetizador] Roland TB-303 em Portugal foi na 'intro' do 'Eu Tenho Dois Amores', uns meros meses depois de ter chegado ao mercado. RIP Marco Paulo, pioneiro também da electrónica tuga."
A repórter fotográfica Rita Carmo, com mais de três décadas de registo do meio musical para publicações como a Blitz, atualizou a sua foto de capa no Facebook, com uma imagem do cantor da sua autoria e a mensagem: "Descansa, grande Marco".
A comentadora de assuntos económicos Susana Peralta recorda, na rede X, "o poeta que pôs as mulheres tugas a sonhar com safadezas". "Grande Marco Paulo", conclui.
Carmo Afonso, jurista e comentadora política, por seu lado, também na ex-rede Twitter, garante: "Todos nós temos Amália na voz, mas reparem que também temos um bocadinho de Marco Paulo."
Tiago Bartolomeu Costa, curador, ex-coordenador do projeto de digitalização FILMar, escreveu na X: "Não se põe um país a cantar as suas canções ao longo de várias gerações se não se for um grande artista".
A antiga apresentadora da RTP Margarida Mercês de Mello, numa mensagem no Facebook, sublinha o profissionalismo do cantor, num testemunho que remonta aos anos de 1980, quando "Marco Paulo (por ser da música dita ligeira, o que corresponderia ao pré-pimba, agora tão idolatrado por todos os canais...) não passava na televisão". "Mas havia um programa que fazíamos para as comunidades portuguesas, chamado 'Mosaïque', em colaboração com a televisão francesa. E aí sim [...], era bem-vindo".
Mercês de Mello descreve, nessa mensagem, o cuidado de Marco Paulo na escolha do fato para as filmagens: "Tinha de facto uma relação exigente, obsessiva com a profissão, respeito pelo seu público e perseguiu sempre aquilo que para ele era a perfeição. Se necessário, com sacrifício", como nos últimos anos, perante a doença. "Mas ele sujeitava-se a esse sofrimento, para que tudo parecesse normal e perfeito. E era feliz."
Antiga trabalhadora do Coliseu do Porto, Maria Moita, na rede X, recorda igualmente o profissionalismo de Marco Paulo, nos bastidores do concerto dos seus 50 anos de carreira: "Star quality. Ficámos até às três da manhã com ele a assinar autógrafos."
O argumentista e comediante Nuno Markl, por seu lado, recordou no Instagram: "No meio de uma carreira monumental, conquistando quem o ouvia com o coração e quem o ouvia por diversão, o meu momento favorito sempre foi esta proeza: 'Ninguém Ninguém', com aquelas rajadas de versos disparadas sem sacrifício de nenhuma sílaba, e aquele refrão épico que se divide em dois".
Da política, os elogios também se multiplicam. Carlos Moedas, nas redes sociais, recorda "um maravilhoso coração que marcou a música portuguesa e gerações inteiras, dos mais velhos aos mais novos", ao mesmo tempo "símbolo de toda a luta contra as maiores adversidades: nunca desistiu, nunca parou de cantar, nunca deixou a sua paixão".
Na rede X, Nuno Melo fala de "um dos mais populares cantores portugueses, [...] aplaudido por muitas gerações". E termina: "Paz à sua alma".
Também na antiga rede Twitter, Pedro Nuno Santos, assumindo o lamento em nome do Partido Socialista, escreve: "O país despede-se hoje de uma das suas personalidades mais acarinhadas. Ao longo dos anos, Marco Paulo foi uma figura essencial da música popular portuguesa."
As reações adensam-se nas páginas das figuras televisivas. Luís Osório, que lhe dedicou um dos últimos "postais do dia", na Antena 1, explica por que motivo foi ouvir e aplaudir Marco Paulo: "Por ser do povo. Por se ter oferecido na totalidade. Por nos ter oferecido tudo o que tinha. E esse tudo não foi pouco."
O diretor de programas da SIC, Daniel Oliveira, leva ao Instagram o testemunho de que Marco Paulo "quis cantar até ao fim [...]. Tinha uma voz portentosa e inimitável, que ficará viva".
O apresentador Manuel Luís Goucha lembra que "era sempre uma festa" quando recebia Marco Paulo, Teresa Guilherme sublinha o "tanto amor [que ele tinha] ao público", Cristina Ferreira descreve-o "um dos maiores artistas deste país", Fátima Lopes assegura a dívida de "um enorme Obrigada!", João Baião deixa "um grande aplauso" e Tânia Ribas de Oliveira apela: "Todos os aplausos de pé para quem viveu uma vida inteira para o seu publico".
O Programa Praça da Alegria da RTP escreveu no Facebook: "Até sempre, Marco Paulo. Obrigado por teres feito parte da vida de todos os Portugueses."
Por Lusa