A confusão instalou-se no nosso mundo desportivo depois do que aconteceu com o atraso do FC Porto-Marítimo e a eliminação do Sporting no balneário do Estádio 25 de Abril. Há contas para acertar mas tudo indica que iremos assistir a um desfecho que não irá parar o relógio a ninguém, apesar da poeira que já anda no ar...

Record apurou que os delegados da Liga presentes no Dragão – o sénior Fernando Araújo, natural de S. João de Ver e um dos mais antigos na função, e o “rookie” Miguel Oliveira – reportaram o atraso registado de forma factual. É o que costuma acontecer quando uma equipa se atrasa na saída do balneário, com os delegados a registarem uma ocorrência que por norma dá multa se o atraso for superior a dois minutos. É esta a margem de tolerância.

Em relação ao Penafiel-Sporting, o jogo do Dragão começou com um “delay” de 2.45 minutos, nunca sendo este tempo recuperado. Em Penafiel estavam os delegados da Liga Abel Cutelo e Ricardo Coelho. Entre as duas equipas de delegados não houve qualquer espécie de comunicação no sentido de permitir que tanto a 1.ª parte como a 2.ª parte de ambos os jogos começassem ao segundo. Mas nem sempre tem sido assim. No final do último campeonato, com o FC Porto a jogar em Paços de Ferreira e o Benfica a receber o Moreirense, os delegados destacados estiveram em comunicação e as duas partes de ambas as partidas começaram em absoluta sincronia. Uma situação que, conseguimos ainda saber, também já aconteceu em momentos decisivos da própria Taça da Liga! O que apenas ajuda a adensar o mistério sobre a negligência que parece ter acontecido desta vez e que implica também o coordenador dos próprios delegados da Liga, Emídio Fidalgo, antigo responsável da comissão técnica da mesma instituição.

Fidalgo, recorde-se, substituiu no cargo Óscar Fernandes, um antigo dirigente do FC Porto que desde o início e durante muito anos comandou o sector. Mas há que subir ainda um pouco mais na hierarquia para se apurar se não era dever da comissão executiva da Liga, neste momento apenas composta por dois elementos (Mário Figueiredo e Andreia Couto), alertar os delegados da Liga para a sensibilidade desta situação, pois a decisão entre FC Porto e Sporting apontava claramente para um desempate através da diferença de golos...

FPF implacável com incumpridores

A FPF tem sido implacável com os clubes que atrasam a sua entrada em campo. Só esta época, no Nacional de iniciados, o P. Ferreira e o Cachão foram punidos com derrotas por 3-0 devido a entrada tardia no recinto de jogo. Também no CNS, o Barreirense perdeu 1-0 em Loulé, mas acabou punido com derrota por 3-0, pois uma avaria no autocarro atrasou a chegada ao estádio. Estes casos não mexeram com apuramentos para as fases seguintes. Mas na época passada, nos iniciados, o Oeiras-Belenenses terminou 1-1, apurando o primeiro para a 2.ª fase da prova. Mas o árbitro denunciou o atraso do Oeiras na entrada em campo e este acabou derrotado (0-3), “oferecendo” a vaga ao Olhanense.

Caso a rolar para inquérito

Compete agora à Comissão de Instrução e Inquéritos da Liga determinar se, em função dos relatórios dos delegados da Liga e do árbitro Manuel Mota, e também em função de repercussão pública do caso, determinar se há qualquer razão para abrir um inquérito para averiguar se o atraso no FC Porto-Marítimo foi deliberado. Certo é que fonte do clube maritimista já confirmou que a equipa insular esteve à espera no túnel do Dragão pela saída da equipa do FC Porto do seu balneário. Isto enquanto fonte da Liga já fez saber da possibilidade de ser apresentada uma queixa no Ministério Público para dissipar qualquer dúvida sobre a integridade da competição em causa. Tentámos falar com Mário Figueiredo mas não foi possível obter a sua reação.