UM marco histórico no futebol português. Pela primeira vez uma equipa madeirense e outra açoriana defrontaram-se em jogos oficiais do escalão principal. Um embate "testado" há 15 dias na Ribeira Grande, quando o Santa Clara bateu o Marítimo, por 2-1, na segunda jornada do Torneio do Operário.
Domingo, num desafio bem mais a sério, os madeirenses não emendaram a mão e voltaram a confirmar que a maior pecha do conjunto continua a ser a finalização. Quanto aos açorianos, Manuel Fernandes confirmou possuir uma equipa simpática, mas que ainda revela algumas carências físicas para aguentar os 90 minutos. O calor, a humidade e a relva alta também não ajudaram à festa e o momento histórico que se realizou no Estádio dos Barreiros acabou por tornar-se numa vulgar partida de futebol. Até no resultado: em branco.
Nelo Vingada pôde contar pela primeira vez com o argentino Toedtli (rendeu o inoperante João Oliveira Pinto à meia hora de jogo). O homem que veio para a Madeira para fazer esquecer o canadiano Alex mostrou bons pormenores no jogo de cabeça, mas revelou-se pouco hábil com os pés. Aos 55m, completamente isolado diante de Fernando (um ressalto traiu a concentrada defesa açoriana), Toedtli rematou torto para as mãos do guardião. Cinco minutos depois, num lance confuso na grande área dos visitantes, perdeu uma das botas. Sintomático. Quanto a Sumudica, o outro dianteiro que deixou boas indicações contra o Salgueiros, as marcações de Luís Miguel e Sérgio não lhe deixaram grandes espaços para testar a pontaria.
No Santa Clara, Manuel Fernandes montou uma equipa muito bem arrumadinha no meio-campo e na defesa, com o capitão Figueiredo a comandar as tropas. Na frente, o trio Clayton-George-Gamboa voltou a prometer mundos e fundos. Aos 18m, as chuteiras vermelhas de Gamboa dão o primeiro sinal de perigo na partida, obrigando Van der Straeten a uma saída arrojada. Logo a seguir é Clayton (que jogador!) que erra a pontaria por centímetros num remate em jeito, de fora da área. A partir daí, os açorianos tomaram os cordelinhos do jogo.
FIGUEIREDO À BARRA
Muito lento na transposição da bola do meio-campo para o ataque - Barrigana vigiava na perfeição o mais repentista dos madeirenses, o búlgaro Iliev - o Marítimo, que só causava algum perigo em lances de bola parada, regressou do balneário mais afoito. Eusébio testou a mira de longe por duas vezes, mas Fernando não tremeu.
Os madeirenses começavam a controlar as operações a meio-campo e Manuel Fernandes decidiu reforçar o meio do terreno: fez entrar o médio Sérgio Gameiro para o lugar do dianteiro George. Ainda faltava mais de meia hora para o final e o Santa Clara já começava a pensar no empate. No entanto, quem tem Gamboa e Clayton no ataque arrisca-se a marcar golos e aos 58m, de novo, as chuteiras vermelhas do português quase calaram as bancadas dos Barreiros (excepção feita às três dezenas de apoiantes açorianos), num desvio subtil à saída de Van der Straeten.
Desesperados com a lentidão dos jogadores da casa, os adeptos maritimistas pior ficaram quando, aos 75m, Figueiredo alçou da perna direita para um remate que levava selo de golo. O esférico, endossado pelo inevitável Clayton (quem havia de ser), foi embater na barra, num lance que originou mesmo a assistência ao guardião dos madeirenses (lesionado na sequência da jogada). O Santa Clara voltava a reafirmar ser uma equipa perigosa no ataque, mas começava a evidenciar algum desgaste. No segundo tempo, os açorianos não ganharam qualquer pontapé de canto e só por cinco vezes tentaram o remate à baliza adversária.
A troca de Iliev por Piaggio (outra estreia no Marítimo) não trouxe qualquer novidade à equipa de Nelo Vingada que nos instantes finais lá percebeu que a única maneira de tentar surpreender a bem estruturada defesa visitante era procurar a cabeça de Toedtli. Por duas vezes o argentino chegou mais alto que os defesas contrários. Na primeira atirou por cima da barra; na segunda solicitou José Soares, mas este rematou torto, ao lado.
O Santa Clara caíra no erro de recuar no terreno e no período de descontos quase viu Carlos Jorge a emendar, na pequena área, um remate de Albertino. Na bancada central ainda se gritou "golo", mas o esférico acabou por ser aliviado para o meio campo, gorando-se a última oportunidade de golo para os locais. Instante depois, Bruno Paixão (muito fôlego no apito e cartolinas amarelas a mais para duas equipas que mantêm uma excelente vizinhança) dava por terminado um desafio que se anunciava histórico mas que acabou por tornar-se uma vulgaridade.
PAULO QUENTAL
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