O passado
Otto Bumbel (treinador); Pulido (cap.), Falé, Athos, Vital, Vicente e Paixão; Fialho, Marciano, Caraça, Vieirinha e Batalha. Há quase 50 anos, na época de 1956/57, esta equipa do Lusitano de Évora, então uma referência no panorama do futebol nacional, terminava em quinto lugar o Campeonato Nacional da I Divisão, naquela que foi a melhor classificação de sempre do clube alentejano entre a elite.
Hoje, meio século depois, estes nobres feitos do popular Lusitano, instituição de utilidade pública com 92 anos de história, são cada vez mais os motivos de saudade, de uma nostalgia que aumenta à medida que a colectividade se afunda em termos de resultados desportivos.
À entrada do Campo Estrela, propriedade do Lusitano, há uma placa que assinala esses momentos gloriosos e, ao mesmo tempo, presta singela homenagem a todos aqueles que dignificaram o nome do clube. “Mais vale tarde do que nunca...!
Homenagem a todos os dirigentes, técnicos e atletas do Lusitano Ginásio Clube que, nas épocas 52-53 a 66-67 do Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão escreveram a mais importante página da história desportiva deste clube, da cidade e do Alentejo”, lê-se.
Por essa altura, Fialho e outros nomes gloriosos, os mesmos que deram grande projecção ao clube de Évora, viviam o futebol com intensidade e o público correspondia, comparecendo no campo de jogos. Ainda hoje há quem recorde os 4-0 ao Benfica, os tempos em que o FC Porto enchia, com os seus adeptos, o campo do Lusitano, quando uma centena de autocarros deixava repletos o Rossio e São Brás, onde hoje se realiza a feira anual da cidade.
Presente
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. A glória, sempre efémera, deu lugar ao desencanto e o Lusitano de Évora está, pela primeira vez desde a sua fundação, 11 do 11 de 1911, nos Distritais. Um mergulho nas profundezas do futebol que foi rodeado de situações ainda hoje de difícil explicação, inclusive para o presidente do clube, Morais dos Santos, um empresário de 49 anos.
“Não gosto de acusar ninguém sem estar na posse de provas mas houve, de facto, situações muito estranhas. Começámos o campeonato muito mal mas entre a 8ª e a 26ª jornadas, após a mudança de treinador, o Lusitano conseguiu 28 pontos. No início de Março, a equipa contabilizava oito pontos acima da linha de água e defrontava, em casa, adversários que ocupavam posições abaixo da nossa. A verdade é que, nos últimos dez jogos, seis deles em casa com equipas do nosso campeonato, o Lusitano só conseguiu dois pontos. Diz-se muita coisa e eu ando à procura de provas. Tenho algumas suspeitas mas não mais do que isso. Diz-se, inclusive, que houve pressões exteriores, não sei.”
Morais dos Santos está a cumprir, desde 30 de Maio, o seu terceiro mandato como presidente do Lusitano de Évora. “Em 1999, quando pegámos no clube, o Lusitano tinha um passivo de cerca de 100 mil contos (500 mil euros). Nessa altura, falava-se em extinção e ninguém queria assumir responsabilidades. Todos os meses o passivo aumentava cerca de 3000 contos (15 000 euros).”
Hoje, a tendência despesista sofreu, de acordo com o presidente do clube, uma inversão. “A breve prazo o passivo será zero. Neste momento, é de 15 a 20 mil contos mas temos dinheiro a receber”. Para chegar a estes números, o Lusitano foi obrigado a vender o edifício onde funcionava a sede, no centro da cidade, uma decisão polémica e que não agradou a muitos dos associados do Lusitano.
“O edifício não era propriedade do clube. Do Lusitano era apenas um ginásio e parte de um pátio desportivo. Trata-se de um prédio que estava em vias de derrocada. O próprio senhorio moveu um processo ao clube e recebemos uma ordem de despejo por falta de conservação do imóvel.”
Futuro
Sem dinheiro, o Lusitano bateu no fundo e espera, dentro de alguns anos, através da concretização de novas ideias, ser devolvido a uma página bonita da história do futebol. Por agora, resta-lhe viver a experiência de uma passagem pelos regionais.
