Record Talks: Paixão Eterna

Quarta edição juntou Dani, Diamantino e Carlos Manuel para uma conversa em torno do amor pelo futebol. Os tempos mudam, mas a ligação permanece

• Foto: Pedro Castanheira e Cunha/Record

O futebol é paixão, sentimento e... rivalidade. Dentro e fora dos relvados. Dani, Diamantino Miranda e Carlos Manuel brilharam nos relvados e hoje são comentadores televisivos, procurando explicar o jogo que viveram por dentro e fugir da clubite. Na quarta edição do Record Talks, subordinada ao tema 'A paixão é eterna', numa conversa dirigida por Filipe Alexandre Dias, editor executivo de Record, aqueles três antigos internacionais confirmaram o que o público já suspeitava: a paixão pelo futebol é mesmo eterna e os laços criados ao longo de uma carreira são inquebráveis!

"A paixão e o vício do futebol não nos larga. Às vezes damos por nós e estamos a jogar na cadeira...", reconhece 'Carlão', considerando que "antigamente havia rivalidade, mas mais respeito" entre os agentes desportivos, incluindo os adeptos. "Hoje [as claques] combinam [confrontos] e isso é perigoso. Isto tem a ver com o quê?", assinala o antigo internacional, para quem "a parte negativa das redes sociais é muito mais forte do que a positiva", sendo que "o jornalismo também mudou".

Diamantino pega no 'esférico' em pleno Estádio Municipal de Leiria para concordar. "No nosso tempo, os jornalistas conheciam o homem e não apenas o jogador. Viajavam connosco no autocarro", sublinha o antigo jogador do Benfica, recebendo a resposta de Carlos Manuel: "Os jogadores vivem numa bolha, mas as coisas estão diferentes. Se vier uma entrevista de fundo comigo ou uma entrevista a dizer que o Ronaldo tem a cueca rota, qual vai ser a notícia mais lida?"

Questionado sobre se há, hoje em dia, um nível de animosidade diferente entre os jogadores, a resposta de Carlos Manuel vem pronta: "Depois de um dérbi almoçávamos e jantávamos tanta vez", relembra o antigo treinador leonino, lamentando a polémica recente em que Jorge Costa "foi encontrado a almoçar com o pai do Rui Costa e foi classificado de traidor".

A visibilidade mediática é um dos reflexos da paixão pelo futebol e foi também um desafio para Dani, que na década de 1990 andou nas bocas do Mundo. O antigo jogador de Sporting e Benfica não esconde que sentiu desconforto na 'Danimania'. "O pior é que isso te afeta a ti, a tua família e quem vive diariamente contigo", frisou.

Acostumado a jogar com 100 mil pessoas nas bancadas, Diamantino decidiu deixar de jogar quando se mudou para o V. Setúbal. Num jogo de pré-época, o Vitória marcou um golo em Famalicão e "nem uma mosca se ouviu!". "Aquilo bateu-me muito. Dei tudo o que podia dar, mas tirou-me o interesse de jogar na alta competição", relembra o mágico, que tinha mais dois anos de contrato e iniciou a carreira de treinador. Hoje, como comentador, mantém a " toda a paixão de sempre".

Aquela final inesquecível de Diamantino

Diamantino Miranda era um artífice, um jogador especial. E com uma personalidade vincada, bem visível no dia em que pregou um valente susto a Nunes, colega de quarto no estágio antes da final da Taça de Portugal de 1987, que o Benfica venceu perante o Sporting (2-1), no Estádio Nacional. Quando inquirido por Filipe Dias sobre como se dormia nas vésperas das finais, o antigo médio aproveitou para questionar a 'ditadura' da tecnologia no futebol e deu o exemplo do que aconteceu precisamente com ele antes desse jogo mítico no Jamor.

"Quando hoje se fala que um jogador pode jogar 25 minutos porque o Lab diz que só pode jogar 25 minutos... Nunca fui de sair à noite, mas gostava de ficar a ver televisão e na véspera do jogo fiquei acordado até muito tarde. Disse ao Nunes que me ia embora e pedi para avisar o [John] Mortimore, a dizer que não queria jogar", recordou o ex-internacional português, para contrariar aquilo que ditam os cânones do futebol moderno. "Devo ter dormido uma hora até irmos para o pequeno-almoço. E o que é que aconteceu? Chego ao jogo, faço 2 golos e aquela exibição, que ainda hoje é considerado um dos jogos mais icónicos do Benfica", recordou.

Por Joaquim Paulo
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