Jorge Jesus: «Foi o Benfica que me abriu as portas para o mundo, não tenho dúvida nenhuma»

Jorge Jesus: «Foi o Benfica que me abriu as portas para o mundo, não tenho dúvida nenhuma»

Jorge Jesus esteve esta quinta-feira no segundo dia do Portugal Football Summit, onde recordou todo o seu trajeto enquanto treinador numa conversa moderada por Pedro Pinto. Em declarações no Puma Stage, o técnico amadorense do Al Nassr lembrou o primeiro desafio no Amora, sublinhou a importância que a primeira passagem pelo Benfica teve na carreira e falou sobre o mais recente desafio que abraçou na Arábia Saudita, onde treina os compatriotas Cristiano Ronaldo e João Félix com o intuito de conquistar o título de campeão saudita. 

Lembra-se da primeira experiência como treinador?

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"Sim, perfeitamente. Lembramos sempre o começo como jogador e treinador. Como treinador, começo numa história interessante. Era jogador, na 3.ª divisão, era o meu último ano como jogador. Estava a jogar contra o Amora e quando acabou, o presidente do Amora, Mário Rui, que já faleceu, chamou-me e convidou-me se queria ser treinador do Amora. Eu disse 'treinador? estive a jogar, não sou treinador'. E ele disse 'mas eu vi e tu é que eras o treinador'. Deu-me dois ou três dias, eu liguei e aceitei, tinha 35, 36 anos".

Quais foram as primeiras adaptações?

"Já me preparava, sabia que queria ser treinador, só não sabia onde ia começar. Comecei por baixo, pela 3.ª divisão. Entendia que ao longo da carreira de jogador vamos tendo muitos treinadores, aprendendo com uns e outros. Para a forma como olhava para o futebol, não tinha nada a ver com aquilo que eu treinava. Tentei começar a adaptar e a criar. Estou farto de dizer isso, um treinador é um criador, das suas ideias, do processo e das várias componentes do jogo. Comecei a criar as minhas ideias, treinos dentro delas e foi pouco e pouco. Com os anos vamos crescendo e tendo conhecimento. Nos primeiros 5 anos cometemos muitos erros e ainda estamos à procura de uma identidade".

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Qual o momento que foi crucial para este sucesso?

"Quando entrei no Benfica. Em 2009/10, o primeiro de 6 anos consecutivos no Benfica [na primeira passagem]. Nesse primeiro ano o Benfica foi logo campeão. O Benfica não jogava, voava. Tinha uma equipa super e começaram a abrir portas para o estrangeiro. Nessa altura nunca me passou pela cabeça que ia sair de Portugal e agora já passei por outros países. Foi o Benfica que me abriu as portas para o mundo, nao tenho dúvida nenhuma."

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Mudou alguma coisa?

"Muito. Sou completamente diferente de há 5 anos. Fisicamente, psicologicamente.. hoje sou mais condescendente com o que acontece nos treinos. No início e no meio da carreira não aceitava. Qualquer um, com os anos, é melhor treinador. Não é só a tática, técnica e o físico, o treinador é hoje muito mais para além disso isso."

Obriga-se a ser um pai para os jogadores?

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"Não, um pai não. Os meus jogadores sabem. Agora fui para o Al Nassr, o desafio mais difícil da minha carreira de treinador. Eu disse-lhes 'não sou vosso pai, sou vosso treinador'. Eu não sou amigo dos meus filhos, sou pai dos meus filhos. Ah pois é..."

Al Nassr. Como descreve o desafio?

"É o mais difícil da minha carreira. Quem me convidou foi o diretor geral e CEO, o José Semedo e o Cris [Ronaldo]. Porquê? Desde que o Cris está lá, o Al Nassr não ganhou título nenhum. Há 7 ou 8 anos que não é campeão. Nas 4 melhores equipas, as outras 3 estão à frente em termos de qualidade e até de jogadores. No ano passado o Al Nassr ficou a 18 pontos do primeiro, quando fui campeão ficou a 16. Aceitei este convite para ser campeão. Não fui para não ganhar títulos. Prioridade é saber se posso ser campeão e ganhar títulos, não se posso ganhar jogos. Equipas que não ganham nada, isso não é para mim", disse.

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Por André Antunes Pereira
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