ARTUR Agostinho é um nome incontornável do jornalismo português. Há 35 anos fez o relato do MTK Budapeste-Sporting, jogo que valeu ao seu clube do coração a proeza de ser o único emblema português a conquistar a Taça das Taças. No dia em que é disputada, em Birmingham (Inglaterra), a última edição desta prova europeia, o presidente do Grupo Stromp, ex-director de Record, actualmente sócio maioritário de uma agência de publicidade, recorda as emoções vividas em 1964.
– O que sentiu quando o Sporting venceu a Taça das Taças?
– Fiz os jogos todos do Sporting nessa prova e lembro-me perfeitamente do jogo decisivo [enumera um por um os jogadores leoninos, n.d.r.]. Quando vi a bola a entrar, depois do canto directo do Morais, nem queria acreditar. Foi uma emoção enorme.
– A tarefa dos relatores era muito complicada no seu tempo?
– Era a mesma coisa que é hoje. Simplesmente, não dispúnhamos de uma tecnologia tão aperfeiçoada. Em muitos campos tínhamos de trabalhar junto à linha lateral, o que é sempre desagradável porque a visão não é muito boa e ficávamos expostos às reacções do público.
– Sendo um sportinguista assumido, como é que conseguia disfarçar isso durante os jogos?
– Procurei sempre ser uma pessoa fria no trabalho. Só me deixava conquistar pela emoção nos jogos de carácter internacional com qualquer equipa portuguesa. Nessas ocasiões funcionava, sem adulterar a verdade, um bocadinho como o adepto.
– E quando estava o Sporting em campo?
– Não tinha dificuldade. Ligava à terra quando começava o relato e assim continuava até final. Aliás, fui várias vezes acusado de ser benfiquista porque apanhei os relatos das finais em que o Benfica venceu as duas Taças dos Campeões Europeus e, naturalmente, estava entusiasmado.
– Tem ideia de quantos relatos é que fez ao longo da carreira?
– Sem exagerar, fiz mais de mil, sempre ao serviço da RDP – Emissora Nacional. A minha estreia foi num Benfica-FC Porto em 1947, que o Benfica venceu (3-0), ainda na velha estância de madeiras do Campo Grande.
– Quais as grandes recordações que guarda desses anos?
– As finais europeias do Benfica, a carreira do Sporting na Taça das Taças, o Mundial de 66 e, por fim, a final do calcanhar de Madjer.
– O que pensa do facto de todas as jornadas do campeonato terem, pelo menos, quatro jogos na TV?
– Acho um exagero e julgo que isso acaba por cansar o público.
– Quer comentar a venda de Simão Sabrosa ao Barcelona?
– Tenho muita pena que o Simão não fique mais um ano. É um grande jogador e seria um elemento basilar na próxima época, mas a sua saída era inevitável.
REDUNDÂNCIA NA TV
Artur Agostinho serve-se da sua experiência para tecer algumas considerações sobre o panorama actual dos profissionais ligados às transmissões televisivas de futebol.
– Não concordo com a maioria dos relatos televisivos, pois considero que são redundantes, repetem aquilo que as pessoas estão a ver. A meu ver, um relator deve ajudar a identificar os jogadores e chamar a atenção para pormenores do jogo que possam passar despercebidos. Quanto ao comentador, deve fazer uma análise técnica e sublinhar determinados aspectos tácticos ou de julgamento da arbitragem.
– Como classifica o quadro actual de relatores e comentadores?
– Temos muito bons relatores desportivos e outros menos bons. Não vou citar nomes mas considero que temos um leque vasto de bons profissionais que, contudo, deveriam ter mais cuidado com a língua portuguesa. Mas a culpa é do sistema de ensino...
NUNO MIGUEL FERREIRA
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