Aos 53 anos e depois de ter sido uma referência nas organizações da Expo’98 e do Euro’2004...
RECORD – O que o levou a avançar com a candidatura à presidência da Liga de Clubes?
ANTÓNIO LARANJO – Acima de tudo, a grande motivação que tenho por poder contribuir, nesta fase que o futebol atravessa – e particularmente a Liga Orangina –, levou-me a apostar na minha experiência de trabalho e poder aspirar a conciliar um conjunto de vontades em favor do futebol e naquilo que é esta indústria importante.
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R – Esteve na Expo’98, no Euro’2004, está na Refer. O facto de a Federação Portuguesa de Futebol ter passado a ser o centro do poder do futebol em Portugal não o desmotivou? Afinal, vai ser o diretor-geral do futebol profissional, digamos assim.
AL – Sim, mas o presidente da Liga tem também, por inerência, funções na FPF. E serei naturalmente interventivo naquilo que são as matérias que competem ao futebol profissional. E é na defesa dessas matérias que pretendo desenvolver o meu mandato na FPF. É um desafio. Penso que esta nova Liga que vamos ter, permite-nos também pensar um pouco e recentrar o que é a finalidade da Liga. Desde há muito que a Liga estava com a arbitragem e a disciplina e o facto de essas matérias terem passado agora para a FPF leva-nos a contrariar naquilo que é o objetivo fundamental que se prende com a organização, a captação (de investimentos), no fundo com a sustentabilidade da Liga e dos clubes, aqueles que estão na Liga Orangina ou os que estão na Liga Zon Sagres mas correm o risco de regressar à Orangina, com as dificuldades que se conhecem têm sempre uma vida bastante difícil e complicada. É para aí que os meus esforços vão estar concentrados.
R – Dizem os clubes da segunda liga que a diferença para a primeira é uma e apenas uma: 1,5 milhões de euros, que é o que a televisão paga. Disse que pretende rever a forma como os clubes têm acesso a esse financiamento. Como vai fazer, numa situação em que estamos profundamente retraídos em termos económicos, para convencer as televisões a pagar mais aos clubes?
AL – Primeiro, é necessário perceber o fosso entre a Liga Zon Sagres e a Liga Orangina...
R – ... Mas também dentro da Liga Zon Sagres, entre os 3 grandes e os outros...
AL – ... Exatamente. Não podemos fazer uma Liga Zon Sagres só para os clubes mais poderosos. Terá de ser (uma Liga) para todos os clubes e essa é uma matéria que também está em aberto. Mas as receitas que os clubes da Liga Zon Sagres recebem por comparação com os da Liga Orangina, cria uma diferença brutal naquilo que são, depois, as capacidades de gestão dos clubes. Nesse contexto, uma das tarefas que temos é aproximar as receitas dos clubes da Liga Orangina por forma a diminuir este fosso com a Liga Zon Sagres. Mas isso só pode ser feito quando valorizarmos a segunda liga. Não é seguramente por retirar verbas dos compromissos já firmados, mas acima de tudo em valorizar aquilo que temos, com uma nova liga. Nesse contexto, entendo que há capacidades dentro da Liga – e que eu posso trazer novas capacidades – para com um novo formato organizativo e transformá-las em produtos comerciais que possam vir a justificar novas receitas. Receitas essas claramente a distribuir pela Liga Orangina.
R – A renegociação dos direitos televisivos da primeira liga é algo que está nos seus objetivos a médio e longo prazo, porque estamos a falar de clubes que têm contratos até 2018 ou 2020?
AL – Essa é uma matéria que me preocupa. Mas os objetivos da Liga são os objetivos que os presidentes dos clubes entendam, nomeadamente no conselho de presidentes onde pretendo dar uma voz que seja também deliberativa. Essa é uma matéria em que os clubes da primeira liga, se estiverem interessados a curto ou médio prazo, em negociar de uma forma mais centralizada pacotes que tenham a ver com os direitos, a Liga estará disponível e empenhada em garantir as melhores condições. Sendo certo, em quaisquer circunstâncias, que esta negociação, a ser centralizada, terá de ser mais valorizada do que aquela que seja individual e só assim faz sentido.
R – Há quem diga que os direitos de televisão já estão centralizados, mas na Olivedesportos e não na Liga?
AL – Por isso estava a dizer que há novos conteúdos e novas possibilidades de abrir outros mercados. Podem ser abertos com a Olivedesportos ou com outros parceiros interessados no nosso produto, que é o futebol.
R – A possibilidade de os direitos internacionais serem negociados em bloco exclusivamente pela Liga é um caminho?
AL – Pode ser um caminho se essa for a vontade dos presidentes e que terei todo o gosto em assumir.
R – Há alguns meses, falou-se no seu nome como possível candidato às eleições para a FPF. Essa possibilidade existiu?
AL – Essa possibilidade foi colocada. Disse na altura o que me parecia ser adequado, que havia perfis porventura com melhores condições para enfrentar o desafio da FPF. Há vários meses que esta matéria era abordada com o atual presidente da FPF e em boa hora o conselho de presidentes entendeu subscrever a sua candidatura à FPF. Essa foi uma decisão tomada em muito boa hora e a FPF está, do meu ponto de vista, muito bem entregue ao dr. Fernando Gomes.
R – O que mudou, entretanto, para aceitar este desafio? A Liga encaixa melhor no seu perfil, tendo em conta a sua experiência pessoal e profissional?
