Pouco depois de ser conhecido o adiamento do Famalicão-Belenenses SAD, devido a um surto de Covid-19 nos famalicenses, Rui Pedro Soares criticou as discrepâncias relativas aos períodos de quarentena, lembrando que os azuis tiveram os casos negativos isolados durante 14 dias, enquanto que os planteis principal e sub-23 do Famalicão apenas ficarão em isolamento durante cinco dias.
"O Belenenses SAD teve um surto a 27 de novembro e a delegada de saúde de Oeiras colocou em isolamento todos os casos negativos durante 14 dias. Fomos surpreendidos pela decisão do delegado de saúde de Vila Nova de Famalicão, que decidiu que os casos negativos do Famalicão vão ficar isolados apenas cinco dias. Os casos negativos do Belenenses SAD fizeram testes ao 6º e 10º dias e tivemos positivos nesses dois dias. Em que é que o delegado de saúde de Famalicão se baseou para decretar apenas cinco dias de isolamento? Qual é a defesa que uma decisão destas comporta? Decide isolamento de cinco dias a todas as pessoas em Famalicão? Que critérios tem? Por que motivo é que em Famalicão foram cinco dias? Quem estava correta, no nosso entendimento, era a delegada de saúde de Oeiras e os testes deram razão. Queremos uma explicação pública de quem tiver de dar. Não é claro para ninguém. Isto ultrapassa o futebol. O que é que a Liga Portugal tem a dizer? Como é que na mesma competição há duas decisões tão diferentes? A Liga Portugal vai dizer alguma coisa sobre isto? Nós estivemos 14 dias em casa e jogámos no dia seguinte. Já fomos prejudicados em dois jogos por causa destas diferenças de tratamento. Na última AG ficámos a perceber que nesta competição ia haver regulamentos diferentes para duas situações. E nessa AG aprovou-se que depois de uma equipa sair de isolamento só pode jogar cinco dias depois. Este campeonato é desigual. Os casos são decididos por figuras que não sabemos quem são. Neste caso sabemos que foi o senhor Eduardo José Gouveia. Decidiu nos últimos dias sobre vários casos e qual foi a prática dele? Queremos saber se tinha decidido aplicar estes cinco dias noutros casos em Famalicão. No caso do jogo com o Benfica, os resultados dos testes PCR chegaram às 17 horas e a delegada tomou a decisão por volta das 19h15. Quanto é que o delegado de saúde de Famalicão recebeu os resultados? Foi hoje de manhã?", afirmou Rui Pedro Soares numa conferência por Zoom.
O líder da SAD do Belenenses deixou ainda críticas e apelos à Liga: "A Liga Portugal tem de pronunciar-se publicamente sobre tudo o que está a passar-se. Temos surtos, o que já era previsível, o número de jogos adiados vai acumular-se e queremos saber se vamos manter o calendário como ele existe até ao fim. Parece evidente que o campeonato corre o risco de não chegar ao fim na data prevista. Começa a ficar muito óbvio que não vai chegar ao fim. Vai haver bastantes jogos adiados. Qual é o plano de contingência? Vamos acordar em março ou abril e fazer uma AG à pressa? Os casos de Covid-19 em janeiro vão causar muitos problemas. Fica aqui uma grave suspeita sobre a decisão do delegado de saúde de Famalicão e vamos apurar responsabilidades, até pela via judicial."
"Recebemos um seco comunicado da Liga a dizer que tinha recebido a informação do delegado e que o jogo tinha de ser adiado. A surpresa foi a questão do 2 de janeiro, que não faz sentido. Isolamento até esse dia não faz sentido. O que leva um delegado de saúde a decidir os cinco dias? Eu e todo o país temos de perceber porque há um delegado de saúde que decide aplicar apenas cinco dias de isolamento. É uma desigualdade gritante entre duas equipas que disputam a mesma competição. Temos de perceber se os cinco dias cumprem a lei. Sou contra a suspensão do campeonato. Mas não podemos enterrar a cabeça na areia. A Liga tem de reunir os clubes e fazer uma recalendarização do campeonato", acrescentou.
A fechar, mais críticas à entidade responsável pelo futebol profissional, nomeadamente por falta de apoios financeiros na sequência das quebras de receitas provocadas pela pandemia: "A Liga investe muito em marketing e no merchandising e todos sabemos que o futebol é uma atividade muito atingida pela pandemia. Posso dar um exemplo: a nossa receita do jogo com o Benfica, este ano, foi quatro vezes inferior à receita de há dois anos. Foi perto de 52 mil euros mas tivemos de tirar 23 por cento do IVA, uns 11 mil euros, mais a segurança privada, que foram uns 5 mil. O jogo com foi positivo em 6/7 mil euros. Já os custos para este jogo em Vila Nova de Famalicão teremos de ser nós a arcar com ele. Também por isso queremos saber quando é que o delegado recebeu a informação para tomar a decisão. Ajuda da Liga? Estamos nesta situação da Covid-19 há dois anos e até hoje o apoio foi zero. Por que motivo iriam ajudar-nos agora?"
Por Pedro Ponte