DURANTE a semana, Ricardo Sousa prometeu levar a taça para Aveiro. Cumpriu, com mais um golo à imagem dos do pai, com quem chorou de alegria na hora dos festejos: "Mais do que ninguém, o meu pai merecia esta vitória, depois de tudo o que sofreu ao longo da época. Tinha dito precisamente ao vosso jornal que queria começar a sentir as vitórias que ele já teve e devo dizer que a sensação é única. Nem tenho palavras, mas sei que toda a gente de Aveiro merecia esta alegria e isso deixa-me profundamente satisfeito."

Ricardo Sousa teve ainda tempo para destacar o momento que o faz entrar na história do Beira Mar: "Senti que tinha desequilibrado os defesas e limitei-me a desviar a bola do alcance do guarda-redes. Reconheço que foi um golo muito bonito, mas mais importante é a alegria que estamos a viver neste momento."

CANEIRA ATÉ CHOROU

Muita gente estranhou a ausência de Marco Caneira no jogo, mas depressa todos ficaram a saber as razões: o contrato de cedência do Sporting terminou a 31 de Maio e o Beira Mar arriscava-se a perder o encontro na secretaria se utilizasse o jogador.

Os responsáveis do clube foram avisados pela SAD do Sporting às 15 horas de sexta-feira e depressa tentaram encontrar uma forma de resolver a situação algo caricata, mas a FPF não anuiu aos seus desejos. Tércio Silva, vice-presidente, chegou a acusar os responsáveis federativos de falta de bom senso, mas não havia nada a fazer. O Sporting limitou-se a avisar e Mano Nunes compreendeu: "Todos os contratos costumam acabar no fim de Junho e não tínhamos conhecimento que este era assim. Paciência, quem mais sofreu foi o jogador que ficou bastante desalentado."

E Caneira até chegou a chorar. Depois, antes do jogo, ofereceu a sua camisola aos aveirenses. A vitória foi-lhe dedicada e o trinco foi dos mais efusivos na hora de festejar, mas prometeu falar sobre o assunto mais tarde, dizendo apenas que também desconhecia a data do término da cedência ao Beira Mar.

PALATSI TAMBÉM É HERÓI

Palatsi também foi um herói, defendendo tudo o que havia para defender. Levado ao colo por Elísio, o seu concorrente e parceiro de todas as horas, foi o último a chegar ao balneário e depressa saltou o desabafo, ele que já ganhou uma Taça de França ao serviço do Montpellier, mas na condição de suplente: "Esta foi ainda mais importante que a Taça de França, porque tinha algo a oferecer aos adeptos, depois daquele jogo com o Salgueiros. Foi bonito e agora vou pensar duas vezes na possibilidade de sair."

Entretanto, Fusco acabou por ter "a sensação única" de levantar o "caneco" e quase ficou sem palavras: "Nunca pensei chegar até aqui. Julgava ser impossível, mas o futebol é bonito por isto mesmo. Merecemos inteiramente."

ANTÓNIO MENDES