Instalações do Fabril do Barreiro encerradas por decisão judicial

Clube ficará apenas com o Estádio Alfredo da Silva

• Foto: rostos.pt

Duas instalações do Fabril do Barreiro foram encerradas na manhã desta quinta-feira por decisão judicial. O pavilhão Vítor Domingues, onde treinam e jogam modalidades como judo, hóquei em patins ou patinagem artística, e o Estádio João Pedro, a casa das camadas jovens do futebol, foram fechados, segundo avança o diário digital 'Rostos'.

Ainda de acordo com a mesma publicação, cerca de 600 atletas ficarão assim impedidos de continuar a sua atividade desportiva. No entanto, os espaços em que se praticam judo e ténis não foram encerrados e manterão funcionamento até quarta-feira, dia 5 de março, bem como os campos de jogos das escolas de formação do clube da Margem Sul.

Esta decisão judicial é a consequência de um processo colocado pela entidade proprietária dos terrenos, que tem em mente um projeto imobiliário a realizar naquele espaço, que inclui o Pavilhão Vítor Domingues, o Estádio João Pedro e ainda outros campos. Desta forma, o Fabril do Barreiro ficará apenas com o Estádio Alfredo da Silva, onde atua a equipa principal de futebol.

Proprietário dos terrenos responde

Entretanto, em comunicado enviado à imprensa, José Pedro Rodrigues, empresário que está a desenvolver a reabilitação do antigo complexo desportivo, já reagiu, dando a sua versão dos acontecimentos.

"Entrega voluntária dos terrenos adquiridos em 16 de março de 2022 –

Grupo Desportivo Fabril do Barreiro

Publicou o Jornal Rostos, algumas notícias relativamente às ações que visaram dar cumprimento a uma decisão judicial, que tiveram lugar, ontem, dia 27/02/2025, nas antigas instalações do complexo desportivo da CUF no Barreiro, tendo feito deslocar para o local um jornalista que poderia ter ouvido presencialmente a versão factual dos acontecimentos e recolhido os testemunhos dos legais representantes da entidade proprietária do complexo desportivo.

Optou o Sr. Jornalista, por critérios editoriais que respeitamos, dar notícias sem recolher devidamente a totalidade dos factos, criando na população destinatária, com essa abordagem, uma perceção errada dos acontecimentos que estão a ocorrer, e que já deram origem a vários textos de opinião, também publicados no jornal Rostos, de responsáveis políticos em funções.

Para o efeito, convém dar os seguintes esclarecimentos, devidamente enquadrados nos factos:

1 - Toda a área do antigo complexo desportivo da antiga CUF – hoje Grupo Desportivo Fabril do Barreiro, é uma área totalmente vedada à população e que pertencia ao património de uma das empresas do universo do Grupo Melo.

2 - Tendo sido gerida pelos sucessivos órgãos dirigentes do Grupo Desportivo Fabril do Barreiro, que beneficiando de um direito de superfície para a prática de atividades desportivas, exclusivamente amadoras, na totalidade do complexo, foram deixando degradar-se, ao longo dos anos, todo o complexo desportivo, abandonando sucessivamente várias modalidades amadoras que foram uma referência na formação desportiva no Barreiro.

3 - Foram sendo desenvolvidas, por algumas direções do Grupo Desportivo Fabril do Barreiro, actividades comerciais que lhes estavam vedadas nos termos do contrato do direito superfície firmado, e que levaram, com essas irregularidades, a que a empresa do Grupo Melo, que era há data, proprietária do Complexo, ponderasse rescindir o direito de superfície na sua totalidade, retirando o Complexo

desportivo da gestão do Grupo Desportivo Fabril.

4 – Tendo sido iniciado um programa de reabilitação do complexo desportivo, que levou a que o Grupo Melo optasse por vender o património, na sua totalidade, e o Grupo Desportivo Fabril do Barreiro pudesse manter a sua atividade desportiva.

