O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa

de Futebol (FPF) está a investigar nove agentes não licenciados pela FIFA e envolvidos ilegalmente em transferências de jogadores.

Adolfo Lopes, António Araújo, Gaspar Freire, José Almeida, José Varandas, Nuno Baptista, Óscar Dias, Ricardo Rodrigues e Vítor Gouveia são os nomes que constam da lista a que a Agência Lusa teve acesso e que a FPF agora investiga, depois da participação disciplinar feita pela Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF).

Durante o Verão de 2008 estes alegados agentes foram conotados publicamente como representantes de 18 futebolistas.

A investigação levada a cabo pelo CD da FPF iniciou-se depois da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF) ter feito uma participação disciplinar a este órgão, com base em factos veiculados em órgãos de comunicação social.

Entre estas transferências, estão os nomes dos empresários Ricardo Rodrigues e Nuno Baptista, envolvidos respectivamente com os internacionais portugueses Makukula (Benfica, ex-Marítimo) e Ricardo (Betis de Sevilha, ex-Sporting e Boavista).

Contactada segunda-feira pela Agência Lusa, a FPF confirmou "que a queixa da ANAF está a ser analisada pelo CD" e, sem confirmar os nomes em causa, adiou para o momento de uma eventual decisão disciplinar mais declarações sobre a matéria.

Também a ANAF, contactada pela Lusa, recusou-se a comentar os nomes destes agentes não licenciados pela FIFA e dos jogadores envolvidos, afirmando

apenas disposição em batalhar contra os empresários ilegais.

Nuno Baptista confirmou segunda-feira à Lusa que é "desde sempre empresário" de Ricardo e que a sua acção se pauta pela "legalidade e transparência", mas o Sporting negou qualquer envolvimento com este agente não licenciado e assumiu, em comunicado publicado terça-feira no sítio oficial, nunca ter pago qualquer comissão a este alegado empresário.

De acordo com o que a Lusa apurou, estão em causa jogadores de vários clubes portugueses e estrangeiros, como o angolano Mateus (Nacional da Madeira, cuja transacção terá sido levada a cabo por Adolfo Lopes) ou Filipe Oliveira (Sporting de Braga) e Castanheira (Leixões), "representados" por Gaspar Freire.

Óscar Dias surge nesta lista como representante de sete jogadores (Tito, Bruno Patacas, Henrique Mateus, Nikola Milojevic, Pedro Taborda, Diogo Manuel e José Rui), enquanto José Varandas se coloca como empresário de Danilo, William e Edson Sousa.

José Almeida, irmão do jogador do Manchester United Nani, está também sob investigação, já que surgiu na comunicação social como representante do brasileiro do Sporting de Braga Matheus.

O guarda-redes do Benfica Moreira é outro dos alvos da investigação, já que tem sido publicamente representado por Vítor Gouveia.

António Araújo é outros dos agentes não licenciados pela FIFA em causa, no âmbito do jogador Peraltinha.

A ANAF fez a queixa ao CD da FPF exclusivamente com base em declarações prestadas a órgãos de comunicação social pelos agentes não licenciados ou pelos jogadores, assumindo estes serem representados por aqueles primeiros.

O artigo 17 do regulamento de transferências FIFA estipula as sanções no caso de um futebolista "contratar os serviços de um agente de jogadores não licenciado", sublinhando, no entanto, que um jogador pode ser inscrito sem recurso a agentes, bastando para isso incluir essa ausência nos boletins de inscrição.

Em caso de utilização de um agente "ilegal", caberá à federação nacional em que o jogador está inscrito (no caso de transferência nacional) ou àFIFA (no caso de transferência internacional) decidir se "deve ter este facto (recurso a agente não licenciado) em conta, na análise da situação do jogador em qualquer conflito resultante desse contrato ou deve punir

o jogador por meio de admoestação, repreensão ou advertência, multa até à quantia de 10.000 francos suíços (6.500 euros) ou suspensão disciplinar de 12 meses, no máximo".

Também os clubes, de acordo com o mesmo regulamento e caso não cumpram o pressuposto de utilização de agentes licenciados, podem ver os seus órgãos dirigentes suspensos, ficar impedidos de transferir jogadores durante três meses ou mesmo serem impedidos de "toda a actividade nacional e/ou internacional".

A transferência, utilizando um agente ilegal, será igualmente "considerada nula", conforme dizem também estes regulamentos.

Lista de agentes não licenciados sob investigação do CD da FPF:

Adolfo Lopes, António Araújo, Gaspar Freire, José Almeida, José Varandas, Nuno Baptista, Óscar Dias, Ricardo Rodrigues e Vítor Gouveia.