Gustavo Pereira: «Não se pode permitir que os pais vão para os pavilhões insultar e ameaçar os árbitros»

Presidente da Academia de Arbitragem Albino Nogueira coloca o dedo na ferida na Mesa Redonda de Futsal promovida pela APAF

A Mesa Redonda de Futsal decorre na Póvoa de Varzim, onde por estes dias se concentram todas as atenções da modalidade, em função das decisões da Taça de Portugal. Jorge Braz é um dos oradores da conversa promovida pela APAF e o selecionador futsal lançou para a mesa o tema da formação, salientando que "quando há tantos clubes e processos adequados a formar jogadores, todos ganham porque isso valoriza toda a família do futsal."

O selecionador na nacional deixou, todavia, o alerta para o perigo de especialização precoce. "Parece que temos de estar sempre a melhorar e aqui estamos a cair em alguns exageros. Temos de perceber as etapas em que os jovens estão e o que é essencial para a sua ideia, o enquadramento social e desportivo. O talento não nasce, mas aparece porque o percurso é de excelência e isso é que é relevante, a qualificação do processo de todas as etapas de desenvolvimento de um atleta é que é fundamental", reforçou Jorge Braz, dando o mote ao dar "o grande exemplo da ADCR Caxinas", com Sílvia Moreira, presidente do clube de Vila do Conde ao seu lado a falar depois de "um projeto que começou sem pressas".

"As pessoas olham para nós como um bom exemplo e quando nós dizemos que isto demorou 20 anos essas pessoas não querem, porque a ideia é chegar rapidamente à Liga Placard. Nós há 20 anos só tínhamos duas equipas de formação e este trajeto demora, requer uma dedicação grande de todas as pessoas envolvidas. Apostamos na qualidade dos recursos humanos e tivemos sorte das pessoas que nos acompanharam neste percurso e fomos crescendo aos poucos, numa base estável e sem grandes pressas", registou a líder de um dos melhores exemplos da formação no futsal em Portugal, equipa que tem cerca de 80 por cento dos atletas da formação na primeira equipa.

"Não queremos formar só atletas, mas também homens para a sociedade", concluiu Sílvia Moreira.

Já João Marçal, antigo jogador internacional de futsal, apontou as grandes diferenças que nota na modalidade nesta altura, focando "a evolução da arbitragem" como uma das maiores diferenças desde os seus tempos de jogador. "Os jogadores têm melhores condições e há agora muito mais bagagem e ferramentas para que os mais jovens estejam mais capazes de competir", disse ainda João Marçal, abrindo a ponta do pano para o tema mais sensível da arbitragem.

Sobre essa temática, Gustavo Pereira, presidente da Academia da Arbitragem Albino Nogueira, no Porto e árbitro de 1ª categoria, colocou o dedo na feria ao registar a importância de se erradicar os episódios de violência "que infelizmente ainda são frequentes".

"Não se pode permitir e achar normal que os pais vão para os pavilhões insultar e ameaçar os árbitros, aí não vamos conseguir mudar isto e ter mais árbitros. Estamos a ter mais jogos e menos árbitros. Se não conseguirmos inverter esta tendência vai começar a haver muitos jogos sem árbitros e é isso que obviamente não queremos", vincou Gustavo Pereira.

Ana Azevedo, capitã da seleção feminina de futsal, falou da eterna rivalidade com Espanha, a quem Portugal ainda não venceu. "Lá chegará o seu tempo. Se voltou a não acontecer é porque falhou algo e resta-nos continuar a trabalhar para que isso um dia seja possível", vincou perante a pergunta da plateia.

A internacional portuguesa registou ainda não pensar no final da carreira. "Enquanto me sentir disponível fisicamente e mentalmente e achar que sou útil para a seleção e para a minha equipa vou continuar. Quando sentir o contrário passarei para a bancada bater palmas. Todos temos de fazer uma autoavaliação", assumiu.

Por António Mendes
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