Antigo agente de Jackson Martínez suspeito de ligações a cartéis mexicanos e colombianos
Julho de 2012. O FC Porto chega a acordo com o Jaguares de Chiapas para a contratação de Jackson Martínez. Os dragões pagam cerca de 9 milhões de euros ao clube mexicano. Guillermo Lara, então agente do avançado colombiano, é o intermediário do negócio. Viaja para o Porto, senta-se com Pinto da Costa e consegue o acordo entre as várias partes depois de uma dura negociação. No mês seguinte, o nome deste empresário aparece ligado a uma rede de narcotráfico que utilizava vários clubes profissionais do México para branquear ativos de cartéis dedicados à produção e comércio de cocaína. Um fenómeno conhecido por “narcofutebol”.
Segundo a rádio mexicana RCN, a agência antidroga dos Estados Unidos (DEA) alertou as autoridades de México e Colômbia sobre as máfias colombianas que estavam a usar várias equipas mexicanas para branquear capitais. Na sequência destas informações, as autoridades colombianas terão conseguido documentos onde figuravam vários pagamentos feitos a figuras de topo do futebol mexicano pelo cartel Norte Del Valle, uma das maiores organizações do narcotráfico da Colômbia. O antigo agente de Jackson terá recebido deste cartel mais de 1,2 milhões de dólares (cerca de 1 milhão de euros).
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A Promotora Internacional Fut Soccer, uma das empresas de Guillermo Lara, faz parte da Lista Clinton (documento elaborado pelo governo dos Estados Unidos que junta pessoas e instituições suspeitas de realizarem negócios ligados ao narcotráfico). Apesar das várias notícias e acusações, Lara nega tudo, continua em liberdade e é uma das figuras mais controversas e poderosas do futebol mexicano.
Protegido pelo presidente
Em 1993, Lara chega a ser considerado “persona non grata” pela Federação Mexicana de Futebol (FMF), acusado de desviar 30 mil dólares (perto de 24 mil euros) nas funções de promotor de jogos amigáveis da seleção do México. O empresário abandona o país quando a Procuradoria-Geral da República ordena sua detenção, mas é ilibado e regressa pela porta grande: em 2006, o seu amigo Justino Compeán assume a presidência da FMF e Lara volta a trabalhar com o organismo.
A decisão de acolher alguém que no passado tinha lesado a FMF foi muito contestada, mas o presidente não cede: “As nossas portas estão abertas. Precisamos de ter jogos contra grandes equipas e as pessoas que nos possam trazer esses jogos são sempre bem-vindas”, afirma em 2011. Nos últimos anos, Lara organizou encontros particulares entre o México e as seleções de Inglaterra, Holanda e Itália. Mas há quem defenda que o empresário é muito mais do que um simples promotor de jogos na federação mexicana.
“Não há decisões ou projetos sobre as seleções nacionais que não sejam submetidos, estudados e analisados por Guillermo Lara”, escreveu Rafael Ramos, jornalista da ESPN Deportes, em agosto de 2012. “A única área em que não pode intrometer-se é no treino da equipa, mas permitem-lhe que circule pelos hotéis e tenha acesso aos quartos dos jogadores.”
Ramos tem dedicado grande parte da sua carreira à investigação de casos de alegada corrupção no futebol mexicano e defende que “graças a Justino Compeán, Lara goza de total impunidade e continuará a escapar a todas as acusações, como sempre aconteceu”. Esta relação com o presidente da FMF também tem permitido ao empresário poder representar algumas das principais figuras do campeonato mexicano. Foi o que aconteceu com Jackson Martínez.
Atualmente, o avançado do FC Porto já não trabalha com Lara. No último verão, era representado por Luís Henrique Pompeo, a quem os dragões venderam 5 por cento do passe do avançado. Em maio, Pompeo lembrou que era o único agente de Jackson e que Lara e Manuel Manso – outro dos que agenciou o colombiano no passado – já não tinham nada a ver com ele. O site Transfermarkt, porém, mostra que Jackson não é representado por Pompeo, mas pela Pro Soccer 24, empresa sediada na Alemanha e gerida por Aytekin Erayabakan, que também administra a carreira de Nico Gaitán, jogador do Benfica. Sobre este agente pouco se sabe: apenas que gosta de usar uma imagem do filme “O padrinho” como foto de perfil da sua página de Twitter (https://twitter.com/prosoccer24). Sobre Guillermo Lara, no entanto, a história é outra. O antigo internacional mexicano Cuauhtémoc Blanco – imortalizou a finta “canguru” no Mundial de 1998 – sai do cinema para a realidade quando fala de Lara: “É um mafioso do futebol.”
Quem é quem no "narcofutebol" do México
1-Tirso Martínez Sánchez, natural do México, cabecilha de uma rede de narcotráfico e lavagem de dinheiro. Dono invisível do Irapuato e principal investidor do Quéretaro e Atlético Celaya. Detido em fevereiro de 2014.
2-Víctor Mejía Munera, narcotraficante nascido na Colômbia, sócio de Sánchez. Morreu em abril de 2008 na sequência de uma operação da polícia colombiana.
3-Miguel Mejía Munera, irmão gémeo de Víctor, também associado a Sánchez. Capturado em maio de 2008 poucos dias após a morte do seu irmão.
4-Jorge Rios Laverde, narcotraficante colombiano. Trabalhou como promotor desportivo na empresa de Guillermo Lara, antigo agente de Jackson Martínez. Foi preso no México em 2002 e extraditado para os Estados Unidos.
5-Giovanni Avila, também conhecido como Paul Solórzano. Narcotraficante colombiano, ligado a Sánchez e aos irmãos Munera. A DEA diz que era o número 2 na rede de lavagem de dinheiro no Querétaro. Apresentou Rios a Lara.
6-Guillermo Lara, agente de jogadores, nascido no México, é suspeito de ajudar Sánchez a branquear capitais através do futebol.
7-Carlos Álvarez, futebolista colombiano. A sua transferência do Millionarios para o Necaxa foi negociada por Lara. Condenado a cinco anos de prisão no México por tentar sair do país, rumo à Colômbia, com 1,3 milhões de dólares (mais de 1 milhão de euros) não declarados.
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