Apresentado em Berlim, no evento "Tap the Next", juntamente com o Huawei Watch Fit 4 Pro, o Watch 5 foi a grande estrela da apresentação da marca chinesa, apresentando-se como o topo de gama no segmento dos smartwatches da sua oferta. Para quem usou o modelo anterior, é um processo de continuidade muito fácil de ser feito, com tudo aquilo a que já estávamos muito bem habituados. Para quem chegar à Huawei pela primeira vez, vai ter muitas e boas surpresas.

Desde o design super cuidado, robusto e elegante, até às superiores capacidades de monitorização de saúde, mas também pelo aspeto desportivo - que é o nosso principal ponto de análise - e, claro, a impressionante autonomia, algo que sempre nos agradou e impressionou desde que há alguns anos começámos a utilizar os relógios da marca chinesa. O Watch 5 representa mais um salto importante de qualidade, que consolida a Huawei como uma das marcas de referência na tecnologia, seja nos smartphones, como nos smartwatches e também no áudio.

No caso deste Watch 5, surge em 8 versões distintas, 4 em 46mm e 4 em 42mm. O modelo que tivemos oportunidade de testar foi o de maior dimensão, no caso com uma caixa em liga de titânio de grau aeroespacial em azul-púrpura. Há ainda a opção titânio cinza e castanha nesta dimensão e com esta caixa, mas diríamos que nos calhou aquele que, do ponto de vista estético, é o mais elegante e capaz de passar melhor por um relógio formal. Aliás, tudo neste relógio respira elegância, tal é o grau de atenção aos detalhes estéticos, com acabamentos de topo, o que deixa bem claro o propósito de entregar não só um relógio poderoso, mas também bonito e que chama à atenção a todos os que observam.

E se o relógio em cima chama logo a atenção pelo seu design e elegância, o ecrã e a qualidade e brilho do mesmo fazem o resto, ajudando também quem o utiliza a não enfrentar qualquer problema de observação dos dados que tem no ecrã. Para isso é essencial o facto do visor ter um pico de brilho de 3000 nits.

Como dissemos acima, o nosso principal foco de análise passa pelas métricas desportivas, pois a nossa observação será feita no âmbito do nosso Record Running, mas a verdade é que há outros aspetos essenciais para uma correta prática desportiva em segurança. Nomeadamente o cuidado com a nossa saúde e com os dados que um dispositivo deste tipo nos apresenta. Se o Watch 4 já era fiável e dava inúmeros dados que nos permitiam ter debaixo de olho o nosso estado de forma, o cansaço ou o sono, o Watch 5 sobe ainda mais o nível, muito por culpa da introdução do X-TAP, que permite parametrizar até sete indicadores de saúde e bem-estar em apenas um minuto.

Através do toque no sensor que temos abaixo da coroa, podemos não só tirar um 'exame' da nossa saúde, mas também medir o SpO2, algo essencial para quem por vezes treina em ambientes de altitude. Infelizmente, o teste o Watch 5 não surgiu num período de treino no Quénia como temos feito anualmente, mas quando lá formos será interessante analisar as variações, fazendo uso daquilo que a Huawei promete - um sensor que bate todos os smartwatches presentes no mercado e até com resultados superiores a oxímetros dedicados.

Falando do tal 'exame', este Watch 5 possui uma espécie de atalho rápido para o fazermos, bastando apenas colocar o dedo indicador no sensor durante 3 segundos. De imediato o teste é iniciado e são-nos dadas instruções para o completarmos. No final, teremos um relatório detalhado no pulso, mas também na aplicação. Aqui, este Health Glance apresenta praticamente todos os dados que trazíamos já do Watch 4 Pro, mas adicionando-lhe um indicador muitíssimo importante, a variabilidade da frequência cardíaca (VFC).

Este maior foco nos dados de saúde é algo bem visível neste modelo, mostrando uma atenção forte da marca em 'cuidar' de quem aposta nos seus produtos.

Para lá de todo este cuidado com a saúde, que nos será particularmente útil ao longo do tempo, com análises semanais para permitir monitorizar eventuais mudanças nos mais diversos parâmetros, o Watch 5 segue a base daquilo que a marca nos tem habituado no capítulo das atividades desportivas. Tem mais de 100 modos desportivos pré-carregados, com modalidades que vão desde o futebol ao basquetebol, passando pelo padel, golfe ou até desportos de inverno. Por aqui não somos tão aventureiros assim e a nossa atividade resumiu-se à corrida e ao ginásio.

