Rui Pinto, criador do Football Leaks e autor das revelações do Luanda Leaks, encontra-se, desde quarta-feira, em
prisão domiciliária, após o
despacho da Juíza de Instrução Criminal (JIC) Cláudia Pina ter determinado ao hacker português uma medida de coação menos gravosa.
Aos olhos da ex-eurodeputada Ana Gomes, este foi um momento de bom senso por parte das autoridades portuguesas, tal como refere em declarações prestadas, por vídeo-chamada, ao 'Porto Canal'.
"As autoridades portuguesas podiam, tal como fizeram as belgas, holandeses e francesas, ir ter com o Rui Pinto na Hungria desde que sabiam que ele era uma das fontes do 'Football Leaks', visto que estavam a revelar muitas coisas relacionadas com agentes da criminalidade aqui, em Portugal, e com crimes praticados contra os interesses portugueses. As autoridades portuguesas podiam ter ido ter com ele à Hungria, podiam ter ido obter a colaboração dele tal como obtiveram as outras entidades que já referi e até o Eurojust, mas escolheram não o fazer. Escolheram atuar a mando de um fundo baseado em Malta, chamado Doyen. Um fundo altamente suspeito, que hoje está de resto a ser investigado em Espanha por todo o tipo de ilegalidades. E escolheram prendê-lo durante um ano", começou por dizer a ex-eurodeputada.
"Finalmente houve bom senso. Houve alguém dentro das autoridades portuguesas judiciais, policiais, que entendeu que isto era muito mau para a imagem da justiça em Portugal e para a credibilidade da justiça em Portugal e chegaram a um entendimento, juntamente com os advogados de Rui Pinto e o próprio Rui Pinto. Espero que se tente prevalecer o bom senso e inaugure uma nova era de colaboração entre Rui Pinto e as autoridades portuguesas para se ir atrás da grande criminalidade que ele expôs e que ele pode vir a expôr. É por isso que também que a sua segurança é mais importante que nunca e tem de ser obviamente assegurada pelas autoridades portuguesas", concluiu.
Por Sérgio Magalhães