5 - Dos acordos estabelecidos e configurados em escrituras públicas, depois de devidamente aprovados por todos os órgãos sociais do Clube (Direção e Assembleia Geral), o Fabril passou a ser pleno proprietário, na sua totalidade e sem qualquer ónus ou encargo, do Estádio Alfredo da Silva, avaliado patrimonialmente no valor aproximado de 4 milhões de euros, e passando a propriedade plena e

gestão do restante complexo desportivo para a posse plena e gestão da nova entidade e dos seus atuais proprietários.

6 - Ao tomar posse do Estádio Alfredo da Silva, uma anterior direção do Grupo Desportivo Fabril decidiu não cumprir as escrituras públicas que assinaram, recusando-se a entregar o complexo desportivo e a sua gestão conjunta à sua atual proprietária, inviabilizando o projeto desportivo idealizado e suportado num conjunto de estudos e projetos, que poderão ser agora apresentados a todos os

sócios e a toda a população do Barreiro.

7 - Algumas das irregularidades praticadas pelas recentes direções do Fabril começaram ontem finalmente a serem repostas, e podem agora os sócios do Fabril e a população do Barreiro fazer uma avaliação, séria, isenta e documentada, de todos os procedimentos que têm sido praticados, por todas as entidades intervenientes neste processo, que com toda a transparência e abertura têm

procurado esclarecer todos os associados do Fabril.

8 – Importa salientar, que alguns artigos de opinião, sem qualquer suporte documental, procuram trazer para o debate político um tema que merece seguramente uma profunda reflexão, e que tem implicações no desenvolvimento do Barreiro, pelo qual lançamos um desafio aos seus autores:

Documentem-se, avaliem as vossas responsabilidades enquanto eleitos pelas populações que merecem soluções de desenvolvimento para o Barreiro, e apresentem propostas que possam trazer para o Barreiro e para o debate uma atitude construtiva.

A saber, desde 17 de março de 2022, que o novo proprietário dos terrenos envolventes ao Estádio Alfredo da Silva, aguardava que as sucessivas direções do Grupo Desportivo, procedesse à entrega voluntária dos indicados terrenos, conforme consta da escritura pública acordada e assinada em 16 de março de 2022, pela direção dirigida então pelo Sr. Faustino Mestre.

Por razões que só o referido presidente e demais membros da direção do Grupo Desportivo, deverão e poderão explicar, foram necessárias diversas interpelações, processos e decisões judiciais, que vieram a culminar com a sentença judicial, que determinou que os imóveis há muito que deviam ter sido entregues, dando assim cumprimento ao acordo estabelecido e às escrituras públicas realizadas.

De facto, é pretensão da entidade proprietária permitir a continuidade da prática desportiva em moldes e condições que serão acordadas no decorrer da próxima semana, permitindo igualmente que se possa desenvolver o futuro projeto desportivo a desenvolver no local.

A realidade dos factos, é a que consta da sentença judicial que juntamos em anexo, para melhor aferição da realidade, donde é possível discorrer que se por um lado, a entidade proprietária e a entidade vendedora, empresa ligada ao Grupo Melo, cumpriram o acordado, entregando o Estádio Alfredo da Silva ao Grupo Desportivo, as direções do Fabril, protelaram por quase 3 anos a entrega efetiva dos terrenos, com enormes custos e prejuízos para o projeto desportivo a desenvolver.

Por último, não se aproveitem e venham agora "Os Velhos do Restelo", fazer considerações de baixa política quanto a uma eventual intervenção da Câmara Municipal do Barreiro neste desenlace.

A Câmara Municipal, o seu executivo, serviços e demais entidades, desconheciam e ainda desconhecem pormenores de todo o processo de negociação e aquisição, pelo que, é falso e descabido de toda a verdade, imputar ou assacar todas e quaisquer responsabilidades ao Município do Barreiro.

Este resultado é tão só, - e é quanto basta por agora - a aplicação da Justiça por parte dos tribunais, que veio confirmar que, quem assina um contrato, sendo pessoa de palavra, cumpre-o!

Barreiro, 28 de fevereiro de 2025"



Por Record
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