“É uma tristeza ver o Lusitano, pela primeira vez em 92 anos, nos Distritais. Mas o clube está vivo e em contraciclo em relação ao futebol português. Há cinco anos colocava-se a questão de o Lusitano desaparecer. Agora, vamos perder um ano, não mais do que isso. Se os sócios mais antigos sentem grande mágoa, a minha não é menor. Nasci em Évora há 49 anos, o meu pai fez parte da direcção, o meu irmão (Eduardo Morais dos Santos) foi presidente duas vezes. E eu ainda me recordo bem do último ano do Lusitano na I Divisão”, admite Morais dos Santos.
No ano passado, o orçamento do Lusitano rondava os 30 mil contos e, a despeito da despromoção, a direcção não pretende reduzir significativamente os custos para esta época. “O orçamento sofrerá uma redução mas nada de substancial. Pretendemos construir uma equipa
Clubes de Évora sem público
A rivalidade existe e é bem visível entre Lusitano e Juventude. São vizinhos mas vivem de costas voltadas. E ninguém, na cidade, admite sequer falar numa fusão entre os dois clubes. Entre os sócios mais antigos, esta espécie de ódio é ainda mais exacerbado. A verdade é que os dois estádios estão, frequentemente, às moscas, salvo numa excepção. “Isto é uma tristeza. A adesão das pessoas ao futebol é quase nula. Exceptuando os jogos entre Lusitano e Juventude, não há mais de 60 ou 70 pessoas por jogo”, lamentam os que vivem o futebol.
Morais dos Santos
O Lusitano de Évora tem um projecto que espera pôr em prática dentro de pouco tempo. Para já, estão ainda numa fase de negociações com a Câmara em relação ao PDM. Trata-se de um projecto que prevê a cedência dos 50 mil m2 do terreno onde o Lusitano tem as actuais instalações, recebendo em troca um novo parque desportivo, numa propriedade na Herdade da Silveirinha, a dois quilómetros do Campo Estrela.
“É um terreno com 30 hectares, cinco dos quais para o Lusitano. Metade serão ocupados com dois campos de futebol de 11 e dois de futebol de 7. O restante terá ‘courts’ de ténis, um edifício com cerca de mil metros quadrados para a nova sede e, ainda, uma parte que será destinada a um hotel, a turismo de habitação ou a um lar de terceira idade. Ainda não sabemos.”
O presidente do Lusitano, Morais dos Santos, considera que “esta é a única hipótese de salvação do clube” e explica a razão que o leva a essa conclusão: “Já foi constituída uma sociedade, a Evourbe, e o Lusitano irá receber 200 mil contos, à cadência de 50 mil/ano. O Lusitano tem uma quota de 20 por cento nessa sociedade, que é constituída por duas das maiores empresas ligadas ao sector da construção imobiliária de Évora e pelo Lusitano. Esses 20 por cento permitirão um desafogo financeiro de 12 a 15 anos.”
O máximo responsável pelo Lusitano admite que exista uma certa desconfiança entre sócios e simpatizantes do Lusitano face a um projecto que é considerado por alguns como megalómano. E há mesmo quem chame a estes directores “visionários”. Morais dos Santos tem a palavra.
“Percebo que as pessoas desconfiem. Mas pensem um bocadinho, porque não há segredos. Está na escritura de constituição da sociedade que o Lusitano apenas deixa estas instalações no dia em que tiver as outras prontas. Como? Ou através de uma garantia bancária, ou através de uma hipoteca de uma das propriedades que a Évoraurbe adquiriu. É um negócio perfeitamente transparente. Faseadamente, vamos levantando o véu.”
Estádio Municipal dentro em breve
Évora é, recorda Morais dos Santos, a única capital de distrito que não tem um estádio municipal. Mas essa realidade não se prolongará por muito mais tempo. "Não será já, mas a câmara vai avançar para a construção de um estádio municipal." Como justificar, então, um novo parque desportivo com dois campos de futebol de onze? "O Parque desportivo poderá funcionar mais como academia, com campos para treinos. Temos 200 miúdos nos escalões jovens e o estádio municipal poderia ser utilizado pelo Lusitano nos jogos oficiais."
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