Ana Gomes criticou duramente o facto de António Costa integrar a comissão de honra de Luís Filipe Vieira à presidência do Benfica. A antiga eurodeputada, que já oficializou a sua candidatura à presidência da república, questionou o percurso de Vieira e lembrou os processos judiciais em que o líder dos encarnados está envolvido.
"Fico penalizada por ver o primeiro ministro do meu país, que é também secretário geral do meu partido, metido nesta história, não só porque viola o código de conduta que o governo aprovou, mas é mais sério quando se trata do secretário geral do PS e do primeiro-ministro. Não é o clube que está em causa, de maneira nenhuma, eu própria fiz patinagem no Benfica quando era miúda e percebi a importância educativa que os clubes têm para os jovens", começou por constatar Ana Gomes, na SIC Notícias.
"O primeiro-ministro escolheu entrar na comissão de honra de um indivíduo em particular, que tem todo um percurso altamente questionável. Foi condenado em 1993 pelo roubo de um camião, é arguido na operação Lex por corrupção de um juiz, está envolvido nas operações na Mala Ciao, E-Toupeira, etc... E tem um historial de dívidas à banca estranhamente perdoadas. Ao BES parece que as empresas dele deviam cerca de 600 milhões de euros que foram entretanto perdoados em cerca de 200 milhões de forma opaca e não explicada. É um dos grandes devedores que o Novo Banco não explica. Há concessões das empresas dele, do filho, que são bastante questionáveis", prosseguiu.
Depois, lembrou a atuação de António Costa num caso parecido. "Penso que foi ele [António Costa] que fez sair do governo João Soares, dizendo que mesmo à mesa de café um governante é um governante. É o mesmo primeiro ministro que recentemente veio pedir reserva aos ministros deste governo sobre o seu comprometimento no que diz respeito às eleições para a presidência da república. Não acredito que o primeiro ministro ache que as eleições para a presidência do Benfica sejam mais importantes do que as eleições para a presidência da república."
Questionada sobre se António Costa devia retirar o seu nome da comissão de honra de Vieira, Ana Gomes não teve dúvidas: "É o mínimo."