AL – Admito que possa ser. Admito que a Liga possa colher melhor as experiências que eu tenha e que a área de intervenção onde tenho situado o meu percurso profissional possa ser mais útil na Liga do que porventura poderia ser na FPF, sendo certo que não deixarei de exercer o cargo na FPF e terei a possibilidade de colaborar de uma forma mais direta com o dr. Fernando Gomes. Parece-me que as características profissionais serão certamente mais úteis na defesa do futebol profissional e com os desafios que se colocam hoje ao futebol profissional.
R – Este será um mandato de apenas 2 anos. Ficará por aí?
AL – Não sei se ficará, essa é uma decisão que competirá à assembleia geral de clubes. Eu estou empenhado em desenvolver um conjunto de matérias que naturalmente vão além dos 2 anos. Gostaria de poder resolver todos os problemas que estão elencados e são sentidos pelos clubes num prazo de 2 anos, mas penso que isso é utópico. Mas o caminho faz-se andando e há seguramente sempre possibilidade de potenciar aquilo que está em curso. E se não for comigo outros virão para continuar esse trabalho.
R – O futebol tradicionalmente é lento na sua mudança interna. Na sua apresentação falou de um projeto de segunda liga que praticamente duplica o número de jogos. Como é que isso vai ser possível em 6 meses?
AL – São esses 6 meses que temos para trabalhar com as capacidades que estão instaladas na Liga e que me dão total confiança para poder organizar esta nova liga neste curto espaço de tempo. Mas não é só duplicar o número de jogos, é aumentar o interesse e as expectativas em redor desse jogos. Temos que perceber quais são as equipas que vão entrar na competição e as marcas que estão afetas às equipas, Neste contexto estamos seguros que vai haver uma muito maior atratividade e temos de saber agarrar nela e colocá-la no mercado para que ela possa ter valor. Não basta ter jogos, é necessário trazer público.
R – Mas essa liga com as equipas B de FC Porto, Benfica, Sporting, e clubes históricos como Belenenses ou Leixões, para citar apenas alguns, é já atrativa...
AL – É por aí que estamos apostados, em transformar essas equipas e dar uma montra de visibilidade muito grande a jogadores portugueses que tenham condições de fazer o seu percurso na segunda liga mas a um passo de poderem saltar para a primeira liga dentro dos clubes que integram.
R – O candidato Mário Figueiredo defendeu o regresso ao figurino de 18 clubes na primeira liga. Está de acordo?
AL – Essa é uma proposta que não pode ser avaliada em termos de 18, 16 ou outro número. É distribuir aquilo que hoje existe por 16 ou 18, por exemplo. Estamos a esquecer que isso vai dar valor a 2 clubes que sobem. E o que é feito dos outros? A preocupação que temos é de valorizar a segunda liga, de esbater diferenças e não de aumentar diferenças. Não digo que seja adepto de manter 16 ou passar a 18. É uma decisão que tem de ser naturalmente do Conselho de Presidentes.
R – Já disse que o futebol cresceu 6 ou 7 vezes mais que a economia geral do país. Ao mesmo tempo, Liga e FPF admitem acertar as contas de impostos atrasados do chamado Totonegócio. Isto é uma forma de dar para depois poder exigir mais ao Estado a nível de eventuais benefícios fiscais?
AL – É evidente que a questão da carga fiscal está hoje em cima da mesa e as minhas palavras na apresentação da minha candidatura nesta matéria são muito mais palavras de favor em relação à defesa do futebol e numa posição tão frontal quanto possível no tratamento e discussão dessas matérias. A questão do Totonegócio já se estende há uns anos largos, mas parece-me ser muito interessante esse abertura de boa vontade entre a FPF e a Liga para que se possa encontrar uma solução para este problema. O futebol não quer deixar de pagar os seus impostos, o que quer são condições equilibradas e equitativas relativamente a outras áreas do entretenimento que possam ser comparadas com o futebol. Nesta matéria, sentimos que o trabalho não foi feito como poderia ter sido feito e isto por culpa dos agentes do futebol, quando temos um concerto em Portugal da Madonna de 13% e uma Seleção de Sub-20 a jogar em Viseu, que mobiliza o país e taxamos a 23%, há uma discrepância que não conseguimos compreender.
R – Rever a carga fiscal dos clubes é uma das suas apostas?
AL – Não gostaria de avançar muito mais e cito o exemplo do IVA nos bilhetes do futebol quando comparado com outros espetáculos. Não posso aceitar de bom grande que o espetáculo de futebol tenha o mesmo IVA que outros espetáculos de caráter obsceno, da mesma forma que parece uma injustiça a diferença referida entre o futebol e um concerto da Madonna, por exemplo. Ou estão os dois a 23% ou os dois a 13%. Esta é uma matéria importante.
R – Mas acha que os adeptos do futebol, que são cidadãos, conseguem perceber que hja uma carga fiscal diferente para os clubes de futebol quando eles próprios estão a pagar cada vez mais impostos?
AL – Por isso não me referi apenas a baixar a carga fiscal. Ela tem de ser revista num ponto de vista equilibrado. Há outras formas de equilibrar a carga fiscal que cai sobre os clubes. É um dossiê mais vasto e por isso não quero estar a avançar neste momento com outros comentários. É uma matéria em que é preciso um caminho de diálogo e de discussão que possa ser em prol do que é o do que significa o futebol em Portugal.
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