«Táctica do pirilau» hipoteca aspirações insulares

Paulo Autuori apresentou um esquema táctico surpreendente, com três trincos [Soeiro, Zeca e Humberto] e três avançados, dois deles pontas-de-lança de raiz. Mas o Sporting tinha, então, uma grande equipa...

O MARÍTIMO chega, pela segunda vez no seu historial, à final da Taça de Portugal. A primeira vez aconteceu na época de 1994/95, ou seja, há seis anos, e, tal como agora, mobilizou a região da Madeira, cuja população compareceu em força no Jamor. O adversário dessa final foi o Sporting, então dirigido por Carlos Queiroz, que dispunha de um plantel de luxo, quiçá o melhor do futebol português à época.

Naybet, Marco Aurélio, Figo, Balakov, Amunike e Sá Pinto eram algumas das estrelas dessa equipa, cujo favoritismo para a final seria confirmado em campo, com uma vitória que bem cedo começou a ser construída. Um golo de Iordanov logo aos 10’ traçou o destino de um jogo sem história face à frágil réplica insular.

Paulo Autuori apresentaria um esquema táctico surpreendente, com três trincos [Soeiro, Zeca e Humberto] e três avançados, dois deles [Alex e Paulo Alves] pontas-de-lança de raiz [o outro era Edmilson, hoje no Sp. Braga]. Mas a equipa ficou refém do peso excessivo dos trincos, denotando grandes dificuldades em soltar-se para a movimentação ofensiva e alimentar os três homens da frente. Nem o golo prematuro de Iordanov fez Autuori mudar de ideias – a equipa sentiu falta de flanqueadores – persistindo em afunilar o jogo, pecado de uma estratégia que Autuori, mais tarde, já na Luz, voltaria a perfilhar, perante as críticas da imprensa que a rotulou de a “táctica do pirilau”.

Só na 2ª parte, o Marítimo deu um ar da sua graça, com a entrada de Vado e o sacrifício de um dos centrais [Robson]. A equipa soltou-se um pouco e o seu jogo ofensivo ganhou amplitude, pondo fim ao “passeio” leonino. Mas só aos 57’, Autuori mexeu na equipa. Há que reconhecer que os leões tinham uma equipa muito superior à do Marítimo em termos de valores individuais e que se apresentava, à partida, com uma margem de favoritismo considerável.

Domingo, o FC Porto também é favorito, por razões óbvias, mas a “décalage” entre as duas equipas não é tão acentuada como a que havia entre os dois finalistas de 1995. O que significa, desta vez, que o Marítimo tem, pelo menos teoricamente, mais hipóteses de levar o “caneco” para a Madeira.

A final da Taça 94/95

Jogo no Estádio Nacional.

Árbitro: Bento Marques.

SPORTING – Costinha; Nélson, Naybet, Marco Aurélio e Vujacic; Oceano; Carlos Xavier, Figo, Balakov e Amunike; Iordanov.

Substituições: aos 75’, Filipe rendeu Carlos Xavier; 79’, Balakov por Sá Pinto; 89’, Costinha por Lemajic. Não utilizados: N. Valente e Dani.

Treinador: Carlos Queiroz.

MARÍTIMO –- Ewerton; Heitor, Robson, Carlos Jorge e Gustavo; Humberto, Zeca e Soeiro; Alex, Edmilson e Paulo Alves.

Substituições: aos 57’, Robson por Vado; e 72’, Heitor por José Pedro. Não utilizados: Bizarro, João Luís e Rebelo.

Treinador: Paulo Autuori.

Ao intervalo: 1-0.

Marcador: Iordanov (10’ e 86’).

Acção disciplinar: amarelo a Figo, Vujacic, Carlos Xavier e Oceano; vermelho para Bizarro, suplente não utilizado.

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