Treinador do Sp. Braga escreve no 'The Coaches Voice' e conta parte da sua história
Carlos Carvalhal escreveu uma carta no 'The Coachs Voice', site que dá voz aos treinadores, que ali contam histórias e algumas das suas experiências. O técnico do Sp. Braga recordou alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira, uma carreira que começou "pelo sótão", como o próprio explica.
"Atualmente, há dois caminhos distintos para nos tornarmos técnicos. Um deles é ter sido um grande jogador e receber a oportunidade de comandar um grande clube. Assim, num ou dois anos já terá a experiência de ter comandado grandes jogadores. O outro é começar pelo sótão. E demora mais tempo. Como no meu caso, pode demorar mais de 15 anos", explicou Carvalhal.
O treinador lembrou a passagem pelo Leixões, entre 2001 e 2003. "Eu já estava na 1.ª Divisão quando o presidente do Leixões me ligou. Os meus amigos disseram-me: 'Estás maluco! Tens a oportunidade de continuar a trabalhar na primeira divisão. Por que motivo queres ir para a terceira?' Foi simples. Fui assistir a um dos jogos deles. Era uma tarde de quarta-feira e havia 8 mil pessoas no estádio. Imediatamente após a partida disse ao presidente: 'Quero ficar aqui'."
O técnico acreditou que podia levar o Leixões ao primeiro escalão. "O primeiro ano foi incrível. Fizemos algo que ninguém tinha conseguido antes em Portugal: levámos uma equipa da 3.ª divisão à final da Taça de Portugal, garantindo uma vaga na Liga Europa."
Mas a segunda temporada em Matosinhos não foi assim tão boa. "Um dia o presidente veio ao treino e assistiu ao nosso trabalho tático. Ele viu como nos preparávamos para um jogo importante no fim de semana. Depois do treino disse-me: 'Preciso de falar contigo. Temos que ganhar este jogo'. 'Sim, eu sei', respondi. (...) 'Mas com estes jogadores não vamos ganhar. É melhor que troques isto e aquilo…' Disse que não o faria. 'Jogaremos com a equipa que eu escolhi e acho que vamos ganhar'.
Carvalhal recorda que ficou no ar a ameaça que se não ganhasse seria despedido. O Leixões venceu, por 2-1. "Depois do jogo, fui falar com o presidente e demiti-me. 'Quer escolher a equipa? Então, o senhor pode ser o treinador. Vou-me embora'. Foi um momento triste. Era um clube que eu gostava muito. Ainda gosto. Porém, um técnico precisa ter 100% de autonomia. Eu sou 100% responsável tanto pelas vitórias como pelas derrotas."
O treinador explica depois que uma das tarefas que tem em mãos é a motivação dos jogadores. Conta que na primeira vez que esteve no V. Setúbal os jogadores não recebiam há três ou quatro meses. Houve um incidente disciplinar com um futebolista e Carvalhal ameaçou-o com o despedimento. Imediatamente recebeu a visita do capitão, a interceder pelo compenheiro, mas o técnico mostrou-se irredutível. Até que cedeu e disse: "Está bem, façamos um acordo: se ganharmos o jogo no domingo, ele não será despedido".
"Os jogadores uniram-se para ganhar o jogo e salvaram o emprego do colega. Para usar este tipo de estratégia é preciso conhecer bem os jogadores. Conhecer a personalidade deles. Só aí se poderá tirar o máximo das suas capacidades", explica o treinador.
Mas o Besiktas foi o seu maior desafio. "Por que foi tão difícil? Imagina isto: assumes um clube num momento crítico porque o técnico que irás substituir foi preso e deste a tua palavra de que devolverás o cargo assim que ele sair da prisão. Foi deste modo que comecei no Besiktas. Estava a trabalhar com a equipa técnica que pertencia ao antigo treinador, num país em que ninguém me conhecia e sem dominar a língua. Mas, três meses depois da minha chegada, os adeptos gritavam o meu nome."
O treinador saiu da prisão e Carvalhal ficou. "Eles sabiam que os adeptos não iam aceitar a minha demissão. Sobretudo porque íamos jogar com o Sp. Braga na fase seguinte da Liga Europa, o clube de minha cidade, que eu conhecia tão bem. Fiquei porque íamos com o Sp. Braga. A solução encontrada foi colocar o antigo treinador como diretor desportivo. Fiquei a trabalhar com um diretor desportivo que queria ser o técnico, os meus adjuntos eram dele e eu continuava sem dominar a língua, portanto sem entender muitas vezes o que eles estavam a dizer."
Carvalhal, que mais uma vez se recusou a colocar em campo os jogadores que não eram escolhidos por si, acabou por deixar a Turquia e teve a oportunidade de treinar em Inglaterra. "Quando aceitei a proposta do Sheffield Wednesday, senti-me como se estivesse no paraíso. Antes da minha primeira conferência de imprensa, as pessoas diziam: 'Carlos, prepara-te'. Mas eu pensei: 'estive na Turquia com 30 câmaras e 50 jornalistas a metralhar perguntas bem espinhosas. E sobrevivi'.
E a concluir, Carlos Carvalhal deixa uma certeza: "O meu caminho foi longo. Vivi muitos momentos de vitórias e derrotas. Estou orgulhoso por ter subido na carreira ao ultrapassar muitos desafios pelo caminho. O que me deu uma experiência enorme. E deixou-me pronto para qualquer coisa."
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