Rui Vitória: «Estou convencido que vai acontecer aquilo que todos esperam, o Sporting a ser campeão»

Treinador de 54 anos bicampeão pelo Benfica viu os leões "a manter uma qualidade sempre muito forte e uma consistência muito boa"

• Foto: Ricardo Ponte

Rui Vitória, treinador bicampeão pelo Benfica em 2015/16 e 2016/17, fez a análise ao campeonato que entra agora na reta final, à margem da conferência subordinada ao tema "A Importância da Academia na Formação e Sucesso dos Treinadores de Futebol em Portugal" realizada esta segunda-feira, na Universidade Lusófona, em Lisboa.

"Vejo um campeonato interessante, não com a luta que se calhar gostaríamos agora nesta fase final, em que mais equipas poderiam estar a disputar o título até ao final, mas vejo um campeonato interessante, com a cauda da tabela a ser também uma luta até ao final. Mas estou convencido de que vai acontecer aquilo que toda a gente está à espera, que é o Sporting a ser campeão, até pela vantagem que tem, pelos jogos que tem e até pelo jogo de ontem [domingo, vitória por 3-0 sobre o V. Guimarães], que era um jogo também importante ser ganho. O Sporting manteve uma qualidade sempre muito forte e uma consistência muito boa", considerou o técnico de 54 anos.

Tendo deixado Portugal em 2018, quando rumou à Arábia Saudita para treinar o Nassr - viria a rumar ainda à Rússia, para comandar o Spartak Moscovo, e ao Egito, para assumir a seleção nacional -, Rui Vitória olha para o futuro... no estrangeiro. "Do ponto de vista estatístico, não é fácil um treinador, quando sai, voltar rapidamente. Toda a gente que tem saído, tem-se mantido, e depois não volta facilmente ao campeonato português. É uma realidade estar agora a treinar no estrangeiro e estou convencido de que pode voltar a acontecer isso com muita possibilidade. Tem havido conversações, mas, nesta altura, tem a ver fundamentalmente com sentir que quero ir com o que me oferecem. Tem de haver uma combinação entre o que oiço e o que quero no momento", sustentou.

Até porque, assegura, as experiências fora de portas têm sido "muito enriquecedoras" e forçado a "adaptabilidade constante". "Não é fácil gerir um grupo inteiro no Ramadão, com restrições muito bem definidas em termos de alimentação e hidratação, com influência no rendimento dos jogadores. Ou, na Rússia, com 15 graus negativos, preparar os treinos. Fazíamos o aquecimento no ginásio, no quentinho e explicávamos o íamos fazer a seguir. Depois íamos para o relvado, a nevar, a treinar as movimentações pretendidas, enquanto ao lado limpavam a neve de outro relvado para trocarmos rapidamente e voltarmos para o quente", lembrou.

Já ao nível da gestão e preparação de um treinador, Rui Vitória focou a multiplicidade de papéis que cabem hoje em dia a um técnico. "Atualmente, o treinador tem de tomar decisões com um impacto tremendo na parte financeira de uma instituição e tem de dominar uma série de áreas, daí a importância de ter uma equipa técnica de qualidade. Temos de liderar jogadores, a equipa técnica, departamento médico, a comunicação, logística, etc., e ainda a administração, o que, por vezes, é o mais complicado. Tocar nestes aspetos todos não é fácil. Tem de se ter essa arte de gestão e rodearmo-nos bem. Hoje em dia, um treibnador de uma equipa grande faz 55 jogos por época, fala na véspera, na flash e após o jogo, são 165 intervenções, tem de estar preparado, senão vai dizer o mesmo e já ninguém o quer ouvir."

O conhecimento do grupo é um fator apontado como fundamental como gestor de homens e de egos. "Um jogador hoje é uma empresa. Chega com os próprios assessores, direitos de imagem, etc.", apontou, assumindo a importância de ter "um relatório exaustivo" com todos os aspetos pessoais de cada atleta do clube. "Perceber as características de um jogador é determinante. Eu peço logo um relatório exaustivo de cada jogador. Se é muito novo e já tem um carro topo de gama, se tem 23 anos e já tem dois filhos, quem já se divorciou uma série de vezes... Eu gosto de saber todas essas informações para perceber que tipo de pessoa eu tenho à frente. Nós não devemos tratar todos por igual, devemos é ter as mesmas decisões para todo o grupo. Não há nenhum problema em tratar jogadores de maneira diferente. Não falo da mesma forma com um jogador de 34 anos ou de 19", vincou o treinador de 54 anos.

Por Mário Duarte
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