O Marítimo tem tradição na Taça de Portugal, pois já marcou presença na final por duas ocasiões, tendo perdido frente ao Sporting por 2-0, em 1994/1995, e com o FC Porto, por igual resultado, em 2000/2001. Nesta segunda eliminatória, os verde-rubros deslocam-se até Lisboa, onde defrontam no mítico Estádio do Jamor outro histórico do futebol português, o Belenenses, às 11 horas de sábado.

Vítor Matos, fez o lançamento da partida esta quinta-feira. “Encaramos este jogo da mesma forma que encaramos os jogos do campeonato, só que este tem um contexto diferente, pois é um jogo a eliminar. Vamos ter a mesma humildade, o mesmo carácter, isso não vai mudar, sendo campeonato ou Taça”. Para o técnico, não importa se vai ou não dar a oportunidade a alguns jogadores menos utilizados. “O mais importante é o onze que vai entrar em campo, que é aquele que eu acho que no momento está mais motivado, capaz de fazer o jogo de acordo com a nossa identidade. Isso vai manter-se sendo uma partida do campeonato ou da Taça. Às vezes, diz-se que há uma forma diferente de olhar para a Taça de Portugal, mas não há divisões, mas sim duas equipas que querem ambas ganhar aquele jogo, que é a eliminar e por isso é um jogo que após o seu final fica decidido o futuro na prova”, disse.

Um Belenenses ofensivo

Sobre o opositor, o líder maritimista mostrou-se bem conhecedor do valor dos azuis do Restelo. “O Belenenses é uma boa equipa e o último jogo, o resultado não reflete o que tem feito em termos de ideia de jogo. São uma equipa ofensiva, que procura dominar o adversário e isso é sempre competitivo de se jogar contra. Tem jogadores muito experientes, como é o caso do Nuno Tomás e do Wilson Eduardo, o próprio Jorge Teixeira, tendo jogadores interessantes que chegaram ao clube agora já no final do mercado que poderão já jogar, como é o caso do Diogo Cabral e do João Paredes. É uma boa equipa, um histórico de Portugal que está na Liga 3 e que temos que encarar o jogo dessa forma, pois também vamos jogar a partida num estádio histórico”, revelou. "É importante pensar que jogamos na Taça de Portugal, que tem um cariz especial e que todos nós gostamos, tendo toda esta envolvência, ainda torna o jogo mais especial”. Sobre uma hipotética ida ao Jamor, mas para disputar a final, o treinador de 37 anos, que está a estrear-se como treinador principal, não se alongou em grandes sonhos: “Acho que o importante é jogar com o Belenenses e não estar a pensar se vamos subir e chegar à final da Taça de Portugal. Vai ser um jogo difícil, pois nenhuma equipa tem nada a perder, é um jogo a eliminar, sendo um jogo competitivo ao máximo, por isso, a nossa preocupação tem a ver com o jogo e não com uma possível ida à final da prova”.

Depois, quando confrontado com o facto de o Marítimo ser considerado com um gigante em relação aos azuis do Restelo, Vítor Matos mostrou-se feliz: “Ainda bem que o Marítimo é visto como um gigante e tudo isso tem a ver com a história do clube, como o Belenenses também é um gigante desta competição. Se há coisa que é claro na Taça de Portugal é que não há divisões no jogo. Há demasiados exemplos, quer em Portugal, quer em outros países, em que um clube de uma divisão inferior consegue ganhar a outro de uma divisão superior. Quando olhamos para as equipas, primeiro temos que respeitar o adversário e em segundo olhar para a prova da mesma, pois no futuro poderá tocar-nos a nós de ter esse conceito de estarmos uma divisão abaixo”. Para o treinador dos madeirenses, não haverá para já problemas em termos de sobrecarga de jogos: ”Temos jogos com uma semana de diferença, por isso não há problemas em termos físicos ou mentais, eu estou muito motivado e quando eu estou, todos têm de estar motivados. Tudo dependerá do calendário em termos de futuro”.

Um bom presente de aniversário

O Marítimo está a comemorar o 115º aniversário e vai reunir os seus associados num jantar de comemoração no Casino da Madeira, havendo a entrega das medalhas aos sócios com 50 e 75 anos de dedicação ao clube, havendo ainda animação musical. Vítor Matos gostava de dar uma bela prenda de anos aos sócios e simpatizantes maritimistas. “É óbvio que se quisermos associar o jogo ao aniversário do clube, seria um excelente presente vencer o jogo.  Acho que o momento que se vive atualmente, mais do que significar um jogo, tem de significar um processo, o que se está a procurar construir. Isso tanto poderá ser no campeonato, como na taça, a maior prenda será sem dúvida que no final, toda a gente tenha orgulho daquilo que o clube está a começar a construir ou a reconstruir, como queiramos definir. Esse terá de ser o maior presente para um ano tão histórico. Dando pequenos passos teremos de chegar a esse momento”, disse.

Por último, o técnico abordou o atual estado da equipa, revelando que a sua equipa está a caminhar “passo a passo”. “É um processo, estamos a falar de seres humanos e quando falamos de equipas de futebol há sempre altos e baixos naquilo que é o rendimento e às vezes olhamos de fora só em termos de resultados e muitas vezes de dentro temos que olhar em termos de processo. Com o passar do tempo procuramo-nos aproximar daquilo que é o potencial da equipa. Acho que ainda podemos dar muitos passos naquilo em que poderemos melhorar ao nível da qualidade de jogo. Estamos num bom momento em termos de processo, há bons indicadores, mas isso não se traduz só em resultados, mas sim em mais coisas e temos de continuar a evoluir”, finalizou.

A equipa viaja amanhã para Lisboa durante a tarde. Martim Tavares está recuperado e já treina sem limitações, enquanto Paulo Henrique e Igor Julião continuam entregues ao departamento médico do clube.