Na corrida, o nosso principal campo de atividade, confessamos que saímos um pouco desapontados. Porque o teste principal ao relógio foi feito numa maratona, o que nos permitiria desde logo confirmar a fiabilidade dos dados, nomeadamente o da distância. E aí o Watch 5 teve um comportamento não tão positivo. Enquanto o Coros Pace Pro nos deu uns muitíssimo interessantes 42.42 quilómetros (um excesso de apenas 200 metros - menos de 5 metros por quilómetro), o Watch 5 deu-nos uns exagerados 42.87 quilómetros (um excesso de 627 metros - cerca de 15 metros por quilómetro, o triplo do Pace Pro). O percurso da prova em causa - Maratona de Praga - não era o mais fácil para um relógio, pois tinha várias passagens por pontes, era corrido junto do rio e tinha ainda dois túneis, mas a verdade é que, na comparação direta, deixou muito a desejar. Curiosamente, a distância foi mesmo o único dado a deixar-nos desapontados, porque os restantes foram muitíssimo fiáveis.

O sensor cardíaco apresentou um batimento de 155 bpm, contra os 154 bpm da banda dedicada que utilizámos. Os dados de cadência, tempo de contacto com o solo, comprimento da passada e até o equilíbrio entre uma perna e a outra foram incrivelmente precisos (quando comparados com o dispositivo acessório que usávamos no outro relógio). Se a distância nos desiludiu, a forma precisa como todos os outros dados foram registados deixou-nos impressionados. Muito impressionados.

Em nossa defesa, até porque queríamos dar uma nova chance ao Watch 5 numa outra maratona (outra devidamente aferida pela World Athletics) levámo-lo à Maratona de Estocolmo na última semana. O objetivo era tirar as dúvidas quanto àquela incrível falha na distância. E, infelizmente, porque tínhamos tudo para dizer que este relógio era incrível, a nova máquina da HUAWEI voltou a desiludir. Aqui, ainda assim, temos a dizer que o Coros Pace Pro também não se portou como esperávamos... mas o Watch 5 falhou à grande! Foram 43.36 quilómetros no Watch 5 contra os 42.77 no Coros, numa maratona que, como bem devem saber, tem 42.2 quilómetros. Nunca vamos ter essa distância no relógio, mas nunca muito mais do que 400, 500 metros a mais. Mas 1.1 quilómetros... é dose! E o mais 'chato' é que os outros dados (batimento cardíaco, cadência, comprimento da passada...) estiveram perfeitos...

Como habitual, tanto no relógio como na aplicação temos a possibilidade de ver ainda dados relativos ao nosso estado de forma, com indicação da evolução que vamos tendo e, também, a previsão do tempo para determinadas provas. E aqui, outra vez, levámos um ponto negativo. E até algo estranho. O nosso primeiro treino com o Watch 5 foi precisamente a Maratona de Praga, uma prova que completámos em 2:56:26. Ora, após esse desempenho, 'predictor' do relógio dizia que tínhamos forma para fazer uma maratona em... 3:10. Dias depois, o registo foi melhorado, mas apenas até aos 3:04. Estranho...

Esquecendo este ponto negativo - que na verdade é um 2 em 1 -, a verdade é que tudo o resto é de elevadíssimo nível e impossível não elogiar. Em concreto, e agora para finalizar, a bateria. É já uma bandeira da marca chinesa e este Watch 5 não falha nesse propósito. Recebemos o relógio e colocámo-lo no pulso na sexta-feira à noite. Utilizámos o relógio diariamente, não poupámos na utilização, fizemos a tal maratona em cerca de 3 horas e apenas seis dias depois a bateria 'exigiu' ser carregada. Um registo muito positivo, especialmente tendo em conta o sem-fim de recursos adicionais que este modelo tem em relação ao anterior, mas também por termos corrido, de uma só vez, uma prova de 3 horas, o que usa sempre muito mais recursos pela utilização contínua do GPS. Ficando sem bateria, ao cabo de hora e meia já o temos a 100% pronto para mais uma viagem.

Antes de fecharmos, um outro ponto que continuamos a sentir falta nos relógios da HUAWEI é mesmo a integração com plataformas de prescrição de treinos, como o Training Peaks. Por outro lado, o modo de pista mantém-se muitíssimo fiável, mas continua a faltar a possibilidade de mudar de linha a meio do treino. Para quem gosta de aquecer por fora (na pista 6...) e depois fazer as séries por dentro (na 1), faz toda a diferença na forma como os dados são captados. Mas, tirando isso, está a um nível muito elevado em termos de deteção.

Disponível no nosso país a partir desta quinta-feira no site oficial da marca - e entre finais de maio e inícios de junho nos retalhistas -, o Huawei Watch 5 tem um preço recomendado que começa nos 449 euros (46mm - Preto; 42mm - Verde claro e Branco), ascende aos 549 euros nas versões Castanho e Azul-púrpura em 46mm e Bege em 42mm, tendo como preço máximo os 649 euros nas opções Titânio cinza (46mm) e Titânio dourado (42mm).