Negócio Mika rendeu 580 mil a César Boaventura

A PJ já identificou movimentos financeiros em diversas plataformas num montante superior a 70 milhões de euros

• Foto: Ricardo Jr

O envolvimento de César Boaventura em offshores tornou-se evidente e incontestável com a publicação por parte do ‘Footballeaks’ do contrato de transferência do guarda-redes Mika do Boavista para o Sunderland, em 2016 (atualmente joga na Académica). Segundo o documento tornado público, os ingleses pagaram 1,450 milhões de euros aos axadrezados. Ora, como estava acordado entre as partes que caso a venda do jogador fosse fechada por um valor acima dos 870 mil euros todo o excedente seria pago à Ontario Ltd, empresa de Boaventura, só neste negócio o agente encaixou 580 mil euros.

César Boaventura em prisão domiciliária

O empresário César Boaventura ficou em prisão domiciliária após ser presente a juiz no Tribunal de Instrução do Porto, tendo sido ouvido durante várias horas. Detido anteontem pela Polícia Judiciária do Porto – pernoitou na cadeia anexa à Polícia Judiciária da Invicta – é suspeito de envolvimento num megaesquema de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento de capitais, na investigação conhecida como ‘Operação Malapata’, que se debruça sobre negócios de transferência de jogadores do Benfica e Sporting, cujas SAD foram alvo de buscas.

A Polícia Judiciária (PJ) esteve nas instalações das águias e dos leões para apreender todos os documentos relativos à negociação de alguns jogadores. No Benfica são pelo menos cinco: Waldschmidt (entretanto vendido aos alemães do Wolfsburgo), Odysseas, (guarda-redes habitualmente titular na equipa de Jorge Jesus), Lisandro López (argentino que trocou a Luz pelo Boca Juniors), Gedson Fernandes (médio que voltou aos encarnados após empréstimos ao Tottenham e Galatasaray) e Nuno Tavares, que foi transferido para o Arsenal.

No caso do empresário César Boaventura, de 42 anos, o recurso ao esquema servia essencialmente para camuflar as comissões cobradas pela venda e compra de jogadores. Não só as negociações em que estava diretamente envolvido, mas também quando se limitou a fornecer serviços a outros empresários que pretendiam fugir aos impostos.

Movimentos de 70 M€

A PJ já identificou movimentos financeiros em diversas plataformas num montante superior a 70 milhões de euros, sendo que César Boaventura é acusado de ter obtido uma vantagem patrimonial em sede fiscal de 1,5 milhões de euros. Além disso, as autoridades estranham que apesar de ostentar carros, imóveis e viagens de luxo nas redes socais o empresário não tenha entregue qualquer tipo de declaração de rendimentos ao Fisco durante a última década.

Ao todo são sete as empresas de contabilidade envolvidas, tendo sido efetuadas buscas a uma empresa de agenciamento de jogadores com sede na Madeira.

Por Nuno Miguel Ferreira
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