Pedro Miguel: «No futebol, se não formos exigentes, dificilmente temos sucesso»

Treinador do Lus. Lourosa descreveu os seus métodos de trabalho em entrevista à Liga Portugal

Pedro Miguel é levado ao colo pelos seus jogadores quando venceu a Liga 3
Pedro Miguel é levado ao colo pelos seus jogadores quando venceu a Liga 3 • Foto: Fábio Poço / Movephoto

Pedro Miguel orienta o Lus. Lourosa há duas temporadas, tendo subido os leões à 2ª Liga e, agora, lutando por manter o clube neste escalão. Em entrevista à Liga Portugal, nomeadamente na rubrica 'Homem do Leme', o técnico, de 58 anos, realçou alguns pontos-chaves da sua carreira como treinador e a ligação que tem com o emblema que agora representa. 

"Não é fácil desligar-se nesta profissão, porque somos avaliados semana a semana. A moral no futebol, normalmente, só dura três dias, porque pode não correr bem no jogo seguinte", referiu Pedro Miguel, salientando o impacto dos "adeptos apaixonados" do Lourosa no seu plantel: "Isso é bom, porque nos mantém ligados em campo. Temos uma pressão boa porque os adeptos marcam sempre presença, só temos que procurar retribuir isso em campo, com vitórias e boas exibições, porque merecem."

No entanto, o treinador admitiu que nunca mudou uma decisão por conselho da bancada. "Sou muito teimoso para isso. Não ouço nada, porque estou absorvido pelo jogo. Por exemplo, no jogo com o Feirense, o meu treinador-adjunto foi expulso e eu nem sequer ouvi. Ouvir nomes todos ouvimos e os adeptos, quando não estamos a ganhar, querem que entrem mais avançados, mas nem sempre pode ser assim, porque deixámos a equipa destapada cá atrás", exemplificou o técnico.

E prosseguiu, com a "exigência máxima" como a principal caraterística como treinador.  "Nunca vou desligar da ficha, porque no futebol sabemos que se não formos exigentes e rigorosos dificilmente temos sucesso. Por isso, temos que estar no máximo em todos os níveis. Físico, mental e tático, só assim conseguimos encontrar o sucesso", frisou.

Veja outros assuntos que Pedro Miguel abordou na sua entrevista à Liga Portugal:

Tem alguma superstição? "Não. Respeito, mas não tenho, nunca tive nem como jogador. Vi muita coisa nos balneários e, enquanto treinador, quero é que os jogadores se sintam bem. Nunca disse isso, mas o que pode ter influência uns nos outros é a religião. Uns jogadores sentem-se bem com uma vela acesa, a outros faz mal, portanto temos que respeitar o espaço de cada um."

Qual foi a superstição mais insólita? "Já me apercebi que colegas meus, por serem demasiado católicos ou religiosos, influenciavam os outros.  Quando estive no Farense, como jogador, havia jogadores que eram de várias religiões e isso acabava por interferir uns nos outros. Alguns jogadores não queriam ver determinadas coisas. Cada um faz as suas coisas em privado, por isso é preciso respeitar o espaço em cada um."

O momento mais marcante que viveu num balneário? "Quando há subidas ou conquistas, são os momentos mais alegres. O contraste é quando não conseguimos atingir os objetivos. Não são só os adeptos, somos nós, que somos os primeiros a perceber. Momento mais marcante? Já conquistei o campeonato nacional de júniores pelo FC Porto, como jogador. Eu gosto da base, é sempre na formação que chegamos a algum lado."

Qual foi o conselho mais valioso na sua carreira? "Saber respeitar o colega, aceitar a diferença e dar o máximo."

Costuma falar com os adversários depois do jogo? "Falo, se tiver pessoas amigas posso nem cumprimentar antes do jogo. Mas cumprimento depois, o futebol não é uma guerra, não há adversários."

Que hobbies tem? "Gosto de estar no sossego, sou uma pessoa muito pacata. No jogo, já me enervo mais um bocadinho, com respeito, como quero que tenham o mesmo a respeito comigo. A pessoa com quem falo mais é o auxiliar, porque está ali à frente, mas sempre com o máximo respeito. Gosto de passear. No futebol há muita confusão, portanto gosto de olhar para as árvores de fruto e ouvir os pássaros em casa dos meus pais. Ponho-me armado em agricultor a plantar algumas coisas, mas às vezes não saem como eu quero. O futebol não é matemática, mas na agricultura também tive que ter uma treinadora."

Uso do boné. "Eu gosto de usar chapéu, já uso há uns anos. O cabelo também vai começando a cair, mas espero continuar, é sinal de que ando aqui. Gosto de futebol e do que se passa cá dentro. É mais bonito."

Mensagem para os adeptos. "Procurar que os nosso adeptos nos apoiem como o têm feito. Têm sido o nosso 12.º jogador. Outro desejo como grupo de trabalho é rapidamente regressar à nossa casa, temos esse objetivo e fazermos do nosso estádio a nossa fortaleza. É o que mais desejo."

Por João Albuquerque
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